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Enid analisava através da janela do trailer como Wednesday estava há quase uma hora deitada entre o matagal, admirando o céu. Ela só pôde identificar pois ela havia deitado com as pernas para fora.

Enid não queria ir até lá, afinal Wednesday queria ficar sozinha, mas a maior sentia que parte de sua vida era sugada a cada segundo que estavam naquele clima ruim, então ela decidiu que iria até lá sim e, caso Wednesday não quisesse falar com ela, então ela esperaria.

Abriu a porta do trailer e caminhou até ela, parando em sua frente com uma expressão triste em seu rosto.

-- Posso falar rapidinho com você? -- Enid perguntou e Wednesday a fitou. -- Eu vou ser rápida e prometo ir embora assim que eu falar.

-- Como assim ir embora? -- Wednesday perguntou rapidamente. -- Para o trailer. -- Enid esclareceu e Wednesday suspirou aliviada.

-- O que foi? -- Wednesday indagou se sentando e Enid se jogou ao lado dela, empurrando matos compridos com o corpo ao se sentar.

-- Preciso que acredite que eu não fiz de propósito. Eu sei que você não quer filhos agora, mas preciso que saiba que se você estiver grávida, nem que eu trabalhe dias seguidos, você vai ter uma gravidez segura.

-- Não é que eu não queira um filho agora. -- Wednesday disse e Enid segurou sua mão.

-- Nos tempos antigos seria estranho ter filho com tão pouco tempo estando juntas. -- Enid disse e Wednesday mordeu seu lábio inferior. -- Você quer se certificar de que dará certo, não é? O transplante de cromossomo.

-- Em um mês vai ser a primeira tentativa. E se der errado e eu estiver grávida? Não vou ter tempo de trabalhar tanto com uma criança.

-- Suas amigas nos ajudarão nisso e, bem, eu vou estar lá. Não é como se você estivesse sozinha nisso. -- Enid disse e Wednesday encostou sua cabeça no ombro da maior. -- Mas pense por outro lado, talvez você não esteja grávida. Sua menstruação acabou antes de ontem, os óvulos estão apenas amadurecendo ainda. Temos mais chances do que se estivesse no período fértil.

-- Mas mesmo assim, a gente transou
muito. Conheço as porcentagens de chance de estar grávida. -- Wednesday disse e Enid a olhou.

-- Desculpe. -- Wednesday negou com a cabeça.

-- Eu que peço desculpas, não deveria ter falado daquele jeito com você. -- Wednesday disse e Enid passou um braço pela cintura da menor. -- E se tivermos um bebê ele será bem-vindo.

-- E se estiver, bem, faltarão só quatorze.
-- Wednesday riu e se aconchegou nos braços de Enid.

-- Não teremos quinze filhos, esqueça esse sonho. -- Wednesday disse e Enid riu.

-- Está bem. -- Enid disse sorrindo.

-- E se eu estiver grávida, o vírus voltar e nosso bebê for menino? -- Wednesday perguntou baixinho, deixando sua respiração tocar o pescoço de Enid. -- Da outra vez morreram mesmo na barriga das grávidas Enid.

-- Não vai acontecer. O babaca do Reid morreu. Não teremos outra catástrofe dessas.

-- Eu tenho medo. -- Wednesday confessou e Enid a abraçou mais forte. -- Se essa merda voltar pode me tirar você.

-- Eu não vou a lugar nenhum. -- Enid disse acariciando as costas de Wednesday.

-- Obrigada. -- Wednesday sussurrou, sentindo um beijo em sua testa antes do silêncio se instaurar.

-- Amor, estamos no mato. Podemos dar uma aqui para nos despedir com estilo. -- Enid disse e Wednesday riu.

-- Você não sossega esse pinto.

-- Confessa que você gosta dele que eu sei. Ele é charmoso e bonitinho. -- Enid disse.

-- Ele é lindo. -- Wednesday disse rindo. -- Mas vou ficar com ciúmes desse amor incondicional todo que você nutre por ele.

-- Amor só por você. -- Enid disse e Wednesday ergueu a cabeça apressadamente.

-- O que disse?

-- Que amor só por você. -- Enid disse, esboçando um sorriso singelo. -- Não sei quando virou amor, mas eu te amo. -- O coração de Wednesday acelerou e ela ficou sem expressão por algum tempo, até que finalmente sorriu abertamente. -- Por isso vim me desculpar, levei semanas para voltar a te beijar, não quero te perder de novo.

-- Está dizendo isso só para transarmos aqui? -- Wednesday perguntou brincando.

-- Wednesday, não pode levar tudo na brincadeira o tempo inteiro. -- Enid disse o que Wednesday havia lhe dito uma vez e a menor riu.

-- Eu tenho duas coisas para te falar. -- Wednesday disse antes de depositar um beijo nos lábios de Enid. -- Uma é que eu também te amo.

-- E a outra?

-- Não iremos transar no mato. -- Enid olhou para o meio de suas pernas e suspirou.

-- Ela é perversa, viu só, meninão? Deu a notícia boa para logo tacar gelo no meu rabo.

-- Para de falar com ele como se ele fosse uma pessoa, Enid. -- Wednesday disse e Enid negou.

-- O meninão é da família, Wednesday. Eu sei, as meninas sabem e você também. -- Enid disse naturalmente.

-- Você está louca. -- Wednesday disse se levantando.

-- Ele foi meu único companheiro por anos. Não me critique. -- Enid disse se levantando também. -- É tipo onde o náufrago fala com uma bola, mas no meu caso são duas.

-- Fica quietinha, meu amor. -- Wednesday disse rindo, entrelaçando seus dedos nos da maior. -- Agora vem, é hora de irmos embora. Adeus meio do nada e olá grande cidade.

-- Sabe que vou precisar me esconder lá, não é?

-- Só por esse mês, estou apostando no transplante e ai todo mundo vai poder ter filho e vão deixar minha namorada gostosa em paz. -- Wednesday disse sorrindo e Enid assentiu.

-- Se me pegarem e decidirem assassinar a dona do último pênis, peça para cortarem ele fora, não quero morrer. -- Enid disse e Wednesday riu, começando a caminhar de mãos dadas com a maior de volta para o trailer.

-- Estou ouvindo ele reclamar dizendo
que isso é traição, porque ele diz que é da família. -- Wednesday disse e Enid assentiu.

-- Ele é, mas tenho chances de ser mãe, prefiro viver sem pinto do que não conhecer meu bebê. -- Wednesday se virou para ela e sorriu encantada.

-- Ele ajudou nesse processo. -- Wednesday disse.

-- Mas minha namorada é cientista e encontraria um jeito de ainda usar meus cromossomos Y mesmo sem o meninão. -- Enid disse orgulhosa. -- E ainda quero conhecer meu bebê.

-- Sabe que ouvindo você falar assim dá até vontade de torcer para dar positivo? -- Wednesday perguntou fitando as orbes azuis.

-- Então vamos voltar para o mato e foder o resto do mês todo lá que esse positivo sai. -- Wednesday negou e selou os lábios de Enid.

-- Não iremos transar.

-- Droga. -- Ela disse, deixando seus
ombros caírem.

-- Droga, comprei um binóculo a toa. -- Yoko gritou da janela do trailer ao lado e Wednesday a fuzilou com os olhos.

-- Yoko!

-- O quê? Eu queria ver ele em ação.

-- Veja porno.

-- Gosto de viver perigosamente, dá licença. -- Ela disse entrando e Wednesday negou com a cabeça. Estava cercada de loucas.

O Último Pênis - Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora