Capítulo 1

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Em algum lugar do Canadá, 23 de janeiro de 2006

Estamos todos dentro da van da família.A viagem de férias foi algo que podemos chamar de "me-lembre-de não-ir-àquele-lugar-de-novo"
Convenhamos...passar as férias numa fazenda sem internet,televisão,sinal de celular ou qualquer outra coisa vital do gênero não é bem o sonho de qualquer adolescente.
Eu olho pela janela com os fones no ouvido que abafam os gritos enlouquecidos do meu irmão mais novo.A paisagem que vejo me faz sorrir...Aos poucos começam a surgir casas e prédios.De volta à civilização!

Minha mãe toca meu braço gentilmente.

-Gabriel, estou falando com você.

-Desculpa mãe,não ouvi.

Minha mãe é uma senhora muito simpática,às vezes até demais.Chega a ser meio constrangedor.Ela gosta de ser o que considera "moderna", e não é muito fácil ficar no ambiente quando ela está "batendo-papo" com os meus amigos.

-Você vai acabar ficando surdo com essa música alta.

-Mãe...

-Não,calma,não vou brigar com você,sou uma mãe "maneira" esqueceu?

-Ahm..é?

-Claro,seu amigo Nike que falou.

-Mãe,é Mike!

-Tanto faz,algum desses dois aí falou que eu sou "maneira" ,então eu sou.Te chamei pra avisar que quando chegarmos em casa quero que você desfaça as malas imediatamente.Eu lembro que no ano passado você ficou uma semana com a bagagem em cima da cama com preguiça de arrumar tudo.Você pensa que eu sou o quê? Minha casa está semp...

E assim ela continuou com o discurso que todas as mães fazem quando querem que seus filhos organizem algo.É...algumas coisas não mudam nem com a "modernidade".Minha mãe que o diga.

Chegamos e eu achei melhor cumprir as ordens da minha querida mãe versão moderna.Ajudei meu pai a tirar as coisas do carro ,peguei uma fatia da pizza que compramos na viagem e subi as escadas a caminho da missão quase impossível de arrumar meu guarda roupa.

Sentei na cama,peguei minha mochila e virei de cabeça para baixo.Respirei fundo.As poucas roupas que eu levei estavam muito amassadas devido ao jeito que eu as arrumei na mochila.Traduzindo,quando eu saí ,empurrei tudo lá dentro e agora minhas roupas são um monte irreconhecível de tecidos emaranhados.Sei que minha mãe me deceparia com uma faca de pão se eu as arrumasse no guarda roupa daquele jeito,então juntei tudo e pus no canto prometendo a mim mesmo que iria passar e dobrar tudo na outra manhã.

Pego meu violão e arrisco algumas notas,mas o sono me derruba.

Eu estou no meio de um ginásio do que parece ser uma escola tradicional.Tudo está destruído e sinto uma dor lacinante na lateral do tórax.Levo uma mão até a origem da dor e sinto o local umidecido e um forte cheiro de sangue entra por minhas narinas.De repente sinto mãos me levantarem e aos poucos minhas vistas escurecem.A última coisa que vejo são dois pares de olhos verdes que me fazem apagar de vez.

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⏰ Última atualização: Oct 16, 2021 ⏰

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