contos de fodas

obedeça os mais velhos

O dia amanhecia frio, pássaros cantavam de seus ninhos anunciando mais uma nova manhã.

Os rastros da chuva forte ainda eram perceptíveis no local, o aroma de relva molhada viajava por todo o bosque e a névoa dissipava-se aos poucos com a chegada do sol.

Na bela casa do bosque, a família que lá morava acordou com a disposição de sempre, os mais jovens iam ao poço buscar água enquanto os mais velhos trabalhavam, cuidavam dos animais e preparavam comida.

Era uma família pequena e humilde, composta por cinco pessoas, três irmãos, um pai e um tio. Desses cinco, um se destacava em vários aspectos, além de sua beleza inigualável, educação e uma sabedoria que muitas vezes era incompreendida, Asmita era um jovem cego de saúde frágil e isso o tornava mais encantador do que aparentava pois mesmo sendo assim vivia como uma pessoa normal sendo amado por todos.

E naquela manhã enquanto Asmita junto de seu irmão menor, Shion, tiravam baldes de água do poço um mensageiro chegava da cidade para lhe entregar uma carta.

"Asmita, lembre-se de suas visitas. Estou te esperando em casa." - Shion leu o pequeno lembrete enviado por Dégel, o curandeiro da floresta que cuidava de alguns problemas de saúde do irmão.

- Realmente faz um bom tempo que não o vejo, não tive mais problemas desde a última visita. - Asmita comentou.

- Depois que a gente terminar com esses baldes você conversa com o papai. - o pequenino guardou o papel em um dos bolsos e continuou com o serviço, depois de encherem os quatro baldes de água os dois voltaram para casa.

Antes mesmo de entrarem suas barrigas roncaram de fome, estavam famintos, o cheiro delicioso de bolo corria solto pelo vento e até o momento eles não haviam colocado um copo d'água na boca. Assim que entraram em casa, Shion rumou para a cozinha encontrando apenas panelas sujas de massa e um enorme bolo no forno a lenha, a criança estava faminta e comeu um pouco da massa restante para aquietar o estômago. Asmita veio em seguida procurando o irmão e ao perceber que ele mexia em panelas sujas o tirou de lá às pressas, se seu pai visse aquilo era castigo na certa e Asmita não poderia deixar que seu irmãozinho que sempre o acompanhava ficasse trancado em casa.

- Você sabe que não pode comer isso Shion, espere mais um pouco pelo bolo. Vamos encher os potes, certo? - o menino virou o rosto emburrado, ele nunca ficava doente comendo aquilo e agora não seria diferente, mas resolveu ajudar o irmão antes de terminar com o seu serviço pessoal, provavelmente seu pai demoraria um pouco pois no momento cuidava das ovelhas junto com o tio, então só havia ele e Asmita ali dentro.

Quando terminou de encher o pote Shion voltou correndo para a cozinha e praticamente limpou as panelas, foi tão rápido que Asmita sequer percebeu e quando Hakurei e Sage voltaram ficaram surpresos e até parabenizaram o menino pelo feito, já Asmita ficou com uma pulga atrás da orelha mas preferiu ficar em silêncio e informou sobre o chamado de Dégel.

- Já faz meses que não pisa lá. Seria bom ao menos fazer uma visita, aproveite que fiz bolo e leve um pouco para ele. - Sage separou alguns pedaços depois que o bolo ficou pronto, deixou-os dentro de uma cestinha para Asmita levar quando saísse.

- Certo pai, vou com Shion hoje a tarde. - Asmita adentrou na cozinha tateando a mesa procurando uma cadeira para sentar, ouvindo um longo suspiro do pai enquanto colocava um pouco de bolo em seu prato.

- É melhor irem ao meio-dia e voltem o quanto antes. Está tendo rumores de um desconhecido andando por essa floresta e ninguém sabe o que ele quer. - Asmita ficou tenso ao ouvir a notícia, ultimamente vinha presenciando coisas astranhas enquanto passeava perto de casa mas não era nada que o prejudicasse, entretanto não deixou de imaginar que tivessem relação.