Lauren e Sarah são casadas, não existe nenhum vilão ou grande antagonista para atrapalhar suas histórias, tinham até mesmo a ex-namorada de Lauren como melhor amiga, mas o destino certamente não acha isso tão legal. Após um acidente Sarah perde a me...
Lauren encarou a sala vazia, pilhas e pilhas de caixas se amontoam por todos os lados. Anos antes havia feito Sarah prometer que se mudariam apenas mais uma vez. Lauren gostava de raízes, de uma rotina e de conhecer seus vizinhos, de saber quem seriam os professores de seus filhos e de fazer parte de uma comunidade. Quando Sarah lhe perguntou porque, ela pacientemente respondeu que durante toda sua infância conheceu toda a costa leste, seus pais não pareciam ter apego por raízes então sempre estavam de mudança então nunca conseguiu sentir que pertencia a algum lugar.
— O que você acha de uma casa no Maine, vamos ter uma praia próxima de casa e você vai poder ver a Sarah com mais frequência. — Mussa latiu e abanou o rabo com certa euforia.
Por um bom tempo haviam procurado por um lugar que pudessem chamar de casa, até que acabaram em Vermont, um lugar tranquilo onde a natureza era presente e onde poderiam criar os filhos com calma e alguma privacidade mas dirigir todos os dias quatro horas era algo que não estava nos planos, a forma mais fácil de se manter próximo a Sarah era se mudando.
Lauren ficou com raiva, quando Sarah no dia seguinte saiu sem se despedir, sua raiva durou quase uma semana inteira até que criasse coragem e dirigisse por uma madrugada inteira até o Maine. Sarah sorriu quando a viu, os olhos claros pareciam meio opacos, mas as bochechas se tornaram rosadas quando Lauren acenou de volta.
{ — Se algum dia eu ficar velhinha e não me lembrar mais de você, o que você vai fazer? — Lauren perguntou, estavam voltando pra casa. O fim de semana não havia sido tão bom, na verdade fora péssimo, seu pai morrera quatro dias atrás depois de ter passado quase dez anos com Alzheimer, Lauren mal se lembrava da última vez que o pai lhe reconhecera.
— Vou fazer você se apaixonar por mim todos os dias, e se não for possível vou escrever nossa história e contá-la para você, assim sempre estaremos juntas. — Sarah respondeu com uma convicção que não deixou margem para que Lauren se sentisse insegura.
— Vai escrever tudo?
— Cada coisinha, até mesmo sobre seus desastres na cozinha. — Sarah sorriu, desviando os olhos da estrada para encarar a esposa sentada no banco do carona. — Você sabe, não é?
— O que? — Lauren parecia meio confusa, mas algo no fundo de sua mente lhe dizia o que viria a seguir.
— Eu te amo.
— E tenho a certeza de viver no conforto do seu coração e de chamá-lo de casa. — Lauren completou.
De forma singela haviam desenvolvido sua própria maneira de dizer que se amavam, completar a frase quando dita, relembrando os votos que fizeram no dia em que se casaram.
— Não importa o que aconteça, nós sempre vamos achar um caminho de volta. — Sarah sussurrou, e então o silêncio abraçou-as, não de maneira desconfortável, mas de maneira que sabiam que palavras não eram necessárias para sentirem a presença uma da outra. }
seis meses depois
— Eu não entendo, porque você continua vindo aqui, mesmo depois de lhe dizer uma centena de vezes que não é para vir!
Lauren sente a garganta se fechando, os olhos ardendo e os lábios tremerem, está totalmente desprotegida e despida de escudos emocionais. Aquele não é um dia bom, Sarah havia acordado em uma crise horrível de pânico e ansiedade, quando se acalmou, Lauren sugeriu que andassem pelos jardins. E ela não soube quando começaram a discutir, mas ali estavam.
— Eu estou tentando, sabe? — Lauren tinha a voz controlada, odiava tons altos e discussões. — Mas eu não sei ser forte todos os dias, Sarah!
— Eu não pedi para que viesse!
— Esse é o problema! Você perdeu cinco anos de memória, não deixou de ser adulta! Você sabe o que é uma promessa! — Lauren rangeu os dentes e respirou fundo, não poderia simplesmente chorar ali.
— Eu não pedi que me prometesse nada! É você quem insiste em tentar!
— Você nunca precisou me pedir nada, eu não faço por obrigação, faço porque todos os meus votos não deixaram de existir só porque você perdeu a memória. — apontou, as orelhas queimando junto com a raiva que se acumulava dentro de si.
Lauren sabia que poderia ter sido cruel em suas palavras, mas não conseguia segurar as palavras dentro de si. Ela respirou fundo, afastou os cabelos do rosto e sorriu de forma triste ao encarar os olhos claros fervilhando de uma montanha de sentimentos que não sabia identificar.
— Essa é a parte cruel do amor, Sarah, ele não é um brinquedo que você pode simplesmente colar quando as partes se soltam, quando você se coloca para ser o alicerce de alguém você se coloca a disposição para ser desmontado ou quebrado. — Sarah ficou em silêncio, os lábios trêmulos enquanto os olhos marejavam e as bochechas assumiram um adorável tom de vermelho.
Sem pensar duas vezes Lauren cruzou o pouco espaço que havia entre elas e circulou os braços ao redor dos ombros da mulher que amava, segurou-a enquanto soluçava a molhar sua blusa, enquanto as unhas machucavam seus quadris ao segurarem com força, como se sua vida dependesse de estar ali, entre seus braços.
Sarah por outro lado não conseguia entender porque chorava de forma tão copiosa, como se seu coração estivesse sangrando, como se estivesse presa num inferno e não pudesse sair. Era como se sua mente fosse uma prisão de alta segurança da qual ela estava fadada a perecer.
— Eu te amo. — Lauren sussurrou contra a pele de seu pescoço, e Sarah não soube se foram as palavras ou o hálito quente tocando sua pele que lhe arrepiou e quase fez com que suas pernas cedessem. Ela não respondeu, apenas afundou o rosto contra o peito de Lauren e chorou baixinho.
Mais tarde, quando Lauren já havia tomado banho e quando tinha como companhia uma garrafa de vinho e massa com molho pesto, seu telefone vibrou sobre a bancada, a tela se acendeu e ela não reconheceu o número, mas reconheceu as palavras. "E tenho a certeza de viver no conforto do seu coração e de chamá-lo de casa."
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