Tudo Começa em Daytona.

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But I would walk five hundred miles And I would walk five hundred more Just to be the man who walked a thousand miles To fall down at your door – Escutava com meus fones de ouvido enquanto esperava no meu trailer

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But I would walk five hundred miles
And I would walk five hundred more
Just to be the man who walked a thousand miles
To fall down at your door
– Escutava com meus fones de ouvido enquanto esperava no meu trailer. Na tela do celular dizia que era I'm Gonna Be dos The Proclaimers. "Eles mandam bem", eu pensei. Até que escuto uma batidinha na porta do meu trailer.

–PODE ENTRAR! – Eu grito. Com certeza é alguém da equipe querendo resolver algo, afinal estamos a um dia da Daytona 300 a prova de abertura e no dia seguinte é a Daytona 500, a prova de abertura da Cup.
–Netão! – Meu avô gritou ao entrar no trailer. – É falta de respeito não ir receber seu avô e chefe... – Ele disse com um tom debochado e orgulhoso, seus olhos brilhavam. – Bom, amanhã é sua grande estreia. Descansa e relaxa. Amanhã começa seu campeonato, mas lembre-se: Uma corrida não se ganha na primeira volta.

–Eu sei... – Disse nervoso coçando a parte de trás da cabeça percebendo que meu avô estava lá só pra me dar um puxão de orelha. Ele sabe que sou meio afoito. – Mas pode ficar tranquilo que vou me controlar, dar o meu melhor e não vou destruir o carro na primeira corrida.

–Acredito em você. Eu sei que não. Então... Até amanhã, neto. – E então ele saiu do trailer, provavelmente indo para o hotel onde está hospedado.

Particularmente, não estou nem um pouco afim de sair daqui. Não me leve a mal, amo correr, vivo para isso. Mas mesmo aqui na pista gosto de ficar sozinho, no meu espaço. Não gosto de ir para o Hotel antes da corrida. Gosto de ficar na pista, gosto de respirar esse ar com cheiro de asfalto emborrachado – risos –, gosto de ser o primeiro a ser informado caso alguma coisa aconteça com o carro. Felizmente não tive nenhum problema com ele.

O carro está bom, testamos ele na última semana, tivemos uma boa classificação consegui a décima-quinta posição – de trinta e oito pilotos é uma boa posição –, só estou preocupado com meus pontos. É meu primeiro campeonato regular. Corri ano passado, mas foi ano passado, não contava pontos, era só metade do campeonato. Como meu avô dizia "É bom pra ganhar experiência de pista" e, bom, ganhei. Não é à toa que estou com o mesmo carro que estava ano passado, o Toyota Supra #54. E olha, esse carro corre!

Mas não vou esquentar cabeça com isso. Calma, Biggs! Fui até o reservado do trailer, olhei no espelho, dei um sorriso com o canto da boca e pensei "Pelo menos você é bonitão". Isso sempre me acalmava. Olhei em direção minha cama e Senna dormia bem tranquilo. Senna é meu Jack Russel Terrier, um fofo. Sempre viajo com ele. Está a tanto tempo com na equipe que já se tornou a mascote da nossa garagem. Mas nada consegue diminuir essa ansiedade, eu sei que consigo.

Realmente a vinda do meu avô me deixou inquieto. E eu odeio isso. Dei uma volta dentro do trailer, fui até a janela e escutei gaivotas provavelmente voando ao longe e lembrei que estamos perto da praia, mas nunca fui muito fã de praia. Respirei fundo em uma última tentativa, mas mesmo assim a ansiedade por amanhã parece crescer. Como nenhuma das minhas tentativas resolveram, desliguei todas as luzes do trailer, segui até meu dormitório coloquei meu pijama e ao pegar meu iPad para iniciar uma leitura ou ver um filme, ainda estou me decidindo, me soltei de uma vez em minha cama. Ao fazer isso Senna acordou confuso emitindo um som de insatisfação e se aconchegou em mim logo em seguida. Gosto da companhia dele. Ele é o único que me entende.

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