Conto de verão.

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Conto de verão.

A manhã havia começado como qualquer manhã de verão naquela parte da Califórnia, quente e úmida, não demorou muito para todo céu alaranjado se tornar cinza e uma tempestade de verão seguir tarde adentro, se revezando entre uma torrente e um leve chuviscar.

Só quando a tarde já começava a se findar que a chuva foi embora, dando lugar ao céu claro novamente, uma leve brisa deixava o clima mais ameno.

Ben não era o tipo de homem que gostava muito de campainha, por isso mesmo havia se mudado para aquela pequena casa beira-mar, escondida em meio a encosta.

Mesmo durante a mais alta temporada no verão, era difícil encontrar turistas naquela parte da praia, principalmente após uma tarde de tempestade, até os surfistas se mantinham afastados de lá, afinal a formação rochosa que entrava mar adentro formava uma bacia de águas tranquilas, quase sem Ondas.

O calor abafado dentro de casa estava quase o enlouquecendo, não conseguia mais prestar atenção nem em seus próprios pensamentos, mudar para aquela casa fora a melhor coisa que fizera em sua vida, porém esses dias abafados quase o faziam mudar de ideia, mas bastava pegar seu kit de pintura e seu banquinho e ir para a faixa de areia que todos os seus arrependimentos sumiam.

Percebendo que a chuva se transformará em apenas alguns pingos, Ben foi até seu Ateliê pegando o velho cavalete de madeira, uma tela limpa e algumas tintas e se preparou para sair, a brisa da tarde afastava a letargia causada pelo calor e lhe inspirava.

Aquela seria mais tarde como tantas outras que já passara aí, mas a pequena trouxa de tecido colorido estilo tie dye e chinelos brancos chamou sua atenção, não precisou de muito tempo para encontrar a dona dos itens.

As poucas pessoas que se atreviam a passar por aquele pedaço de areia eram atraídas pelas águas quentes e tranquilas, mas após uma tempestade as águas se tornavam particularmente revoltas, por isso estranhou ao vê-lá ali, se jogando contras as ondas altas se perdendo em meio a espuma branca.

O traseiro arredondado se tornava visível a cada mergulho, a tez levemente bronzeada se destacava contra a lycra branca do biquíni, era quase hipnotizante observá-la.

Colocando seus materiais ao chão, Ben se aproximou mais da beira d'água, para observá-la melhor, ao notar que ela tentava passar da linha onde as marolas se quebravam virando ondas altas, quase próximo demais das pedras.

A perdeu de vista por alguns segundos, sentindo algo dentro de si borbulhar, um misto de preocupação com urgência, para logo notar que o pequeno corpo boiava calmamente sobre a superfície da água calma.

Esperou alguns segundos, a observando atentamente, esperando algum sinal de movimento da jovem, sabia que em casos de afogamentos os corpos tendiam a afundar, mas por algum motivo aquela informação se escondeu em alguma parte inacessível de seu cérebro, então não pensou duas vezes antes de arrancar sua camisa e entrar na água.

Não era fácil passar pelas ondas, mas seu porte físico ajudava, para seus ouvidos pareciam que todo e qualquer som que não fosse o barulho das ondas se arrebentando, as pedras e sua respiração ofegante haviam se silenciado, nem o grasnar ensurdecedor chegavam a seus ouvidos, era alto por isso ainda conseguia caminhar mesmo com dificuldade.

Estava a um braço de distância do corpo da garota quando fechou sua mão no pulso fino a puxando de encontro a seu peito.

Para sua surpresa, a garota se sobressaltou dando um grito agudo, que pareceu o despertar do transe de determinação que o havia envolvido quando entrou na água.

— Mas de droga! Me solta! - a jovem mulher se debateu, sentando seu soltar o homem que ainda a segurava ao encontro do peito.- Qual é seu problema?

Ao decodificar as palavras que chegavam até seu cérebro, o homem a soltou, notando em como ela era menor que ele, a água a cobria até quase o colo, enquanto nele bateria pouco abaixo de seu peito, em uma avaliação mais detalhada notou como ela era bonita, os olhos castanhos esverdeados eram meigos, mesmo que carregados de raiva dirigida a ele, a pele do rosto era carregada de pequenas sardas, em especial no pequeno nariz arrebitado, os cabelos castanhos estavam amarrados e-mail coque solto no topo da cabeça, alguns fios molhados grudavam na lateral de seu rosto, cada novo detalhe que ele absorvia sobre a jovem a tornavam uma pintura mais bonita a seus olhos.

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⏰ Última atualização: Jan 25, 2023 ⏰

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