voltei.
Simone não sabia mais o que fazer enquanto esperava aquela completa desconhecida. O único pensamento que vinha a sua mente era: desistir. Seria o mais racional a se fazer. Aquilo não era certo sob nenhum ponto de vista. Como explicar aquilo caso vazasse? E se essa mulher destruísse a sua vida?
Ao mesmo tempo, não tinha coragem de pegar o telefone e simplesmente mandar uma mensagem para ela cancelando o encontro. Para a outra, não faria a menor diferença, o dinheiro já estava em sua conta. Havia demorado tanto para aceitar aquele encontro, para aceitar a ideia de que aquilo só aconteceria daquela forma... Andando de um lado para o outro, verificou pela terceira vez se a colcha da cama estava perfeitamente alinhada, se as garrafas – de vinho e uísque, que havia comprado apenas para aquela ocasião, já que não consumia bebidas alcoólicas – estavam perfeitamente dispostas. Provavelmente nem usaria aquela cama. Na verdade, tinha certeza que não aconteceria. A mulher passaria menos de dez minutos em seu apartamento e iria embora.
Enquanto andava de um lado para o outro, quase tonta, ouviu o soar da campainha. Já havia avisado ao porteiro que receberia uma visita e que a deixasse subir sem interfonar. Talvez tenha sido uma má ideia, já que agora a mulher estava do outro lado da porta e ela não sabia o que fazer, mesmo tendo treinado para aquilo. Demorou-se tanto nesses pensamentos que o som agudo ressoou novamente, fazendo-a voltar à realidade e ir até a porta, respirando fundo até abri-la.
Lá estava ela. Vestia uma calça de linho num tecido bege, folgada nas pernas mas que marcava bem a cintura, e uma blusa com transparência nos braços, preta, que entrava por dentro da calça. Ela era pequena mas os saltos enormes a deixavam mais alta e os cabelos loiros davam o contorno perfeito ao rosto bonito e bem afilado. Ela sorriu, sem mostrar os dentes, e Simone percebeu que algumas rugas marcaram a lateral de seus olhos. Isso era bom, muito bom. Não queria nenhuma menina para aquilo e seu amigo parecia ter entendido bem o pedido.
– Vou ser convidada para entrar? – Ela perguntou e Simone voltou a si, reparando no quanto a voz dela era bonita. Ela era toda bonita, na verdade, muito mais do que havia analisado pela única foto que viu dela antes daquele momento.
– Claro, perdão – saiu da frente da porta e deu espaço para que ela adentrasse.
Soraya Thronicke entrou, curiosa para analisar aquele apartamento, e não se surpreendeu pois era exatamente como imaginava: limpo, organizado, sóbrio, talvez até um pouco impessoal. Simone a acompanhava com o olhar. Quase não piscava para não perder nada. Havia esperado tanto e agora não sabia o que fazer com a presença daquela mulher ali.
– Tá tudo bem? – Ela perguntou para Simone com um sorriso.
– Sim! – Simone respondeu rápido, abrindo um sorriso sem graça. – Você... Você aceita uma bebida?
– Só se você me acompanhar – ela respondeu olhando um quadro que estava pendurado na parede, acima do sofá.
Simone não bebia, mas não iria contar isso, entrar nesse assunto, explicar-se... Além do mais, talvez uma bebida fosse necessária nesse momento. Sem perguntar a ela o que preferia, serviu dois copos de uísque com gelo e levou até ela, entregando um em sua mão.
Quando Simone estendeu o braço, Soraya fez questão de pegar o copo de maneira que seus dedos se encostassem. Já era mais que experiente em fazer esses movimentos sutis para entender o terreno. Com esse simples toque, percebeu Simone estremecer e afastar-se no mesmo segundo. O nervosismo dela era palpável, ainda mais quando, depois disso, ela virou de uma vez a dose que havia servido. Soraya bebeu apenas um pequeno gole e percebeu o quanto ela ficou vermelha. Teve certeza de que ela não era acostumada a beber e, por conta própria, dirigiu-se até a cozinha e buscou um copo de água para ela. Simone ficou surpresa com a atitude mas não recusou a água, afinal, o gosto daquela bebida era horrível.
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not about love
General Fictioncoleção de oneshots simoraya. não temos comprometimento com romance ou com a realidade.