A noite

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Sinceramente, eu achei que o jantar nunca ia chegar, mas pelo menos, a gente colocava as informações no lugar. Infelizmente, a Turma do Castelo, como a gente os apelidou, não achou muitas informações sobre o desaparecimento, somente a minha certidão de nascimento, uma pintura de nós quatro, e um sapatinho que caiu de Anna quando o sequestrador a pegou. Mas isso não era o suficiente. Não tinha como ter digitais sendo que estava de luvas, como Gaston disse, ele contou também que ele ouviu um barulho perto da porta e quando ele foi ver, uma mão com um paninho tampou sua boca e ele desmaiou. Ou seja, Gaston só acordou horas depois e não sabia de nada. Nós, a Turma do Campo, achamos a "certidão de nascimento" de Anna, as roupas que ela estava quando foi achada e descobrimos que os pais adotivos de Anna a havia salvado. Nós não tínhamos muitas coisas para fazer a respeito do tal homem, pois ele morreu a 11 anos. Ficamos discutindo possibilidades e...
- Agatha! - escutamos minha mãe gritar lá de baixo.
- E agora? - eu olho para Anna.
- Ah querida! Você vai descer! Eu não aguento mais bancar a princesa não!
Faço uma careta para ela e me ajeito e desço.
- Sim mamãe!
- Por favor querida, peça para todos descerem, quero conversar com as meninas de Luiza e também vamos jantar.
Eu olho no canto de olho para Sra. Jeerson e vejo o desespero em seus olhos, penso em uma desculpa para Anna não descer de imediato.
- Tudo bem, mas hã... - tento lembrar o nome que Anna se deu - Alice, Alice não está muito bem!
- O que houve? - papai olha para mim preocupado.
- Mal estar só!
- Vou ver como ela está! - mamãe se levanta.
- Não precisa! Berenice está com ela, tá um fedor lá. Por favor, não se preocupe.
Ela me olha seriamente mas senta de volta, eu dou um silencioso suspiro. Subo correndo as escadas:
- Anna! Finja que está passando mal!
- Quê?
- Finja que você estava vomitando e que está muito mal!
- Ué! Pra quê?
- Mamãe quer falar com você e Ametista e já vamos jantar. Ela não pode saber ainda! Berê! Ajude ela por favor!
- Sim alteza! - Berê corre para meu armário e pega meu kit primeiros socorros.
Nós todos descemos e Anna fica lá em cima.
- Tem certeza que não posso ver como ela está?
- Temos mãe! - Toninho fala antes de mim - Berê já está cuidando de tudo. Não precisa...
CRASH! Toninho para de falar e olha para mim, eu não penso duas vezes e corro até o meu quarto.
- Meu Deus, vocês estão bem? O que aconteceu?
- Desculpa, eu derrubei sem querer! - Anna diz olhando para as minhas mãos.
- Está tudo bem Celeste! Já estava acabando, não fiquei assim! - ouço passos - Acho que a mamãe está subindo. Berê, pense em algo por favor. Vem Anna!
Berê assente com a cabeça e eu pego a mão de Anna e saímos correndo do meu quarto. Quase perto da escada, nos abaixamos do lado de um grande vaso enquanto ouvimos mamãe falar com Berê.
- O que aconteceu?
- Eu derrubei o frasco sem querer!
- Alice está bem?
- Sim majestade!
- Berenice, onde está as meninas?
- Eu não sei!
Escutamos mamãe sair do quarto, Anna começa a andar para trás.
- Anna!
Tenho segurar sua mão, mais nós duas acabamos indo escada a baixo. Mamãe aparece, desce as escadas e me olha seriamente.
- Agatha! O que está havendo?
Eu me levanto e ajeito o vestido. Toninho se agarra ao meu braço, Anna se levanta, pega a minha mão e aperta.
- Mas o quê?
Papai vai para o lado da mamãe com uma cara assustada.
- Não pode ser!
- Vocês trocaram de lugar?
- Hã... - eu olho para Anna - Sim!
- Aí meu Deus! Anna! - mamãe corre e abraça Anna, que retribuí o abraço. Papai vai e abraça Anna também.
- Ah meu amor! Eu não acredito que esse tempo todo eu estive do seu lado. Desculpa ter te falado tudo aquilo. Mas espera!
A expressão carinhosa se transforma em raiva e se vira para a mesa.
- Você estava com Anna! Você a sequestrou!
- Não! Não faríamos isso! - Lúcio diz com tristeza nos olhos.
- Mas estava com ela! Sabiam que ela era a nossa filha e nunca vieram dizer nada! Ficamos por anos procurando ela sem esperanças. - papai fica mais sério - Pode prender eles!
- NÃO! - eu grito, escuto Anna começar a chorar e Toninho aperta minha mão.
- Quê? - papai se vira para mim.
- Não vai prender eles. - eu me viro para os guardas - Solte eles!
- Alteza! - Harmon olha para mim.
- Quieto Harmon!
- Mas... - ele tenta.
- AGORA! - eu sinto meu coração bater mais rápido.
Harmon obedece e solta Luiza e Lúcio.
- Agatha, não estou entendendo sua atitude. - mamãe fala.
- Querem discutir? Vamos discutir! - aperto a mão dos meus irmãos, e sinto eles apertarem de volta - Primeiro ponto é que vocês nunca tentaram dizer para nós que tínhamos uma irmã, segundo ponto é que vocês sabem o que poderia ter acontecido se o cara não fosse atropelado?
- Filha... - meu pai olha para mim com uma expressão assustada.
- Responda! - sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Querida... - lágrimas escorrerem pelo rostro de mamãe.
- Ela podia estar morta! Ou vai saber o que mais! Se não fosse a Sra. Luiza talvez Anna nunca estaria aqui. Ela a salvou! - papai abre a boca e mostro a minha mão o interrompendo - Se coloque no lugar dela, imagine se você descobrisse que você nunca poderia gerar uma criança e nesse mesmo dia você acha uma criança recém nascida em apuros.
Eu olho para Luiza que chora e para Ametista de mãos dadas com Manun e Jane, e chora também.
- Ela tinha medo da alegria dela ir embora junto com Anna. Ela sempre teve medo. Pense nela mãe. Você tem 3 filhos. Honre o seu nome... Majestade.
Olho para Luiza novamente que sorri para mim. Vejo que meus pais trocam olhares tristes.
- Me desculpa filha. Nunca pensei nisso. - ela chega perto de Anna e enxuga as lágrimas dela - Me perdoa meu amor!
Anna a abraça e chora mais. Mamãe vai em direção de Luiza.
- Me desculpa Luiza! Me desculpa mesmo! Fui insensível com relação a isso. Obrigada!
Elas se abraçam e vou em direção a Luiza.
- Obrigada querida! - Luiza pega as minhas mãos - Eu te devo por isso! Desculpa por tudo.
- Você não deve nada para mim, e não deve desculpas. Eu te agradeço por salvar a minha irmã.
Dou um abraço bem apertado nela e olho para Lúcio e sorrimos um para o outro. Corro para Ametista e a abraço.
- Obrigada Pink Baby! - ela sussurra para mim.

Para Sempre IrmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora