Brigas e brigas

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Oiie pessualllll!!! Volteeeei

...

A atmosfera estava tensa quando Fernando gritou mais uma vez, sua voz ecoando pelo apartamento. O clima estava pesado entre nós, e a vontade de buscar apoio na minha mãe crescia a cada instante

- Não! Não e não, Maiara! Sua mãe não vai ficar aqui. Maraisa que se foda! - ele bradou, desaparecendo no banheiro.

Eu precisava de um respiro, de uma noite com minha mãe para esquecer as brigas e as inseguranças que já me consumiam. Precisávamos apenas celebrar o que ainda restava de um relacionamento que parecia se desfazer a cada dia, como areia entre os dedos.

- Fernando! Não fala assim da minha irmã! E por que minha mãe não pode dormir aqui?! Pelo menos uma noite! - indaguei, o tom de indignação deixando claro que a situação era mais insustentável do que ele imaginava.

Ele me olhou com fúria, e eu sentia como se os olhos dele pudessem me atravessar. A raiva dele era palpável.

-  Você quer que sua mãe veja o que você realmente é em casa?! Só trabalha e não dá um pingo de atenção para o seu namorado?! Você quer que ela veja que você é assim?! - Ele disparou, um desprezo que machucava.

Eu sabia que, no fundo, ele estava apenas projetando suas inseguranças, mas isso não aliviava a sensação de culpa que começou a se instalar em meu peito.

 -  Estou saindo! Se você quiser sair, pode ir! Não me espere, por favor. Vou sair com a minha mãe! - disse, irritada, enquanto me trocava rapidamente.

-  Pra onde você vai?! - Ele questionou, agora com um tom de voz mais controlado, embora a tensão ainda estivesse no ar.

Decidi ignorá-lo, um desafio que alimentava minha coragem.

-  Estou falando com você! Onde você está indo, Maiara?! - Ele levantou o tom novamente.

-  Vou buscar a minha mãe, já falei! A única diferença é que vou deixá-la aqui e sair para alguma balada, assim como fiz quando você saiu da última vez! - expremeram-se as palavras, um último golpe antes de eu sair.

Na verdade, eu não tinha intenção de ir a balada alguma; apenas queria provocá-lo mais, encontrar um espaço longe daquela briga que me sufocava.

A caminho do restaurante, o silêncio tomou conta do nosso carro, e minha mente estava uma tempestade. Assim que chegamos, minha mãe fez a pergunta que eu sabia que viria.

-  O que está acontecendo, filha? Você e o Fernando...

-  Estamos firmes, mãe! - respondi com um sorriso forçado.

- Filha, eu sei que ele está te traindo. Sua irmã comentou sem querer comigo... - Ela continuou, ignorando minha resistência.

Meu coração afundou. Se Maraisa estava falando com minha mãe, eu já via o desastre se aproximando.

- A gente está firme, mãe! Eu vou continuar com o Fernando, e não, ele não está me traindo. Isso é coisa da Maraisa! - minha voz tremia, mas não deixei de me afirmar.

O olhar de desapontamento de minha mãe me machucava. Era como se ao mesmo tempo que ela tentava proteger minha felicidade, ela estivesse tentando me proteger da dor.

No restaurante, as pessoas nos olhavam e comentavam. Era constrangedor, mas já não me importava. Sentamos para comer, e minha mãe, mais uma vez, trouxe à tona Fernando.

-  Você não pode seguir com ele, porque eu acho que...

- Você não tem que achar nada, mãe! Você tem que cuidar da Maraisa, que ainda está dentro da sua casa! Não eu! - minha voz elevou, irritada, e discretamente bati na mesa.

Você e Ela - MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora