Entre brigas e suspiros - Paixões e Desavenças no Tempo do ORKUT E MSN

Capítulo 7 - Não julgue o livro pela capa

Sexta-feira da primeira semana de aula e logo depois seria a semana do Carnaval, combinação perfeita não acha? Mateus, Felipe e Lucas com certeza acharam essa combinação excelente, nada importava pra eles, afinal Felipe estava terminando o Ensino Médio e eles tinham que aproveitar cada segundo antes dele se tornar um universitário. Começaram o feriadão na sexta mesmo, foram jogar sinuca num barzinho próximo da casa de Felipe.

— Caldas Novas está de pé né suas, bichinhas? Perguntou Mateus no meio da partida.

— Claro né. Passar a semana de carnaval em Brasília que não dá.

— Sem contar que lá a gente não corre o risco de esbarrar com ninguém da escola.

— Vocês que pensa, é mais fácil a gente encontrar alguém da escola em Caldas do que em Brasília. — disse Felipe entrando no assunto — Mas, eu só to a fim de curtir. Não quero ficar com ninguém não.

— Fala sério, Felipe. Não vai me dizer que é por causa da Emily?

— E se for? Qual é o problema?

— Todos! Afinal ela nem é sua namorada.

— Sem contar que ela vai pra Porto Seguro. E você acha que no meio de Claudinha, Ivete, Asa e Chiclete ela vai ficar sem beijar na boca? Nem se ela fosse virgem!

— Menos Mateus. — Felipe respirou fundo — Mas se rolar com uma garota legal...

— Se rolar? Vai rolar, mano!

Enquanto isso, Letícia e Bruna chegavam à casa de Juliana prontas para passarem o final de semana com a amiga antes dela viajar. As duas iriam ficar em Brasília, mas Juliana foi obrigada a ir acampar com seu pai e alguns familiares.

— Confusão. É isso que vai rolar. Disse Juliana quando escutou Bruna fazendo planos com o seu meio-irmão.

— Por quê? A gente já deu uma lição naquelas loiras, acabou o reinado delas.

— Você vai entrar nesse joguinho mesmo? Não existe reinado!

— Okay. Mas isso não diminui o fato de que eu gosto do Lucas.

— Gostar?

— Você nem conhece ele direito. Na verdade, nem eu conheço. Como você pode estar gostando dele?

— Gostando ué. Paixão acontece assim: a gente não escolhe a pessoa nem quando vai acontecer. Simplesmente acontece. Mas, vocês não sabem né. Nunca se apaixonaram. Disse ela irônica.

Fiquei chocada! Mas eu podia fazer o quê? Bem, fiquei com o carinha dela, é claro! Mas não curti nem um pouco isso! E pra piorar, ela ainda ficou se gabando por ficar com dois garotos no mesmo dia!

Ai, Di! Às vezes acho que faço tudo errado!

***

O primeiro bimestre do ano letivo passou voando. Provas, trabalhos, ignorar Ludmila, fugir da Millys e aguentar a Bruna falando mil vezes sobre o Lucas fizeram parte dessa rotina.

O segundo bimestre já se iniciava e a primeira surpresa foi dita pela professora de Sociologia na sala da Bruna e da Letícia:

— Bom dia, queridos! Hoje iniciamos o projeto do segundo semestre "Não julgue o livro pela capa". Como vocês já sabem, a partir de agora cada ano teremos um projeto que vale ponto para todas as matérias. E esse é o primeiro e o mais simples, pois será feito em apenas um dia. A finalidade desse projeto é mostrar como as outras pessoas veem um colega da escola e também mostrar se ele é tudo isso que dizem sobre ele. A escola toda participa desse projeto, e provavelmente vocês farão par com alguém de outra turma! Então nada de fazerem duplinhas agora!

Logo depois do anúncio do projeto a professora encaminhou toda a turma para o auditório, e após todas as turmas se acomodarem a diretora continuou as explicações do palco:

— Bom dia, alunos! É com muita alegria que fazemos a primeira edição do projeto "Não julgue o livro pela capa". Colado no braço das carteiras de vocês existem dois tipos de combinação, esses serão os pares formados. Por exemplo, a pessoa da carteira 1A fará par com a pessoa da carteira 1B. Entenderam? Bom, não poderá haver trocas e nem tentem me enganar, os professores estão observando vocês. Agora vamos à formação dos pares: todos os que terminam em A podem levantar e procurar seus pares em B.

Letícia olhou para sua carteira, pegou o material e foi à procura do 32B. Enquanto passava por várias carteiras seu subconsciente torcia para que fosse o Felipe, ela por sua vez gritava para o subconsciente ficar quieto, afinal esse tipo de coincidência não acontecia com ela. Apesar de tentar ignorar seus sentimentos, ela sempre se pegava olhando e admirando Felipe pelos corredores da escola. Finalmente ela chegou à fileira do 30B e após olhar para trás para ver se viu o número direito, virou subitamente para frente e bateu a cabeça nas costas de um garoto:

— Você gosta de se esbarrar comigo hein garoto!

— Os opostos se atraem, fazer o quê.

— Engraçadinho — disse empurrando-o e ignorando o subconsciente dizendo que aquilo foi uma cantada — Agora sai da minha frente que tenho que achar o 32B.

— Sério! — ele sorriu e esticou a mão direita — Prazer, 32B.

— Quê? Ta de brincadeira né?

— Tô falando sério. — ele apontou para sua carteira — Só levantei pra dar um grito no Lucas.

Enquanto isso, do outro lado do auditório, Juliana caminhava entre as carteiras e já estava se estressando com a confusão de pessoas se movimentando que decidiu usar a lógica de ir à sexta fileira do outro lado. Ao encontrar seu par, 64B, que estava conversando com a garota da fileira de trás, tocou no ombro dele e sentiu o coração acelerar imediatamente.

— Não acredito! Justo você. Com tanta gente na escola e eu tenho que fazer par com você?

— 64A, certo?

— Não. Só estou aqui porque estava com saudades.

— Eu sei, todas sentem.

— Idiota!

Bruna estava sentada há um bom tempo na carteira ao lado do 2B. Cansada, encostou a cabeça nos braços e se apoiou na carteira. No entanto, antes que pudesse dar o primeiro suspiro, sentiu alguém tocando em seus cabelos.

— 2A?

— Luc-cas?

— Sou o 2B, mas meus amigos me chamam de Lucas. Peraí... Você é a garota dos patins!

— Só que sem grana no rosto.

— E sem o pé enfaixado.

— Esse é o meu normal: sem grama ou faixa no pé.