Você e Ela - Mailila

Estão olhando

Pov: Marília

Meu mundo estava ali em meus braços, e eu não conseguia pensar em nada além de admirar a beleza hipnotizante da Maiara. Aqueles minutos pareciam um sonho que eu não queria acordar, uma experiência que eu não estava pronta para deixar para trás. Eu sabia que estava apaixonada, e isso era um fato inegável. Mas eu não podia — não com a Maiara, e muito menos com a Maraisa.

Quando meus olhos se encontraram com os dela, meu coração disparou, pulando de 0 a 10 em um instante. Jurei para mim mesma que não iria me deixar levar pelo amor novamente, mas o medo me consumia. Eu já havia me ferido antes, e a ideia de passar por isso novamente era aterrorizante. Não com a Maiara. Eu não queria que o belo momento que estávamos vivendo se tornasse um pesadelo. Mas como ignorar o envolvimento da irmã dela nessa confusão? Jesus!

— Marília?! Você está bem? — Maiara perguntou, colocando a mão delicadamente sobre meu peito, como se quisesse sentir a freneticidade do meu coração.

— Eu... eu estou! Por quê? — ri nervosamente, tentando disfarçar a tempestade de emoções dentro de mim.

— Seu coração está acelerado. Por mais que seja bom escutá-lo, tá meio descontrolado! — Maiara tentou me acalmar com seu jeito doce.

— Eu sei... Mas eu tô bem. Só estava pensando em você. — Um sorriso involuntário se formou em meu rosto enquanto admirava cada detalhe dela, da pele ao sorriso envolvente.

— Em mim?! Você pensa em mim e o seu coração... — A voz dela falhou, um misto de esperança e medo.

— Sim! Desde aquela noite eu... — Mas antes que eu pudesse me abrir, o celular dela tocou.

Ela atendeu, sua expressão mudando de súbita leveza para preocupação.

— Oi, irmã...

— Não, não tô ocupada... — O tom de hesitação dela me fez sentir um frio na barriga.

— Ah... tá bom! Eu vou então.

Quando ela desligou, percebi seu olhar frustrado.

— Não sabia que tinha falado pra minha irmã que iríamos ao shopping — ela disse, levantando-se para se arrumar.

— Droga! Eu me esqueci disso... — murmurei, cobrindo meu rosto. Começamos a nos vestir, e vi Maiara prender o cabelo em um coque, seus traços corados e marcados por mim.

— Que desculpa você vai dar?! — perguntei, segurando a raiva que crescia em meu peito pelas marcas no corpo dela.

— A gente não vai falar nada! A Maraisa vai fazer uma surpresa pra você. Finja que está apaixonada por ela... Não quero que ela sofra por minha causa — dissera, com um olhar firme.

Aquilo me feriu em mil pedaços.

— Maiara, você não me entende! — segurei seu braço, a urgência em minha voz era palpável. — Eu tô apaixonada por você!

— Você não pode! Você precisa estar com minha irmã! Ela me mataria se descobrisse que nós estamos... — Ela parou, respirou fundo, e eu vi a dor em seus olhos.

— Ok... Você não sente o mesmo por mim, né?! — perguntei, um nó na garganta.

Os olhos de Maiara se encheram de lágrimas, e a sensação foi como um tapa na cara.

— Não é isso, Marília...

O nó na minha garganta subiu, e a frustração me consumia. Não queria mais discutir. Querendo apenas sair dali e encontrar algum tipo de paz.

— Não importa o que seja! Vamos!! — empurrei a porta e saí.

Maiara me seguiu, o silêncio entre nós era pesado, com lágrimas nos olhos. Ao chegarmos à recepção para pegar o quarto, meu mundo girou rapidamente, mas eu não percebia a situação ao nosso redor, até que um som alto quebrou meu olhar.

Um tapa.

— Aquele é o... Droga!! — fui até Maiara, colocando-me entre ela e o homem que se aproximava.

— Se você bater na Maiara novamente, eu juro que te denuncio! — a raiva fervia em meu sangue.

O homem se calou, mas seu olhar debochado me enfureceu ainda mais.

— some daqui! Anda, e nunca mais toque nela! Não importa que ela seja sua esposa, quem tá cuidando e amando sou eu! — as palavras saíram mais alto do que eu pretendia.

Maiara sussurrou, preocupada com os olhares ao redor, mas eu estava tão furiosa que não me importava.

Girei ao redor e percebi que todos no motel estavam observando. Famosas ou não, isso poderia muito bem ser um escândalo.

Pov: Maiara

Eu sabia que ela estava apaixonada, assim como eu, mas a ideia de nos entregarmos a esse amor era perigosa. Quando vi o Fernando ali com duas mulheres em seu colo, meu coração despencou. Mas a visão de Marília se colocando entre nós foi algo que eu nunca havia experimentado. Ela estava me defendendo, algo que ninguém fizera por mim antes.

Fernando se foi, enquanto meu mundo se desmoronava. Marília estava certa; podia causar um alvoroço nas redes sociais, mas meu coração gritava pela conexão que compartilhávamos.

— E daí?! Não posso fazer loucuras por quem amo, Maiara?! — Marília estava furiosa e, ao mesmo tempo, vulnerável.

— É errado, Marília! — eu insisti, mas era um grito sem convicção.

Marília revirou os olhos, e eu sabia que a luta era interna.

— Por que é errado, Maiara?! Eu me apaixonei por você! Não me culpe por isso! — Sua voz falhava, revelando a dor que sentia.

Eu não queria machucar minha própria irmã, mas o peso dessa situação estava me sufocando.

— Você sabe que está com a minha irmã! Gêmea! Consegue entender o peso disso?! — O desespero crescia em meu peito.

Marília gritou, quebrando meu silêncio.

— Vou pro shopping... Diga pra Maraisa te esperar! — e ela saiu, sem olhar para trás.

Meu coração se despedaçou. O que eu podia fazer agora? Eu precisava ir atrás dela, resolver isso antes que fosse tarde demais.

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