Ele nunca achou que aquele dia chegaria. Na verdade, torcia para que jamais chegasse. A ansiedade deixava seu estômago embrulhado, mas ele precisava ir. Brian precisava garantir que não estava desistindo rápido demais, jamais se perdoaria se abrisse...
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Cada gesto que o homem fazia era como se uma faca afundasse mais um milímetro em seu coração. Barba, cabelo, banho, roupas, chamar pelo táxi. Pensou em pegar carona com sua irmã, mas ela seria a madrinha, certamente tinha coisas mais importantes para se preocupar do que buscá-lo no centro da cidade.
Na verdade, quando ele demonstrou sua intenção de ir, ela deixou sua opinião cravada no rosto dele — todas as cinco marcas de seus dedos.
— Você já não destruiu a vida dela o suficiente?
Ela o tinha convidado, não tinha?
É, Elizabeth tinha sido contra aquilo também.
Se Astrid o queria lá, ele iria. Por mais que doesse em sua alma vê-la se casando com outro. Ele precisava saber se havia acabado de verdade. Talvez aquele fosse o jeito dela de ter certeza, afinal. Colocou as abotoaduras a tempo de ouvir o celular tocar. Olhou pela janela da pensão e acenou para o motorista: "Já estou a caminho". Vestiu seu paletó e puxou o sobretudo, vestindo-o no caminho até a porta.
— Pynes House — pediu ao estranho, que ajeitou a boina ao concordar.
Então, iniciaram-se os trinta minutos mais longos da vida dele. Nos primeiros trinta segundos, Brian teve a sensação de olhar no relógio ao menos cinquenta vezes, mas ainda era melhor do que o que viria a seguir.
Memórias.
Memórias felizes com ela.
Memórias sobre o quão perfeitos eram antes de tudo desmoronar.
❆
— Nós vamos perder o início do jogo! — Brian apressou a irmã, deixando um longo suspiro frustrado escapar pelos lábios enquanto balançava a cabeça em negação.
De pé em frente à porta dela, batucava os dedos ansiosos na cintura, mas fez uma careta exagerada quando a mulher desceu as escadas com uma muda de roupas "normais".
— Cadê a camisa do Manchester que te dei no início da temporada? — protestou, erguendo uma das mãos para que a garota parasse onde estava.
— Eu não achei. — Deu de ombros, pegando sua bolsa e o telefone.
— Betsy! — a repreendeu.
— O quê? Por acaso você quer se atrasar ainda mais? — Elizabeth acusou, arqueando uma sobrancelha ao cruzar os braços. Ele pareceu pensar por alguns instantes, mas um novo suspiro frustrado escapou por seus lábios antes de dar passagem à irmã. — Foi o que pensei.
Chegaram ao pub no exato minuto em que o jogo começou, para a felicidade da mulher, já que o irmão falava como se faltassem apenas dois minutos para o fim do campeonato. Enquanto ele foi até a mesa dos amigos, Betsy seguiu para o balcão para pedir uma nova rodada.
