Descidas [Tanzen]

Único

Tanjirou não conseguiu evitar de soltar um espirro devido ao frio, o que lhe deixou preocupado, temia estar ficando doente; e visto a situação em que estava era bem possível.

O frio do inverno já vinha o castigando anteriormente, mas era ainda pior tão cedo de manhã, quando o sol sequer tinha nascido direito e o céu ainda estava começando a clarear. E como se não fosse o bastante o Kamado ainda estava extremamente cansado, ele tinha sido o último a dormir na noite passada e obviamente o primeiro a acordar.

—Hm... Tanjirou?— O rapaz de brincos parou tudo o que estava fazendo para virar-se para a pessoa que o chamava.

—Zen... Oi bom dia— Não pôde evitar de abrir um sorriso ao olhar para porta e de casa e ver o garoto loiro saindo de lá com uma carinha fofa de sono enquanto bocejava e coçava um de seus olhos, ainda usava as roupas de dormir, mas havia colocado um lenço amarrado me sua cabeça para esconder o que seria um dia de cabelo ruim.

—Bom dia...— Disse ainda morrendo de sono— Tanjirou, o que você tá fazendo acordado tão cedo? O sol nem nasceu ainda...

—Eu podia te perguntar a mesma coisa, amor— Disse em um tom de brincadeira, mas ao mesmo tempo carinhoso.

—Não consegui mais dormir... O Inosuke tá roncando muito alto e eu tava sem o meu marido pra me aconchegar— Tanjirou não pôde deixar de rir um pouco das reclamações do mais velho.

—Sinto muito amor, eu juro que vou me redimir por isso quando eu voltar— Só então Zenitsu percebeu o que o ruivo estava sentado no chão coberto de neve enchendo uma cesta com carvão.

—Eh...? Você vai mesmo descer a montanha hoje?— Tanjirou concordou ainda com o sorriso em seu rosto que não havia tirado desde que Zenitsu apareceu.

—Sim, eu enrolei o máximo que eu podia, mas uma hora eu precisava voltar à trabalhar— Respondeu observando seu parceiro se aproximar.

—Mas não é meio cedo demais pra isso...? Você foi dormir meio tarde ontem...

—Eu quero acabar isso o mais cedo possível... Não quero voltar depois do sol se pôr— Zenitsu apenas o encarou por um momento antes de responder.

—Espera um pouco!— E voltar para dentro de casa.

Tanjirou achou a reação do loiro um pouco estranha mas não questionou, apenas voltou a encher sua cesta de carvão enquanto esperava que ele voltasse. Coisa que não demorou nem cinco minutos, assim que percebeu o menor se aproximar novamente de si e se ajoelhar ao seu lado o ruivo virou o rosto para ele novamente apenas para sentir a sensação de um pano úmido sendo passado de forma suave em seu rosto antes que ele sequer pudesse dizer algo.

—Eu sei que você trabalha com carvão e que isso faz uma sujeira danada, mas preste mais atenção ok? O seu rosto tá todo sujo, imagina se você vai pra cidade desse jeito, e...— Mas Zenitsu se forçou a parar ao perceber que havia algo de errado— Ahm? Tanjirou?

Tanjirou nem percebeu quando ele começou a chorar.

Ele não conseguiu evitar! Estava tentando ao máximo não pensar naquilo, mas quando sentiu seu amado limpar seu rosto daquele jeito ele só conseguiu se lembrar daquele fatídico dia de dezembro antes de sua vida mudar totalmente, quando sua mãe lhe limpou o rosto sujo de carvão sem saber que aquela seria a última vez que ela o veria tal como quase todos os seus irmãozinhos que ele amava tanto!

—D-Desculpa, eu...— Tentou se explicar; mas nenhuma palavra saiu de sua boca, então desistiu e apenas abraçou o menor.

—Ei... O que foi...?— O loiro perguntou preocupado enquanto o acolhia no abraço, sentindo seu marido literalmente soluçar de tanto chorar em seu ombro por algum tempo antes de continuar à falar.