| PRIMEIRO LIVRO DA SÉRIE "A linha entre o amor e o caos". +18, HAVERÁ conteúdo adulto. |
Devido a tantos traumas, Hel não podia e não sentia vontade de amar novamente. Desde tão nova sofrendo, a perda de sua família, de seu bando, tudo contribuindo...
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Nenhum dos dois tocou no assunto da noite passada e apenas seguiram o dia normalmente, como sempre faziam e, às vezes, a mais velha se perguntava por qual motivo tinha ficado tão... Decepcionada. Era esta a palavra certa a se dizer? Afinal, logo quando ela chegou, já tinha beijado o ruivo, já sabia como eram os lábios avermelhados e também sabia o gosto que eles continham. E era tão bom. Ela queria saber, queria sentir novamente e essa vontade com o passar do dia foi aumentando.
A mulher não sabia descrever, mas, as vezes, sabia que aquilo não era normal. Esse sentimento, esse desejo, não era comum. Pelo menos não para si, já que da última vez que isso aconteceu, não terminou muito bem. Não terminou nada bem.
Suas cicatrizes ainda doíam quando as memórias voltavam.
Estavam passando por uma ilha de inverno, ou seja, o ar em volta estava frio, o que fez com que Hel pusesse um casaco branco, por cima do vestido de alças azul. A fenda subindo até praticamente o quadril, enquanto os pés descalços tocavam na madeira polida do navio. As cãs brancas voando conforme o vento soprava frio e cortante no rosto pálido dela.
As emoções em um turbilhão confuso, enquanto a vontade de matar lhe incomodava ao poucos. Odiava a sensação selvagem que lhe envolvia, a vontade sádica de matar. Sabia que o demônio que habitava em si se remexia a cada vez que Kid ou qualquer outra pessoa que chegava perto, entendia que era um instinto de proteção, mas, mesmo assim, lhe deixava desconfortável ao nível de deixá-la afastada dos outros para evitar que acontecesse novamente.
Pendurada em um dos mastros, admirava o nascer do sol. Tinha passado a noite inteira pensando e repensando no que tinha acontecido com Kid. E, por pouco, não veio aquilo que ela mais temia. Sabia que se sentisse o mesmo que sentiu por ele, as condições seriam diferentes. Mesmo que o que faziam fosse... Desumano. Porém, quando se lembrava do sangue escorrendo a cada ferida aberta que deixavam um no outro por puro prazer, arrepios sombrios lhe corriam pela espinha. Tinha completa noção do quanto era... Indescritível, cruel, horrendo. Não tinha nem palavras pra descrever.
Judas não era uma pessoa comum, era um psicopata sádico que amava a cor vermelha do sangue. Foi um mistério a forma que acabaram juntos, contudo, não se arrependia. Cada gota, cada grito de desespero que agonia que a voz grossa emitia, era como música para seus ouvidos aguçados.
A visão sanguinolenta lhe era aprazível.
Balançou a cabeça violentamente, afastando as lembranças inoportunas. Sempre teve total noção do quanto era doentio e o quanto era simplesmente absurdo. Não era e nunca seria algo que se orgulharia, porém, era inevitável não pensar naquilo, em seus atos.
Com toda certeza, iria para o inferno. Tinha seu lugar especial lá.