in my arms

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Soraya pisava firme percorrendo os corredores do Senado Federal. Não respondia as mensagens no celular e nem as pessoas que passavam ao seu lado e a cumprimentavam. O rosto avermelhado denunciava a ira e os olhos fixos e atentos denunciavam que ela tinha um destino certo.

Ao chegar na porta de blindex do gabinete de sua colega de trabalho, empurrou a porta e só foi parada pela secretária que se colocou a frente dela com um sorriso irônico, anunciando que ela não poderia ultrapassar a próxima porta que havia ali.

- Eu tenho um assunto sério para conversar com a senadora – sorriu de volta, mais irônica ainda.

- Eu vou verificar se ela pode te atender no momento, só um instante – a moça anunciou e ela teve vontade de puxar seus cabelos e tirá-la de sua frente à força. Cerca de um minuto depois, ela voltou anunciando que Soraya poderia entrar.

A loira adentrou o recinto e deu de cara com a cadeira presidente da senadora virada de lado, quase de costas, o que a permitia ver somente parte dos cabelos negros e a pele da mão branca.

Aquilo lhe encheu ainda mais de ódio. É claro que Simone faria uma ceninha para lhe receber, é claro que ela jamais abdicaria de sua posição de superioridade.

- Não vai olhar para mim? – Perguntou quando se passaram alguns segundos e elas ainda não haviam feito contato visual.

Finalmente, Simone girou a cadeira.

- Você quem veio atrás de mim, fiquei esperando alguma manifestação.

- A minha manifestação deveria ser um tapa bem dado na sua cara, depois do que você fez comigo na frente de todo mundo! – Ela praticamente gritava.

- Querida, se você não estava pronta para participar de debates, não deveria ter se candidatado ao senado. Isso aqui não é para amadores – Simone dizia com uma calma irritante.

- Simone, você praticamente me chamou de burra na frente de todo mundo! E ainda diz ter consideração por mim!

- Eu tenho, querida, e por isso mesmo dei a dica de que você deveria estudar mais. Eu fui sua professora, nunca deixarei de lhe aconselhar para que estude mais – sorriu. Soraya queria cruzar a mesa que separava as duas e cair em cima dela como uma leoa – ou uma onça, mas faria algo melhor.

- Por que toda essa hostilidade comigo nos últimos dias, senadora? – Começou a andar lentamente ao redor da mesa, indo da direção dela. – Algum problema especial comigo? A minha presença te incomoda? – Parou bem na frente da morena que continuava a olhando com superioridade, mesmo que ela estivesse sentada e, a outra mulher, de pé.

Depende do que vem junto com a sua presença, senadora – sorriu. Soraya sentiu que a respiração dela ficara pesada e ficou feliz. Nunca falhava.

- Por que você simplesmente não pede as coisas que você quer? – Chegou ainda mais perto dela, encostando os joelhos.

- E o que é que eu quero? – Simone perguntou, já mais desarmada, analisando o corpo da mulher a sua frente.

Soraya abaixou-se, apoiando as mãos nos braços da cadeira e falando no ouvido da morena:

- Que alguém te foda do jeito que você merece – pausou e olhou para ela, colocando uma mecha dos cabelos pretos atrás da orelha da outra. – Quem sabe assim você deixa de ser estúpida, grossa e não começa a tratar os outros com gentileza? – Mordeu o lóbulo da orelha dela.

Simone fechou os olhos e respirou fundo. Tudo em sua vida estava controlado, tudo, menos a mulher a sua frente. Desde que descobriram que tinham uma compatibilidade sexual de outro mundo, perdiam as rédeas, a vergonha e qualquer profissionalismo entre aquelas paredes do Congresso Nacional.

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