IX CAPÍTULO: ÚLTIMO TRABALHO

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IX CAPÍTULO: ÚLTIMO TRABALHO 

Michel: - Eu não faço isso por mim!

Marlon: - Então o faz por quem?

Michel: - Para garantir a vida da minha família e a sua também...

Marlon: - Eu consigo me virar sozinho!

Michel: - Mas a minha família não!

Marlon: - Para de fazer as coisas pelos outros, pense também em você...

Michel: - Como pode me pedir para parar de pensar em minha família...

Marlon: - Desde que a mesma lhe obriga a fazer coisas ilícitas!

Michel: - Olha só quem fala, alguém que carrega sangue de alguém em seus braços...

Marlon: - Ao menos carrego em minhas mãos e você? - De onde carrega?

Eu achara que estava dentro do controle, mas por um descuido me equivoquei e deixei escapar algumas palvras que as podiam ferir.

Marlon: - Não Michel, não é isso que eu queria dizer...

Ela simplesmente me olhou com um rosto entrestessido e se trancou numa dos salas.

Eu, carregado da minha consciência achei melhor lhe deixa-lá sozinha e saí daquele lugar.

Não há pior pensamento do que o peso na consciência. O peso na consciência é capaz de desestruturar toda a sua estatura, quebrar o seu eu e acabar com todo o seu raciocínio.

Eu queria ter lhe pedido desculpas, mas o orgulho falou mais alto. Trêmulo e sem saber o que fazer entrei no carro e segui adiante.

Parti para o mais longe que conseguira, a velocidade era como o mar, me atraira e quase matara.

O carro dispistou-se e eu contraí alguns ferimentos leves.

"A Vida É Cheia De Lições E A Mesma Me Ensinou Que Sempre Precisaremos De Alguém Nos Bons Ou Nos Maus Momentos."

《Michel Narrando》

Eu o queria de verdade, mas a vida noturna era o meu ganha pão. Então nesse vai e vem da reflexão. Fiquei pensando em como gerir aquela situação.

Decidi fazer os meus trabalhos de uma forma diferente, ao invés de sair as ruas, marcava encontros online e só tinha que sair quando fosse solicitada.

Negligenciei a possibilidade de ter que largar a minha vida e o meu único ganha pão, por causa de um amor bandido.

Os dias foram se passando e ele não desconfiara das minhas saídas, pois evitara sair de noite e alegava ir visitar a minha família.

O negócio estava andando e os clientes estavam aparecendo de uma forma explosiva. Por mais que eu não o fizesse pelo amor ou prazer, já não dava para continuar fingindo para ele.

Pois a cada dia ele demonstrava que me amava de verdade e que estava dispostso a arriscar tudo só para garantir a estabilidade do nosso relacionamento e da minha família.

Eu queria mudar, mas para tal tinha um último cliente que devia o satisfazer.

O encontro estava marcardo para 18h e eu me aprontava com todo o cuidado.

Eu tinha que vestir a minha lingerie escondida dele e por cima colocar as roupas mais comuns de uma mulher descente.

Marlon: - Para onde vais meu amor?

Michel: - Eu vou sair um pouco, tenho que ver a minha irmã doente...

Marlon: - Mas você lhe vê todos os dias mor...

Michel: - Prometo que a próxima semana eu fico aqui só para ti meu amor!

O beijei e saí.

No caminho refletia no que acabara de fazer, eu menti em nome da minha família e para a pessoa que eu amava.

Eu queria parar de vez e voltar para os seus braços definitivamente.

Era a minha última noite, meu último cliente e meu último trabalho. Mas o que eu não sabia, era que o mesmo decidira me seguir naquela dia.

Chegado no "montel" despi-me daquelas roupas e como uma garota de programa fiquei.

Atravecei a rua em direção ao homem que me esperava do outro lado da porta.

Decidida estava e com a máxima certeza de que era a última vez que me deitasse em lençóis do pecado e me entregasse ao diabo branco.

Mas nem tudo é como aparenta ser, enquanto atravessava senti o meu corpo subindo e voando e a terra me puxando de volta ao chão.

MOTIVOS PERVERSOSOnde histórias criam vida. Descubra agora