Capítulo 1

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TARA

- É a terceira esse mês, Castle.

Tara disse ao observar o corpo sem vida deixado sem cerimônia em um dos becos da cidade.

- É essa maldita algema. – Alec disse, segurando a ferramenta odiosa cheia de sangue seco.

Tara observou o rosto concentrado de Alec, as sobrancelhas franzidas atrás dos óculos. Ele era o mais esperto entre eles e o mais próximo de um técnico forense que A Resistência poderia conseguir.

– Cabos de aço. – Disse, ajoelhado ao lado da vítima, cutucando com um lápis o metal retorcido. A peça rangeu e a circunferência das algemas diminuiu. – Programadas para se apertarem quando forçadas. Não foi uma morte rápida.

- Ao menos ela lutou.

Tara e Alec se encolheram com o tom de Castle. O líder da Resistência no Terceiro Quadrante podia ser implacável quando queria. Principalmente quando se tratava de seguir as regras do Comando. E por aqui, se rebelar contra a Aliança dos Nove Reinos era a maior de todas as regras. Não importava que a mulher houvesse perdido as mãos e sangrado até morrer, desde que tenha se rebelado até o último suspiro.

- Recolha a algema, Alec – Castle ordenou com um suspiro. – Descubra o que puder sobre ela.

- Para que? – Tara não conteve a pergunta.

Alec desenvolveu um interesse sobrenatural na poça de sangue aos seus pés. Era o que todos faziam quando Tara questionava o líder. Aparentemente a única com coragem para fazê-lo.

- Porque eles estão nos eliminando um a um bem embaixo dos nossos narizes. – O líder respondeu, inabalado – Quando a hora chegar, quero retribuir o favor.

Castle deixou o beco em seguida. Tara observou as costas dele enquanto se afastava, a frieza diante do corpo brutalizado.

Tara achava que já teria se acostumado àquela altura. Era ela normalmente a primeira a chegar nessas cenas, para tentar farejar alguma pista e parar o agressor antes que atacasse novamente. Mas a verdade é que não se acostumava. Não conseguia. E o sangue rebelde também não a deixava se afastar daquilo.

- Me pergunto quando a calma dele vai acabar em relação às suas perguntas. – Alec disse, recolhendo a algema com cuidado e depositando num saco fechado à vácuo.

- É só ele parar de agir como um bloco de gelo a cada vez que encontramos um corpo.

- Se Castle desabar a cada corpo que encontra não vai sobrar nada dele, T.

Tara sabia que era verdade. Castle era extremamente leal aos propósitos Da Resistência, mas nunca fora cruel. Lidava com uma pressão que ela só podia imaginar. Motivo pelo qual ela mesma nunca aceitou uma promoção nas fileiras Da Resistência. Ficaria no trabalho de campo enquanto pudesse, mesmo que a levasse sempre a cenas como aquela.

- E não finja que Castle não tem sentimentos. – Alec continuou, agora tirando fotos do corpo. - Se tem alguém que sabe bem disso é você.

Ah, isso.

- O homem está esperando, Tara. Alguns dizem que isso é outro tipo cruel de tortura.

- Alguma relação entre as vítimas? – Tara cortou. A última coisa que precisava era discutir sua vida sexual com Alec. Por sorte, ele mordeu a isca.

- Maiores de idade. Sem sinais de violência, bem, além do óbvio. Sem família. É fodido e deturpado, mas acho que estavam apenas brincando com elas.

O punho de Tara se fechou, as unhas marcando a carne até doer. Só havia um grupo fodido o bastante para achar isso uma brincadeira. Um grupo que poderia fazer o que bem entendesse com a certeza de que sairia impune.

Young LokiOnde histórias criam vida. Descubra agora