not about love

teu nome mais secreto, part. II

Havia passado mais de um mês desde que Soraya havia encontrado Simone. Como esperado, ela não havia mandado uma mensagem sequer. Na primeira semana, aquilo corroeu a loira por dentro, pois alguma coisa a dizia que ela iria lhe procurar, que aquela noite havia sido especial em algum aspecto e que Tebet iria querer encontrá-la novamente. Ledo engano, pois não havia nem sinal de fumaça. Pensou que, pelo nervosismo do momento, poderia ter salvado o número errado no telefone dela, mas Simone tinha seu contato por outros meios, conseguiria chegar até ela caso quisesse. O contrário já era difícil, pois Soraya não tinha nenhum contato de Simone, já que quem tinha marcado o primeiro encontro tinha sido um colega da morena.

Na segunda semana, ainda tinha alguma esperança, mas o vácuo da primeira semana se repetiu, assim como em todas as próximas. Não entendia o feitiço que aquela mulher havia exercido nela. É claro que já havia se envolvido com pessoas por conta de seu ofício, mas na maioria das vezes por insistência deles, e não dela, que se considerava uma pessoa fria, sem grandes arroubos.

Agora, quando já tinha aquela idade, uma vida independente dos programas que fazia quase que por hobby, era inesperado e até ridículo envolver-se por uma mulher que era o seu completo oposto.

A verdade é que não havia parado de pensar em Simone Tebet. Por mais conformada que tivesse de que aquela noite jamais iria se repetir, aquela mulher não saía de seus pensamentos.

Foi em um dia completamente comum, um quarta-feira, em que estava resolvendo alguns problemas da vida cotidiana, que Soraya recebeu uma mensagem que a fez ficar paralisada. Parada, no meio da sala de seu apartamento, com o celular na mão, ela olhou para os lados, tentando compreender o que estava acontecendo.

A mensagem, de número desconhecido, dizia o seguinte:

"Podemos nos encontrar hoje?
Simone"

Direta, como era do costume dela ser. Soraya não conseguia entender por que, depois de tanto tempo, ela a havia chamado. Acreditava que havia sido esquecida completamente por Simone, que havia sido um episódio que ela jamais repetiria e sequer lembraria.

Não sabia o que responder. Esperou tanto por aquilo que, agora, que estava acontecendo, não tinha ação. Será que realmente deveria ir? Aquela história não tinha como dar certo. Se tocasse Simone mais uma vez, sabia que estaria arruinada, e aquela mulher era confusa demais, problemática demais para a mulher bem resolvida que ela era. Não estava na idade de lidar com quem estava se descobrindo agora. Encarou a tela do celular por alguns segundos, pensando até mesmo se responderia à mensagem, e sentou-se no sofá, jogando o aparelho no canto.

A quem estava enganando? É claro que responderia a mensagem, é claro que iria ao encontro de Simone quando ela quisesse. É claro que se entregaria de corpo e alma a tudo que ela a permitisse. Pegou o celular e digitou tudo de uma vez:

"Uau! Quem é vivo sempre aparece! Achei que já havia esquecido de mim, senadora." "Podemos nos encontrar, sim, só dizer o horário."

Depois de enviar as mensagens, considerou-as exageradas e ficou com medo de que Simone achasse a mesma coisa. Ao mesmo tempo, não tinha mais o que fazer, as mensagens já haviam sido enviadas, não iria apagar. Se Simone estava lhe procurando novamente, é porque havia feito alguma coisa certa. Não demorou até que Simone respondesse de volta, avisando que ela poderia chegar às 20hrs. Soraya sorriu, vibrante, e tratou de que o coração não saísse pela boca até as 20hrs.

Não muito longe dali, Simone combinou o horário com a loira e jogou o celular em sua mesa de trabalho, passando as mãos livres pelo rosto. Tinha prometido a si que não iria chamá-la novamente, que esqueceria aquela maluquice e tudo iria voltar ao normal. Porém, não sabia que quem passava por Soraya Thronicke não voltava ao normal. Não havia um dia sequer, neste mais de um mês em que haviam se encontrado, em que não havia pensado nela: no cheiro, no toque, no quente da boca em sua pele, na sensação de estar entre as pernas dela... Repreendia-se toda vez que pensava nisso, o que significava que havia se repreendido por muitas vezes ao dia durante esse tempo, quando o seu pensamento voava para aquela fatídica noite.