Bye Bye

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*História ficctia sem nenhum comprometimento com a realidade ou as figuras públicas mencionadas*

Silêncio.

Tlac-tlac-tlac.

O barulho de seus saltos ecoando naquele prédio era o único som que se ouvia no corredor. Ela já estivera na Esplanada dos Ministérios anteriormente. Dava-se para contar nos dedos as pouquíssimas vezes que visitou o Ministério da Economia no governo anterior, nas reuniões que se tinha de portas fechadas com alguns senadores. Mas, ao que parece, todos os edifícios possuem a mesma estrutura: piso de mármore branco extremamente brilhoso e o contraste de paredes de madeira clara que trazem uma sensação de acolhimento e elegância para os corredores do Ministério do Planejamento e Orçamento. A cada porta que Soraya passava, devido a sua altura empinava um pouco a cabeça para ler o respectivo nome escrito na porta, mesmo no salto agulha. Ela franzia os olhos para poder ver melhor, todavia, nenhuma das portas que passou naquele corredor pertenciam ao nome que procurava.

A recepcionista havia dito: era no terceiro andar, ela não poderia ter errado, poderia? Não! Ela ouviu certo. Era apenas sua mente lhe pregando uma peça, puxando uma saída de escape para que ela desistisse de toda a coragem que reuniu durante o dia para chegar até lá. Das horas que ficou se arrumando, ficando cheirosa, escolhendo a melhor roupa.... E após alguns minutos ela estava prestes a ir embora quando ao chegar ao final daquele longo corredor viu dois caminhos: um para esquerda, onde as luzes no final estavam baixas e apenas um funcionário vestindo o característico uniforme cinza escuro da equipe de limpeza trabalhava, ou virar para a direita onde ao final do corredor havia uma porta de madeira, igual as outras daquele labirinto de blocos - que chamavam de prédio - só que maior.

Tlac-tcla-tclac

Soraya virou a direta e caminhou a passos apressados até o final do corredor. Não havia uma alma viva naquela direção, e ela já esperava por isso. Afinal já se passava das 17 horas numa sexta-feira. Absolutamente nenhum funcionário público "raiz" trabalha nesse horário, especialmente em Brasília.

Não precisou reler duas vezes o mesmo nome antes de girar a maçaneta e abrir a porta. Ao entrar, seus olhos encontraram as cadeiras da assessoria e da secretária completamente vazias, os papeis em cima das mesas de madeira estavam cuidadosamente organizados e os computadores desligados indicando que o expediente havia acabado. Ela suspirou aliviada, mesmo sabendo que era o cenário que esperava encontrar.

Então caminhou até a porta principal. Ajeitou os cabelos, colocando uma mecha loira atrás da orelha. Arrumou o cinto que marcava o seu belíssimo corpo no seu melhor macacão e inspirou profundamente fechando os olhos por breves segundos. Soraya se sentia ansiosa como na época da adolescência quando saia de casa para fazer algo errado que seus pais não a permitiam fazer.

Ela não era mais adolescente, mas com certeza iria fazer algo errado.

Muito errado.

Estava desesperada por aquilo, em abstinência daquele vicio, daquela droga, chamada Simone Tebet que a impedia elaborar qualquer pensamento racional.


********

A Ministra de Estado caminhou até a janela que dava a visão para os jardins entre um prédio e outro dos blocos que compõem a Esplanada. Mesmo no final do dia, a incidência de raios solares permanecia ainda alta no céu, com temperaturas altas, sem vento. Decorreu exatamente igual aos outros dias da semana. Em breve o sol iria se pôr e ela iria baixar as persianas das janelas exatamente igual aos outros dias. Porque, mais uma vez, estava ficando em seu gabinete por mais horas do que imaginava naquele começo de governo. Ela não reclamaria, amava trabalhar. O trabalho sempre a impediu de que as suas distrações pessoais tomassem conta da sua mente. E Simone agradecia por isso.

Bye Bye - [Simone e Soraya]Onde histórias criam vida. Descubra agora