Prólogo

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Londres,1 de maio de 1876

Eu podia vê-la de longe.Ela estava sob a chuva e mesmo na escuridão daquela noite,seus olhos brilhavam chamando-me para perto dela.Pórem,ela gritava exatamente o contrário.Entre gritos e súplicas,as lágrimas brotavam do azul dos olhos da garota que eu havia beijado instantes atrás.Meu corpo já não respondia,tudo que existia para mim era uma densa massa de ar que pairava no vazio me separando dela,e era isso o que eu mais odiava.Sinto minhas pernas amolecerem e vejo todas as minhas esperanças de fazê-la voltar esvaindo-se das minhas mãos. Nada mais faz sentido naquele momento e minha única certeza é de que preciso impedi-la.Mas como se salva alguem de si mesma?
Aquela garota que eu amei desde o primeiro momento,de quem eu enxuguei as lagrimas inúmeras vezes mesmo sem saber por qual motivo elas escorriam tão frequentemente.A garota que me deu algo pelo que lutar.Que virou meu mundo e me mostrou outra forma de enxergar as coisas...mesmo sendo tão distante.Tão...ELA.
Um momento se passa e só o que vejo é um enorme clarão que abala meu corpo fazendo com que pareça que todo o meu ser está sendo reduzido a nada.Tenho a certeza de que isso está acontecendo quando olho em volta e só o que encontro é a destruição que me faz refletir se o que está mais destruído naquele momento é aquele ginásio ou o meu coração.Ela se foi.Nada restou.E agora é isso que eu sou.Um grande e solitário poço de NADA.

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