Capítulo 5

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   Eu subia a favela naquele dia após passar o dia vendendo brigadeiro no farol

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   Eu subia a favela naquele dia após passar o dia vendendo brigadeiro no farol. Eu estava extremamente cansado, minha cabeça doía e minha pele queimada pelo sol do Rio de Janeiro queimava mesmo sendo tarde da noite.
Pedro e Penélope haviam viajados no dia anterior. E eu agradeci aos céus por não ter que lidar com eles após minha demissão na empresa. O único barulho naquela casa a noite foi o som do meu choro soluçado.
Não ouve irmãos e pai para me incomodar naquela noite.

No dia seguinte eu tive que enxugar minhas lágrimas e preparar brigadeiros para vender. Mesmo meus irmãos estando a vários quilômetros de distância passeando, eu ainda tinha contas e mais contas deles para pagar.

Era quase noite, o sol estava lentamente se pondo. As pessoas na favela caminhavam com cara de cansadas após um dia exaustivo de trabalho. Alguns traficantes circulavam por ali com suas armas intimidadoras, mas quem morava ali sabia que por mais estranho que isso fosse, eles tinham a proteção deles de alguma forma. Era mais um fim de tarde normal na favela.

Quando pisei na escada para entrar no barracão em que morava senti meu corpo ser empurrado com força contra a porta de metal fino e eu fui direto ao chão, sentindo meus joelhos gritarem quando foram de encontro ao asfalto grosso.

- Onde está o mala do teu pai?

Levantei a cabeça encarando os quatro homens a minha frente. Três deles estavam com armas na mão, apontadas pra mim.

- Eu não... - Tentei segurar o soluço.

- Ele está devendo 11 mil pra gente. Eu vim receber!

Arregalei os olhos tentando processar a informação que eu acabara de ouvir.

- 11... mil?

- Isso mesmo que você ouviu. Hoje é o último dia dele pagar essa quantia. Ou eu vou ter que matar você e seus irmãos, até encontrar esse filha da puta do teu pai.

- Eu... - Foi impossível segurar o soluço, passei a mão nas minhas pernas sentindo a dor subir pela barriga.

- Olha moleque... - O homem que estava sem arma foi para cima de mim e me pegou pelo pescoço me levantando pra cima até eu não sentir meus pés no chão.

A falta de ar e a dor do aperto no pescoço estava me deixando quase sem consciência quando ouvir ele terminar a frase.

- essa surra vai ser só um aviso pro teu pai. Eu dou mais um mês pra ele. A dívida dele vai subir pra 22 mil reais. Se ele não me pagar em um mês. Eu volto e mato você e seus dois irmãos, tá entendendo?

Tentei balançar a cabeça positivamente mas eu estava fraco de mais.

Senti ele me soltando, respirei fundo achando que ele me deixaria em paz e iria embora mas logo após ele me soltar eu senti um chute na minha barriga e após isso socos atrás de socos, no rosto, pernas e barriga. Eu não sei quando eles pararam porque perdi a consciência logo depois.

Acordei horas depois. O frio da madrugada fez com que a dor que eu estava sentindo piorar 3 vezes mais.
Gemo baixo tentando me levantar. Eu ainda estava no chão frio da entrada da minha casa.

Me arrastei até a porta percebendo que ela estava aberta. Passei a mão na minha calça procurando minha carteira quando a vi no chão aberta, com todos meus documentos espalhados aos meus pés.

Entrei praticamente correndo em casa lembrando do dinheiro do acerto da empresa que havia recebido um dia atrás. Corri para o quarto da Penélope. Eu escondia todo meu dinheiro dentro de um copo que ficava na parede do quarto dela, escondido por um tijolo. Mas o quarto estava todo revirado, e o dinheiro não estava mais ali.

Me sentei no chão deixando meu corpo Seder por todo cansaço e dor física e emocional. As lágrimas em nenhum momento cessaram pelo resto daquela madrugada. Eu estava completamente ferrado, precisava proteger meus irmãos e daria minha vida por isso.

RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora