cap 1: A Chegada de Mayleen

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O ano era 1648, e uma pequena garotinha de 11 anos havia acabado de descer de um dos menores barcos das embarcações diárias daquele dia.

Alegre, olhava para todos os cantos do cás, admirando a beleza de Marselha, a cidade do sul da França. Sua animação, no entanto, pouco durou, pois percebeu uma enorme multidão se desenvolvendo ao redor de uma frota de navios que vieram de muito longe. Curiosa, se aproxima de um senhor de idade, pronta para questionar oque tanto pregava a atenção de tantas pessoas.

-Com licença, o senhor poderia me informar o que está havendo?

- Você me parece muito jovem para andar sozinha por aqui, onde estão seus pais?

- Não posso lhe oferecer a resposta para tal, mas o senhor pode me informar sobre isto - dizia apontando para a multidão- .

- Me desculpe, mas é melhor não - afirmou por fim o senhor, se virando para o centro das atenções e caminhando em sua direção.

inúmeras pessoas dali se mostravam surpresas e espantadas, como se tivessem visto um fantasma dançando  ou falando, coisa parecida. Ainda curiosa, mas com juízo, se afasta da multidão e começa a andar para a saída do cás. Até que derrepente,sem previsão alguma, as pessoas começaram a gritar e correr dali, Mayleen tentava se espreitar pelas caixas de carregamento do outro lado, mas era difícil chegar lá, sentiu se arrepiar quando seu pulso foi agarrado, a levando para longe de lá. Ao levantar sua cabeça, a única coisa que se foi possível captar por seus olhos foi uma figura banhada de preto, com uma máscara semelhante a um pássaro, talvez um corvo.

- Me perdoe a falta de educação, mas até onde eu saiba, crianças não deveriam se deixarem levar por um possível sequestrador, a pesar de realmente estar grata por ter me tirado daquela gritaria desnecessária.

- Perdoe-me madame por tamanha falta de educação da minha parte, me chame de Doutor. Acontece que o lugar em que a senhorita se encontrava estava com contaminados, e não queria que logo uma criança fizesse parte disso, seria prejudicial para vossa senhoria.

- Perdão? Contaminados? Existe alguma doença a solta na qual eu não saiba?

- De certo seus pais não lêm ou escutam das notícias, há uma doença nomeada de peste negra se espalhando pela Europa, por enquanto, estamos conseguindo conte-la para não sair daqui, mas atualmente é difícil sustentar apenas uma cidade, então não temos total certeza sobre a doença ter se espalhado.

- Me parece realmente muito sério, e pelo jeito que o senhor afirma coletivamente os verbos, presumo que exista um grande grupo de pessoas iguais ao senhor, correto?

- Correto, você é muito esperta para uma criança de sua idade madame. Eu estou encarregado de cuidar da cidade de Carcassone, altos rumores surgem de lá, pois sua cidade toda é ocupada por uma floresta e uma vila. Atualmente estou em uma viagem de 3 dias para lá, procurando um ou uma aprendiz para me ajudar.

- O fato de estar me contando tudo isso e envolver a posição "aprendiz" junto está sendo preocupante para meu lado. Por que está me contando tudo isso?

- Gostaria de lhe perguntar se teria o interesse de aprender sobre esta doença e se juntar a mim nesta caminhada.

- Acabamos de nos conhecer, você me parece bem apressado com a idea de ter uma aprendiz. Me dê pelo menos 5 motivos válidos para eu me juntar a você.

- Tudo bem, primeiro motivo: você sequer sabia da doença,poderia ter morrido para ela sem sequer saber. Segundo: ficar perto de um profissional que já ajudou mais de 40 pacientes em época de isolamento. Terceiro: você não me parece acompanhada, e uma companhia sempre vai bem. Quarto: você é muito inteligente, agora imagine ficar ainda mais, e sobre um assunto totalmente necessário daqui para frente. E quinto: vai poder salvar muitas pessoas que apenas estiveram abraçando a morte desde a triste e impactante notícia de seu estado doentio.

- Muito bem, isso me convenceu de fato, mas como posso garantir que não vai me assassinar e vender meus órgãos para um assassino em série se aproveitando do isolamento?

- Eu posso te garantir que você não vai querer ficar doente. E essa é sua melhor oportunidade.

- Tudo bem, que grande mal me faria certo? - dizia-se, questionando-se mentalmente de seu estado mental, e sobre a condição atual de seu juízo anterior- .

- Posso lhe garantir que mal algum lhe farei, as únicas coisas que podem te atingir surgirão da nossa caminhada até a vila de Carcassone,mas jamais de mim.

- Então,podemos ir?

- Com toda a certeza, Madame ...

- Mayleen, me chamo Mayleen

- Madame Mayleen

Desde aquele beco em que pararam a conversar,não trocaram uma única palavra, o silêncio ali se tornara cada vez mais algo desconcertante para os dois lados, em pouco tempo o excesso de informações geradas repentinamente somada com a estranheza do local era a própria passagem para a situação em que se encontravam, era ainda mais estranho eles estarem andando lado a lado como se se conhecessem a muito tempo, sendo que ainda mal conseguiam pensar em confiar um no outro. Mayleen era uma criança desconfiada e atenta a cada mínimo detalhe que sua mente e sua visão poderiam ter em algum momento a capacidade de alcançar, já o Doutor era alguém muito desconfiável e suspeito, esses modos e características poderiam resultar em muitas discussões se ambos não fossem pessoas que prezassem por respeito.

Mayleen não se lembrava de quando começou a escurecer, lembrava que era final de tarde quando chegou, só não esperava que fosse anoitecer de uma forma tão repentina e rápida, teria sido seu cansaço? Não importava, seu problema agora era a vergonha de perguntar sobre acamparem ou algo parecido.

- Deveríamos parar para acamapar senhorita, o que acha? - agradecia aos céus por ter tirado as palavras de sua boca e tomado a vez, confirmando com a cabeça-

- Tudo bem, mas como vamos montar um acampamento aqui no meio da cidade?

-Podemos ir a uma casa de acolhimento, são cabanas pequenas e aconchegantes que ambulantes montam para abrigar pessoas perdidas ou sem moradia, na minha última visita, havia um aglomerado dessas não muito longe daqui.

- Tudo bem, vamos para lá.

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Olá seres humanos! Como estão? Provavelmente poucas pessoas vão ler isso,até porque costumo demorar a postar, mas prometo que tento escrever com carinho! Gostaria de lhes dar boas vindas ao Ato I de Chegada Amarga, o primeiro Ato desse livro!

Beijos,até o próximo capítulo!

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