Loving Hands

Capítulo Dois

Trancou a porta do estúdio e digitou a senha do alarme, ativando-o. Se virou, já vendo Itachi longe, há poucos passos da sua picape.

— A gente se vê na segunda. — sinalizou o mais velho.

— Cuidado pela estrada.

Itachi estava indo visitar Izumi, sua namorada de longa data. Ela havia permanecido na capital, Suna — já que no momento estava finalizando o último ano da faculdade — mas tinha planos de se juntar à Itachi uma vez que terminasse. Planejavam se casar e começar uma família, diziam gostar da ideia de crescer os filhos em um lugar mais seguro e menos caótico. Sasuke não tinha do que reclamar, afinal também gostava da possibilidade de manter o irmão e a cunhada por perto.

— Não morra de saudades de mim, irmãozinho tolo. Eu vou voltar. — gesticulou antes de abrir a porta.

Sasuke apenas revirou os olhos, não dando-se o trabalho de responder. Itachi conseguia ser chato pra caralho quando queria. Virou as costas e foi em direção ao seu próprio carro, o lado bom de ser surdo é que você precisa estar olhando para a pessoa para conseguir se comunicar, portanto é muito mais fácil ignorar a chatice dos outros. A chatice se de seu irmão mais velho, principalmente.

Colocou a chave na ignição e girou. Ainda eram cinco horas da tarde, era cedo. Pensou na possibilidade de ir até a padaria e ver se encontrava Sakura por lá. Já havia passado uma semana desde que se falaram a última vez, não mentiria ao dizer que tomou café da manhã todos os últimos dias naquele lugar, mas, estranhamente, nunca mais viu a moça rosada no estabelecimento. Chegou a pensar na hipótese de que ela estava evitando-o de propósito, decidindo por não aparecer no horário que ele costumava ir. No entanto, parecia-lhe uma reação drástica demais para uma simples tentativa de flerte frustrada. Talvez, ela tenha se incomodado tanto pela sua deficiência que não queria sequer vê-lo de longe? Já encontrou pessoas preconceituosas ao longo de sua vida, mas não teve essa impressão de Sakura, pelo menos não em um primeiro momento. Poderia ser isso? Talvez ela tenha demonstrado algo e ele que foi lento demais para perceber.

Suspirou, desligando o carro e apoiando a nuca no encosto. Entendeu claramente quando ela disse que possuía uma irmã mais nova deficiente auditiva, portanto, seria possível que ela realmente fosse esse tipo de pessoa? Não. Balançou a cabeça. Ainda se lembra do sorriso doce em seus lábios quando lhe ofereceu o café da manhã como boas-vindas à cidade e se propôs a ajudar na divulgação de seu estúdio. Impossível, atenciosa demais para ser isso.

Talvez esteja apenas acanhada? Logicamente não esperava que o cara por quem se sentiu atraída fosse completamente surdo. No entanto, não saberia dizer com certeza, essas eram todas apenas teorias no final das contas. Gostaria de ter suas dúvidas esclarecidas, mas para isso acontecer ele teria que perguntar, e por consequência, isso resultaria em tê-lo mostrando abertamente seu interesse por ela. Não estava pronto para a possível negativa, portanto, preferia manter as coisas como estavam. Se tinha uma coisa que Sasuke odiava mais do que não conseguir se comunicar facilmente com pessoas, era ser decepcionado por elas.

Saiu do carro e bateu a porta, trancando-o em seguida. Colocou as mãos no bolso da calça preta e caminhou pela calçada, pensou em voltar para casa e terminar a pintura da sala de estar do novo apartamento mas estava cansado e com dor nas costas, passou a tarde toda debruçado em cima da perna de uma moça terminando a tatuagem gigante que ela tinha solicitado, só o pensamento de que ainda teria uma última sessão de retoques pela frente o fazia querer descansar o máximo possível.

Parou em frente ao bar e pensou por alguns segundos se não deveria entrar e tomar uma bebida para relaxar a mente antes de ir para casa. Seria uma boa. Talvez pudesse pedir uma pizza por aplicativo mais tarde.