- 02_Noite_de_luar -

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Era noite, a lua jazia cheia e imponente no céu, a neve alva fora maculada pelo vermelho carmesim do sangue. O ar gélido adentrava os pulmões treinados de Polina que estava desesperada demais para respirar normalmente, o ar sempre vinha mas ele escapava rapidamente dela, sentia como se estivesse se afogando no seco.

A floresta de pinheiros que ela tanto conhecia a devorou enquanto as estrelas e a lua assistiam, e Polina se perdeu. A noite era tão silenciosa que ela podia ouvir os gritos ensurdecedores de seu coração que clamava pela ajuda de qualquer ser que pudesse ouví-la. Polina corria por sua vida ziguezagueando entre os pinheiros, por onde ela passava pintava a neve de vermelho. Polina era a mais rápida dos guardas florestais, mas a ferida em sua barriga a debilitou. Tentava não pensar no que causara seu ferimento, ela sabia muito bem que não deveria ter chegado tão perto daquela área da floresta, aquele lugar era cheio de tocas de ursos e lobos, aquilo definitivamente não era um urso , pensou Polina enquanto escorada em
um pinheiro.
Cansada de vagar sem direção tentou usar de seus conhecimentos para encontrar o caminho
de casa, vamos Polina pense! Disse ela para si mesma.

Um uivo longínquo quebrou o silêncio da noite, o som de passos pesados na neve fez o coração de Polina acelerar novamente, a primeira vez que seu coração se encontrou daquela maneira, Erick a pedia em casamento. Polina Yarkov, a russa bruta, estava com medo; mas quem na situação em que ela se encontrava não teria medo?
A mente ainda racional de Polina gritava a ela que corresse o máximo que suas pernas aguentavam, mas o corpo dela não respondeu, estava paralisada de medo. A silhueta escura e enorme caminhava pesadamente entre os pinheiros farejando o ar, Polina só foi capaz de tremer, suas pernas cederam e ela caiu. O som produzido pela queda alertou a criatura que ficou imóvel, os olhos amarelos fixos na mulher que tremia.
Polina correu desajeitadamente, depois de todos os anos observando animais, ela sabia que aquela coisa era mais rápida que uma Polina ferida. Enquanto as pernas de Polina davam seu máximo por ela, sua mente estava em outro lugar; em um chalé quentinho, perto da lareira de
tijolos vermelhos, sentada sobre o carpete uma garotinha de cabelos ruivos, com seu rostinho lotado de sardas e seus olhinhos verdes, a menina tomava chocolate quente enquanto observava o crepitar da chamas. Anika me perdoe, a mamãe não vai voltar pra casa essa noite, pensava Polina. Enquanto ela
corria desesperadamente a criatura caminhava calmamente, como se brincasse com sua presa.

A visão turva de Polina tornava inviável sua fuga, eventualmente ela caiu, o cansaço e o ferimentos a impediram, caída ela se arrastou pela neve pinçando-se apenas com a força de seus braços e instinto de sobrevivência.
Polina se arrastava sem expectativa de sobrevivência, mas preferia lutar até morrer do que entregar-se a morte; sua filha poderia dizer em seu enterro que ela lutou para voltar, saberia que não foi abandonada a própria sorte. Enquanto a lua é as estrelas se despediam e o os primeiros raios de sol tomavam seu lugar, Polina perdeu a força nos braços.

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