Capítulo 2 - Amor à primeira vista só em filme

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Estavam todos parados esperando qualquer reação para tirar aquela sensação esquisita do ar. Estava passando um filme na cabeça de Juliana: todos os momentos bons, mas principalmente os momentos ruins.

O sinal podia ter tocado ou até mesmo um avião poderia ter caído, mas parecia que Juliana e Lucas ficariam ali parados até um dos dois cederem o olhar constrangedor.

— Vocês não escutaram a palavra pai? — Disse Juliana quebrando o silêncio que parecia ter sido uma eternidade.

— Ela é minha irmã por parte de pai. Achei que ela estava com a mãe dela, na Bahia.

— Estava. Mas, agora tô morando com o pai.

Esse foi o papo mais longo que eles tiveram depois de tantos anos sem falar. Juliana não sabia mais o que podia falar e agradeceu internamente quando o sinal que avisava o início do próximo horário tocou. No mesmo instante, ela saiu de perto dos garotos sem se despedir e decidida a encarar a nova turma, nada poderia ser pior do que estudar na mesma escola do que seu meio-irmão. A boa notícia é que foi bem mais fácil do que ela imaginava. Assim que ela entrou na sala de aula, um grupo de meninas veio falar com ela e em segundos já estava participando de algum assunto irrelevante. No intervalo, assim que encontrou Bruna e Letícia, ela contou tudo o que aconteceu naquele primeiro dia de aula atípico.

— Mateus? Você tem noção quem é ele? — Indagou Bruna.

— Tenho. Ele é o amigo idiota do meu meio-irmão.

— Idiota? Ju, ele é um dos garotos mais populares da escola! A repetente da nossa sala disse que ele é o garoto mais cobiçado de todas as turmas.

— Sério? Ele é o garoto mais popular da escola? Deve ser porque todas as meninas fogem das investidas ridículas dele.

— Bom... Ele é um ótimo pretendente a ser nosso primeiro Eme.

— Nem morta! Tá maluca? Ele é um grosso! Esqueceu como ele falou comigo?

— Bruna, acorda! Ele não pode ser um Eme, ele quase disse — Letícia monta uma pose e engrossando a voz continua a falar— "E aí potranca ta a fim de entrar no meu cafofo?"

Bruna e Juliana riram tão alto que Letícia se sentiu confortável para interpretar várias maneiras grotescas das futuras cantadas de Mateus.

Enquanto isso, do outro lado do pátio da escola, Mateus ficava se queixando da pose desaforada da morena. Afinal, nenhuma garota o ignorava daquele jeito. Ele usou suas melhores cantadas e o reencontro com o irmão roubou toda a cena da sua primeira investida em uma novata da escola.

— Relaxa, Senhor Pegador! Olha só quem o Lucas tá trazendo pra você.

Era Camily: loira, alta e olhos castanhos. O tipo de garota que arrastava qualquer marmanjo para os seus pés. Sem contar que ela tinha um corpo que adorava exibir em qualquer oportunidade, principalmente no primeiro dia de aula: blusa curta o suficiente para mostrar o piercing no umbigo e calça legue.

— Oi, meninos. — Ela disse acenando com a mão assim que chegou ao encontro de Mateus e Felipe.

— E aí, Camily. — Respondeu Mateus puxando a garota pela cintura e dando um beijo no pescoço dela.

Em seguida, ele pegou na mão da garota, se despediu dos amigos e foi conversando com sua peguete fixa para fingir que se importava com a vida dela fora da escola. Depois ele a conduziu até as quadras de esportes, subiu o corredor em direção à piscina e entrou no seu lugar preferido: a sala de material de limpeza. Mateus sabia que Camily era apaixonada por ele e que faria tudo o que ele pedisse. Por isso, assim que entraram na sala, ele a encostou em uma das paredes e acelerou o ritmo do beijo. Ela deixou as mãos do rapaz percorrer todo o seu corpo, contornando cada curva e acariciando os lugares mais desejados. Suas mãos tocavam os seios da garota enquanto a boca beijava todo o seu pescoço, ela sorria desejando mais e ele desceu a mão até o umbigo. Ele já conhecia muito bem aquele caminho, mas nunca na sua salinha. Essa era a hora de aliviar o estresse e praticar o que ele mais gostava de fazer.

"Putz! A Camily é muito gostosa. E o melhor é que tenho ela quando eu quiser. Juliana. Cala boca pensamento inútil, só porque a garota te ignorou não significa que você tem que pensar nela... Se bem que... Ela seria a garota ideal para perpetuar o meu título de conquistador..."

— Mateus?

Era Camily. Ele nem percebeu que estava parado de joelhos de frente para a barriga da garota e sem fazer nada. Ele tinha se perdido nos próprios pensamentos. Para sair da situação esquisita e não ficar mal falado pela escola, ele sorriu, beijou a barriga de Camily e se levantou.

— Oi, princesa!

Ele já ia beijando-a quando ela levantou a mão e o impediu.

— Acabou o clima. Vamos embora!

— Como assim? Ainda temos tempo...

— Eu não tenho.

E saiu. Como assim? Agora até a Camily estava ignorando ele? Isso não podia ficar assim! Se as outras meninas ficarem sabendo, ele nunca mais beijaria ninguém naquela escola. Ou pior: ia ficar na seca o ano todo! Por isso, ele saiu decidido a perpetuar seu título de pegador, mas antes de fazer qualquer coisa deu de cara com Felipe e Lucas avaliando as novatas. Os dois pararam imediatamente quando viram o amigo, afinal estava na cara que não tinha rolado nada com a Camily. Mas ao invés de perguntarem como o amigo estava, eles apenas fizeram piadinhas sobre o momento broxa de Mateus. Eles estavam soltando uma piada atrás da outra quando Felipe deu um passo pra trás e, sem perceber, empurrou uma garota que no mesmo instante soltou um palavrão. Os dois viraram os rostos ao mesmo tempo: ele para pedir desculpas e ela para ver quem foi o idiota que a empurrou. No entanto, no momento em que seus olhos se encontraram, a garota não conseguiu falar nada: seu mundo parou por um instante.

— Tinha que ser né! — Disse Mateus olhando para a Juliana.

— Seu amiguinho que quase arrancou o braço da Letícia, eu não tive nada a ver com isso.

— Olha isso, Lucas, sua... — diz olhando para os lados, mas não vê o amigo — Ah isso, é hora do Lucas tentar pegar uma guria?

— Pegar? E assim que vocês falam das garotas?

Enquanto isso, Letícia estava no seu mundinho paralelo. Ela não conseguia entender o que estava sentindo, apenas olhava para Felipe. O seu rosto perfeito parecia que cada detalhe foi desenhado pra ela: os cílios grandes e a boca pequena. Mas ela precisava sair daquele transe, não podia se apaixonar à primeira vista de novo. Isso nunca deu certo! Na maioria das vezes só ela sentia a atração no primeiro olhar.

— Tá desculpado, viu! — Disse Letícia puxando as amigas, antes que Juliana falasse mais alguma.

Entre brigas e suspiros - Paixões e Desavenças no Tempo do ORKUT E MSNOnde histórias criam vida. Descubra agora