Talvez Precise de Você

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Para Megan Beatrice, a vida na reserva era a definição de felicidade. Sua ingênua mente infantil não conseguia pensar em mais nada que uma criança de sete anos e meio poderia querer para se dar por satisfeita.

Sua família parecia bem menos apreensiva agora que todos estavam juntos, seu pai e seus tios não só haviam conquistado a confiança de todos da reserva, como as habilidades especiais de Matthew acabaram o rendendo um posto não oficial como líder, o que obviamente ele exercia com a ajuda de Saimon, visto que usar o cérebro nunca foi o lado forte de seu pai. Até mesmo seu olho negro em void não a incomodava mais, seus pais enfim pararam de tentar "concertar" isso. Ela já tinha se acostumado com as almas sem corpo, na verdade gostava delas, especialmente de uma...

O garoto de névoas

Esse por sua vez nunca a revelou seu nome, mesmo aparecendo quase todas as semanas para conversar com a garota. No começo ela não tinha certeza se deveria contar aos pais sobre o menino, mas agora isso tinha de ser feito. Na noite anterior, o pai a viu brincando de casinha com seus ursinhos junto ao menino.
Embora ele não tivesse dito nada, a estava encarando já fazia uns vinte minutos, além de nem ter tocado em seu café da manhã.

— Tio, você vai fazer biscoitos amanteigados hoje também? — MegBeat questionou, quebrando o silêncio.

— Talvez, querida. — Saimon respondeu, enquanto tirava outra porção de panquecas do painel do fogão. — Você gostou muito deles, não é? Comeu quase tudo.

— Na verdade... — começou MB — O garoto de névoas também comeu alguns. Ele gostou muito.

— Quem? — questionou Brenda.

— O garoto de névoas. — prosseguiu, já não podendo mais voltar atrás. — Ele vem brincar as vezes. O papai viu ele no meu quarto ontem.

De repente, todos os olhares se viraram para Matthew, que enfim se dispôs a tomar um bom gole de sua bebida, antes de começar a falar.

— Então era isso que você estava fazendo ontem? — ele questionou, olhando na direção de MegBeat.

— Sim, ele disse que volta hoje, ele me prometeu. Tudo bem ele vir?

Seus pais se encararam por um breve instante e então saíram da cozinha, indo em direção a sala e começando uma conversa bem baixa. Não baixo o bastante, afinal a audição da garota se mostrou muito mais apurada depois do "incidente na floresta "

— Um amigo imaginário não é um sinal vermelho, isso é coisa de criança. — Matthew tentava argumentar.

— Tem razão. Sabe o que é um sinal vermelho? — começou Brenda. — Ela se questionar se era um anão, porque não entendia o conceito de criança. Como poderia?

— Do que exatamente eu estou sendo acusado? De tentar proteger a nossa filha? Eu não me arrependo de ter escolhido me isolar ao invés de me meter nessa guerrinha ridícula das bruxas.

— Eu não estou te acusando, eu concordo com as suas escolhas. Mas estamos na Amazônia agora, os lobos já se livraram de todas as bruxas que tinham envolvimento com essa luta por território.

— Ela está segura na reserva, Por que quer mudar isso? — interrogou irritado, enquanto pousava sua mão em uma mesa de canto, de forma brusca.

— Porque a vida não se resume a segurança! — respondeu Brenda, já não se preocupando em manter a voz baixa.

Ainda na cozinha, Saimon tirou seu avental e saiu de trás do balcão, indo de encontro a MB.

— Hey querida, o que você acha de sorvete de pistache? Vamos ir tomar um pouco com o Oween? — questionou, se abaixando um pouco, deixando as mãos apoiadas no joelho.

COMO O AZUL VIROU NEGRO. Vol1- "criança corrompida"Onde histórias criam vida. Descubra agora