A Proposta

369 40 2
                                    


— Eu preciso de uma resposta.

Foi o que Izuku disse à Katsuki aos arredores da agência Lemillion, uma equipe de cerca de cinco outros heróis em seu entorno aguardando Deku para partir. A expressão intensa não combinava com o rosto gorducho na opinião de Katsuki – por mais que os anos tenham queimado a gordura extra e agora ele tinha um maxilar quadrangular rígido –, mas transmitia a urgência de Izuku.

— Não agora, não hoje. Daqui a seis meses. — Interrompeu-o quando Katsuki abriu a boca só para fechá-la imediatamente e apertar o olhar a ele.

— Deku, nós temos que ir — chamou Lemillion estendendo a mão em direção ao outro herói.

Com a deixa, Izuku respirou fundo junto a um cerrar das pálpebras soltando uma lufada profunda, então aquela expressão sorridente e cheia de brilho nos olhos viridianos iluminou-se para ele. Sim, isso era mais como ele.

As palavras faltaram em ambos os lados. Katsuki estava estupefato demais para sequer reagir, e Izuku estava apressado demais para dar alguma despedida piega. A mão enluvada verde foi estendida com algum intuito, Katsuki observou-a, logo caiu desistindo da ideia, então Deku se virou para seguir os outros heróis para a missão, de repente parou e deu uma última olhada para ele atrás com um aceno curto. 

Katsuki ficou enraizado no lugar por longos minutos mesmo depois de todos terem ido embora, ainda baqueado demais com as palavras derramadas sobre ele sem escrúpulos, seguido de uma partida fugaz acovardada.

Essa foi a última interação deles.

O que aconteceu a seguir foi totalmente fruto da memória muscular e rotina de anos.

A ficha caiu quando ele escovava os dentes para dormir, a realização piscando em seu rosto no reflexo do espelho.

Parceiros.

Izuku queria que eles fossem parceiros.

— Isso praticamente é um pedido de casamento — comentou Denki distraidamente pegando um pedaço gorduroso de pizza e levando à boca aberta.

O clique veio.

— Aquele fodido — vociferou estapeando a mesa fazendo tudo tremer e tilintar enquanto elevava-se atraindo a atenção do Bakusquad ao redor que mal se impressionou com a explosão. — Derrama merda em cima de mim e diz "beijo na bunda e até segunda, seu filho da puta" e quer que eu lide sozinho?!

— Quem está casando? — Mina perguntou, chegando com um copo de refrigerante e se sentando ao lado de Katsuki no sofá, não prestando atenção à revolta.

Denki, mastigando, apontou para Katsuki sem desviar o olhar do vídeo-game que Kirishima e Sero disputavam.

— E nem me chama para ser a madrinha?

Katsuki desceu de sua ira de volta ao sofá e segurou ambos os lados da cabeça como um homem condenado, Mina ainda insistiu em chacoalhá-lo querendo respostas, mas ele ignorou perdido nos próprios devaneios.

Com o barulho de chave no trinco da porta se emitiu, Kirishima gritou:

— 'Tá aberta!

Kyouka entrou com um sorriso singelo.

— Vocês começaram cedo. Do que estão falando?

— Algo sobre beijar bundas — disse Sero dando de ombros.

O olhar estranho com sobrancelhas arqueadas de Kyouka definiu o contexto todo.

Katsuki questionava que tipo de imã para atrair esquisitos ele tinha e por que pairavam ao redor dele como a porra do sol, e principalmente por que ele ainda os mantinha perto.

Parceiros (não tão) RomânticosOnde histórias criam vida. Descubra agora