Capítulo 5

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POV's Safira Winter

Dizer que a noite foi tranquila era mentira, verdade é que chorei tanto ao ponto de ter apagado em algum momento e ter tido vários pesadelos que envolviam um rosto assustador e a escuridão.

Quando acordei pela terceira vez decidi não tentar mais dormir, não tinha porque voltar a vê-lo nos meus sonhos e o quarto já estava todo iluminado também.

Minha barriga doía e roncava tanto que eu achei impossível continuar viva, essa era a primeira vez que eu tinha experimentado tal sensação.

Era uma queimação muito forte que no momento chegava até a encobrir a dor em minha intimidade.

Céus! Parece que faz séculos que não como!

Mas eu iria esperar, até porque não tinha outra escolha.

Fui tomar banho novamente e senti uma enorme cede ao ver a água do chuveiro.

Será que me faria mal?

Seria bom se eu morresse de uma vez mesmo.

Aproveitei e devo ter bebido dois litros de água só naquele banho.

Depois do banho, me sequei e vesti uma roupa da mala.

Me recordo de ter colocado meu computador na mala, será que ele tirou?

Olhei em volta.

Mas e se tiverem câmeras aqui? Ele vai voltar e me bater de novo e eu não quero apanhar, mas se eu não fizer nada eu vou ficar aqui pra sempre.

Se é que vou ficar viva no processo.

No entanto, mesmo que eu pedisse ajuda, como sairia daqui? Eu sabia, reconhecia bem em que mundo estava envolvida, não era ingênua ao ponto de acreditar que a polícia me salvaria...

Esse homem parece ser poderoso de mais para se deixar ser intimidado por qualquer um.

Esperei o mais paciente que consegui, tentando ignorar a qualquer custo a dor da fome que tentava me consumir.

Quando a senhora atravessou novamente a porta, eu tive que me conter o máximo possível para não correr até a bandeja de comida.

Não, eu não ia deixar ele ter esse gostinho.

Nunca.

-Por favor, senhorita, coma desta vez.-pediu ela novamente com urgência.

-Se eu não fizer, vou morrer.-ela abriu um sorriso radiante.

-Tenho certeza que vai gostar do que eu trouxe.-me ajeitei na cama com um sorriso fraco sentindo o forte cheiro de bife acebolado e arroz, eram os cheiros que mais se destacavam.

Ela colocou a bandeja em cima do meu colo.

-Antes de comer, o senhor pediu pra te dar esse remédio.-olhei para a pequena pílula me perguntando se ele tinha um pingo de humanidade em si e me entregou um analgésico pra toda a dor que me causou, mas não, percebi logo depois que era um anticoncepcional.

Ao que parece ele quer me manter aqui mais tempo do que imaginei.

Peguei o remédio e o tomei sem que ela falasse duas vezes.

Eu quero ter uma vida normal ao sair daqui, não estar grávida de um homem cruel que me estuprou.

Olhei pro prato, a moça desembalou os talheres do papel e me entregou.

-Obrigada.-com o máximo de delicadeza possível, eu comecei a comer.

Senti uma enorme vontade de devorar tudo, minhas mãos tremiam, mas eu permaneci plena.

-Você não ficou com fome, senhorita?-perguntou a senhora simpática.

-Você sabe que estou aqui contra a minha vontade, não sabe?-ela engoliu seco, escutei atrás de mim.

-Deixar de comer só vai diminuir suas chances de fuga.-sussurrou.

-Como se eu tivesse alguma...-murmurei mastigando.

-Tem sim, espere apenas o momento certo.-devolveu em um tom baixo.

Sorri para ela e voltei a comer.

Não é como ela fosse me ajudar a fugir ou algo do tipo, todos parecem ter medo dele, pelo menos todos que eu vi.

Terminei de comer tentando ser o mais tranquila possível e então entreguei a ela.

-Obrigada.-ela sorriu.

-O obedeça querida, não o deixe com raiva e vai ficar bem.-ela saiu sem que eu lhe respondêsse mais nada, não sabia o que ela tinha passado para falar aquelas coisas, mas acreditava que não foi nada pior do que eu passo.

Permaneci sentada na cama, pensando se deveria fazer alguma coisa.

Escovei os dentes e depois caminhei até minha mala, primeiro eu olhei em volta a procura de câmeras.

Achei no canto do quarto perto da porta uma câmera que tinha aquela rotação de 360 graus.

Eu não podia arriscar, por isso precisava disfarçar o máximo possível.

Fui ao banheiro procurando alguma câmera, sei lá, vai que ele é um pervertido.

Apesar de ter olhado em tudo, não vi nada alarmante.

Voltei ao quarto e separei uma roupa qualquer, levei meu computador junto, escondido.

Então eu sentei na privada fechada e iniciei o pc.

A cada girada do carregamento eu sentia meu coração acelerar mais, acelerava tanto que eu achava que ia sair do meu peito.

Se ele me descobrir estou morta.

Respirei fundo torcendo para que fosse rápido, minha perna direita tremia levemente, de nervosismo.

Quando adentrei a parte que pede a senha me senti satisfeita, eu ia conseguir, só mais um pouco...

A porta do banheiro foi aberta com força e eu gritei de medo.

Não...

Ele estava ali, com os olhos vermelhos de raiva, uma veia saltava de seu pescoço e em suas mãos estava um cinto de couro legítimo.

Eu o conhecia, era caríssimo.

Hoje em especial ele usava um terno azul marinho com uma camisa cinza por dentro.

Sem dizer nada, soltando fogo pelas narinas, ele puxou meu cabelo até o quarto.

...

Safira - Sua Obsessão [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora