Nas profundezas do Tártaro.

8. idontwannabeyouanymore.

"Was I made from a broken mold?"

🥀

Para minha total surpresa, a tarde de domingo foi chuvosa. Passei a maior parte do tempo deitada na cama escutando o barulho da chuva e lendo o livro que Zeus havia me indicado.

Meu cérebro tinha um brainstorming sobre onde cada membro da minha casa poderia estar.

Sem conseguir mais me concentrar na leitura, graças às variados cenários que envolvia Hades e não Peeta, resolvi tomar um banho; Lavei os cabelos, dei hidratação e até passei produtos no rosto como Bárbara sempre fazia no orfanato.
E no final de tudo quando me olhei no espelho, acabei dando um sorriso. Não poderia falar que estava feliz com a minha aparência, até porque queria ser de outro jeito, mas o que mais poderia fazer?
Se pudesse escolher ter outro corpo, outro rosto ou ser outra pessoa, eu escolheria.

Coloquei um vestido rosa que usava para ficar de preguiça em casa junto com meias 3/4 brancas e desci as escadas descalça. Provavelmente não havia ninguém em casa, pela a primeira vez parei para analisar os quadros que havia na escada, no terceiro andar havia um de ser parecia ser Tantâlo, condenado a viver nas profundezas do tártaro, era uma pintura provavelmente da época renascentista, havia o homem na própria desgraça dentro da água e tentando alcançar a maçã brilhante bem a sua frente, era possível ver em seu rosto o sofrimento que passava.

Desci para o segundo andar e vi a pintura de Gaia, parecia ser contemporânea, Gaia segurava a Terra em suas mãos e a olhava com um olhar de ternura, seu corpo todo era pintado de azul e verde. Era lindo, mas algo nele me deixava insatisfeita, desci para o primeiro andar, o quadro estava no corredor, depois de descer a escada, me virei para a pintura e dei um sorriso.

A famosa obra de Michelangelo, A criação de Adão. Deus e Adão com seus dedos estendidos e quase tocando, era lindo realmente, não sabia explicar o por quê. Era bonita a forma que Michelangelo pensava, em fazer Deus dentro de um cérebro como se fosse ele a criação, não Adão.

Escutei um barulho na sala e franzi as sombrancelhas descendo as escadas devagar, me confortava lembrar de todos aquelaa câmaras de seguranças que tinha na casa.

Câmeras de segurança não podem te defender, meu lado racional gritou e ignorei.

Fiquei surpresa a ver Hades, ele estava de capuz e ainda não havia me visto, estava focado em um jogo na televisão, parecia ser de luta, os personagens brigavam no que parecia ser o inferno?

Memórias do sonho vieram em minha mente e balancei a cabeça para me livrar deles. Eu veria Hades apenas como um irmão agora, isso, havia decidido.

Mais determinada que o normal, caminhei devagar até o sofá creme e Hades me encarou.

- Ah, oi Perséfone. - Ele sorriu para mim e voltou a atenção rapidamente para o jogo. Me sentei um pouco afastada dele e encarei a televisão.

- Qual é você? - Perguntei tentando criar um assunto.

- Sou o de azul. - Revelou e logo depois fez um golpe que jogou gelo sobre seu adversário. Você ganhou. Ele sorriu convencido e levantou as sobrancelhas enquanto me encarava.

- Quer jogar? - Ofereceu um controle, Hades de capuz ficava tão lindo. Balancei a cabeça e fechei os olhos, dispensando os pensamentos. - Está tudo bem? - Ele me encarou com os olhos franzidos.

- Ah, sim, hm, tudo bem sim, eu quero jogar, mas eu não sei. - Peguei o controle branco em mãos e o analisei. Hades chegou mais perto de mim e senti meu corpo começar a esquentar.