Capítulo 7.

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JOE

Ele sabia que não deveria ter ficado no chalé, sabia que não era uma boa ideia.

Já faz quase um mês desde o término e ele continua se sentindo perdido. Passar uns dias longe disso tudo teria sido uma boa ideia. Faria ele esquecer Lana de vez, talvez. E Mary gosta dele, ela é uma boa amiga, ela o receberia bem.

Mas agora ele dirige de volta para casa, depois de ter ficado bêbado na noite passada e contado sobre o término para Dacre e Mary, depois de ter revivido aquela noite, pedacinho por pedacinho e contado a eles que eles meio que foram o começo de toda a discussão. 

Ah, claro, além de ter visto o que viu.

Talvez ele nunca mais consiga olhar nos olhos de Mary.

Joe pega o celular e liga para Cory, ele precisa contar ao amigo que viu a namorada dele se masturbando. 

Essa conversa não vai ser nem um pouco fácil. 

🎶

As risadas de Cory ainda ecoam dentro do carro, mesmo depois dele desligar a ligação. Joe está chegando no apartamento de June, guardando a Dorothea na garagem. Ela disse que ele podia usar o carro sempre que precisasse, mas ele não tinha muitos motivos para sair de casa. Ele sentia falta de Lana e tudo na cidade faz ele se lembrar dela. 

Por isso, ele prefere ficar trancado em casa, jogando vídeo game e assistindo uma novela irlandesa.

Joe sabe que não é fácil reconstruir um coração que foi partido em mil pedaços, ainda mais quando a única pessoa que tem a cola certa para grudar os cacos é a mesma que o deixou em pedaços. Lana não o quer e ele sabe que também está sendo orgulhoso, se recusando a dar o primeiro passo, mas ele não quer se humilhar tanto assim. Ela já o machucou tanto e tantas vezes que não faz sentido continuar correndo atrás dela. É como apostar corrida em uma pista sem marcação, se não tem um ponto de partida, você só está correndo em círculos. E uma hora ou outra você acaba desistindo. 

Ele quer desistir, mas ainda não se sente pronto para isso. 

🎶

LANA

Existe uma doença que afeta um músculo cardíaco, causando uma disfunção súbita do ventrículo esquerdo. Essa doença é conhecida como Síndrome do Coração Partido. Pode parecer ridículo, mas algumas pessoas já morreram disso, apesar de ser uma coisa tratável. 

Lana acha que vai morrer. 

Ela precisa ser sincera consigo mesma e admitir isso de uma vez. Lana chegou até a marcar uma consulta com um cardiologista, morrendo de medo, mas Fantini a fez desistir. Só que o coração dela não parece estar bem, o peito dói de forma constante e ela sente um peso até na respiração. 

Ela tem certeza que vai morrer.

Sente falta de Joe como se ele fosse uma parte dela, um membro do corpo que foi arrancado, apesar de não ser bem assim. 

A ausência física dele é uma tortura, claro, mas o que está a matando são todos os vestígios que ele deixou. 

Seus quadris, seu cabelo, o rosto, o coração, a alma... Ainda é difícil achar uma parte em que ele não a tocou. A cama tem o cheiro dele, assim como as roupas dela. Lana nunca mais subiu no terraço, ela mal consegue olhar para os móveis da sua sala no consultório. Joe está em cada maldita coisinha. 

Ele está até no raio de sol que toca a bochecha dela pela fresta da cortina toda manhã. 

Acordar é sempre um pesadelo, principalmente por causa dos seus sonhos. Lana perdeu as contas de quantas vezes o amou durante o sono, quantas vezes chamou por ele ao longo da noite. 

Burn FastOnde histórias criam vida. Descubra agora