09 - p. coutinho

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— Tem certeza que não quer comer mais nada, linda? – ele pergunta pra mim.

Phillipe teria esta confraternização e me chamou para vir. Não estava tão afim, mas ainda assim, decidi acompanhá-lo.

Não estávamos tão bem. Philippe parecia estar tão focado com o clube que parecia ter me deixado um pouco de lado. Algumas discussões nas últimas semanas e foi isso.

Quanto ao clube, nunca  reclamaria por isso. Antes de tudo, é o trabalho dele e tudo que ele sempre sonhou por toda a vida. E eu sou a namorada, então não quero o estressar mais com isso.

— Ah, não Phil. Está tudo bem! – eu respondo e brinco com sua mão, enquanto observo o ambiente.

— Ok então. Vou me despedir dos rapazes e aí vamos embora, pode ser? Tô quebrado. – ele diz passando a mão na nuca e dando um sorriso de canto.

E ele estava mesmo. Seu esforço com o time era nítido, e eu fazia questão de mostrar o quão orgulhosa eu estava em todos os jogos.

— Vou esperar aqui. – falei para ele, que antes de ir apertou de leve meu braço.

Enquanto esperava Philippe, um homem alto sentou ao meu lado e parecia tentar achar algum motivo para iniciar uma conversa.

De primeiro momento fiquei desconfortável, parecia ser alguém totalmente desconhecido e eu nem o tinha visto na festa.

— Sou primo do Douglas. – ele diz e o olho confusa. – Douglas Luiz, Aston Villa, o meia brasileiro, sabe?

— Ah, claro que sim. – digo dando uma risada. – Ele é amigo do meu namorado. — completo, observando-o olhar minha aliança e coçar a cabeça.

A conversa foi rápida, mas era um cara legal. Apesar de frustado depois de perceber que seu flerte não iria dar muito certo. Já estava agoniada quando vejo-o Philippe do outro lado do cômodo.

— Foi um prazer. – ele sorri e aperta minha mão, com força. O que acho estranho porque demora para soltá-la.

— Claro. – dou um sorriso sem graça e vou em direção ao meu namorado.

Ele está olhando para o cara sentado na mesa em que eu estava, e tem o semblante fechado. Tento não ligar para isso.

— Estranho. – digo, me referindo ao cara.

— Ele sorriu para você. – Philippe fala.

— Deixei bem claro que não estou disponível. – mostro minha mão para ele, indicando a aliança.

— Vocês estavam rindo. – solta e parece estar bravo.

— Por Deus, Philippe.

Neste mesmo momento abro a porta do carro enquanto ele caminha para o banco do motorista.

Eu sabia muito bem o que era isso.

O clima estava pesado dentro daquele carro, e eu sabia que se eu não falasse nada, as coisas iriam piorar. E eu já estava cansada demais para que piorarem.

— Olha Phil, sei que não estamos bem essa semana... – tento começar.

— Não, me escuta. – ele me interrompe e respira fundo. – É, só me desculpe por isso. Sei que meu ciúme as vezes é exagerado e na maior parte, é só medo. Você sabe.

Concordo de leve com a cabeça.

— Eu sei, é normal ter medo e você sabe que eu tenho tanto quanto você razões para sentir isso. – balanço a cabeça e sinto ele rir de leve. – É só que essas últimas semanas você tem estado tão longe de mim, que por isso em algumas vezes parece não ter confiança e saber que não importa com quem eu venha falar, ou o homem que chegue perto de mim... eu sempre terei respeito e só amarei você, Philippe. Sempre. – digo, com lágrimas nos olhos.

Ele pega me rosto e as enxuga, antes mesmo que caiam sobre minhas bochechas. Sinto seus dedos quentes percorrendo meu rosto e seu olhar de preocupação, culpa.

— Não quero que se sinta culpado, Phil. Sei que os dias tem sido corridos e vejo seu foco. Eu tento me acostumar com isso sempre e sei que uma hora tudo ficará bem. – eu coloco minha mão sobre a dele.

Sinto sua cabeça se encaixar no meu pescoço e sua respiração forte por estar apoiado. Ele parecia exausto e guardando tanta coisa para ele, que eu já estava com medo de não reconhecer meu próprio namorado.

— Eu sinto muito. – sua voz sai embargada. Passo a mão sobre seu cabelo e espero até que ele levante novamente.

— Sei que nada vai justificar a nossa última briga, os ciúmes, e estar tão distante. Eu sou orgulhoso, mas quero que saiba que abro mão dele para não perder você. – Vejo sua palavras saindo, e preenchendo meu coração. – Me desculpe estar ausente. Me desculpe por te deixar pensar demais. Me desculpe pelas brigas. Me desculpe por focar tanto no futebol e deixar você.

— Não, Phillipe. Não me peça desculpas pelo futebol! Sempre foi seu sonho, e hoje você só desfruta disso. Por favor, não faça isso.

— Deixou de ser meu maior sonho quando você chegou, linda. – ele coloca uma mecha de cabelo atrás de minha orelha e continua: Você é a maior conquista, o maior sonho e a melhor coisa que me aconteceu.

Ok, neste momento eu estou realmente chorando.

— Me desculpe mesmo, amor. – ele diz e enfim me abraça. – E principalmente pelos ciúme, mas dele pode ter certeza que sempre vou ter.

Bobo.

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