Capítulo Único

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fanfic bem curtinha que escrevi essa tarde pra tentar me livrar do bloqueio criativo

(não revisada)

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Poe olhava para o teto de seu quarto em silêncio, nada se passava por sua mente. Fazia tanto tempo que ele não conseguia sentir nada, tudo era tão estranho, tudo era tão vazio. A ausência de sentimentos que se fazia presente em seu ser era estranha, e tudo estava tão vazio que ele nem mesmo sentia medo da falta.

Ele apenas aceitava.

Acetava que era aquilo, nada mais, nada menos, apenas aquilo.

Ele não tinha nada, ele não tinha nada.

O que era o dinheiro naquela situação? Nada.

Ele perdeu as contas do quanto bebeu aquela noite, do quanto gastou dinheiro em cassinos naquela noite, apenas perseguindo o prazer de sentir algo, o que foi uma miserável, falha.

Caso ele virasse a cabeça veria inúmeras garrafas de álcool jogadas, todas vazias, algumas de semanas atrás, que ele simplesmente não tinha ânimo nem mesmo para recolhê-las.

Era patético.

O chamariam de patético.

Lucy o viera visitar mais cedo, o trouxera comida, mas ele nem mesmo tocou na comida, ele não queria comer.

A dor, nunca era emocional, era sempre física, como se cravassem uma faca pontiaguda em seu peito, mas mesmo assim, ele não conseguisse chorar.

Ranpo se foi.

Fazia quanto tempo?

Ele não sabia.

Ele não quer saber.

Ele não quer olhar no calendário.

Faziam meses que ele não escrevia mais, e os únicos rascunhos, pelo menos nas primeiras semanas da perda, foram palavras sôfregas, que agora, não lhe faziam sentido, pois ele não sentia nada nem mesmo as relendo. A única história longe de palavras dolorosas que escrevera, a única, era uma em que Ranpo não havia ido, e que estaria alí, ainda.

Estava tudo tão silencioso, que ele conseguia escutar o som de seu grande relógio antigo que estava na sala, do quarto. Conseguia escutar o tic tac, e caso ele se esforçasse o suficiente, caso ele se importasse, ele poderia tentar julgar que horas seriam.

Mas que diferença fazia se fosse uma ou duas horas?

Que diferença faria se fosse manhã ou noite?

Nada importava.

Quieto, no silêncio apagado pelo tic tac do relógio, suas pálpebras começaram a pesar, seu corpo começou a pesar, contra o colchão como se sentisse-se afundar. Seus olhos se fecharam, e ele manteve-se assim, até que o sono lhe abatesse e o permitisse adormecer. E, desta vez, ele apenas piscou, pois ao acordar, já era manhã de novo, ainda não havia aberto os olhos, mas conseguia escutar o som de pássaros em sua janela, o que era estranho, era a primeira vez que haviam pássaros em sua janela. E como se aquilo não pudesse ser diferente, ele estranhou ao não escutar seu único amigo; relógio.

Seus olhos se abriram, pesados, viu o teto de seu quarto mais uma vez, sentou-se sobre sua cama e respirou profundamente, vendo que nem mesmo havia trocado suas roupas.

E de todo modo, ele não iria as trocar agora.

Seu olhar varreu o quarto, pois algo parecia diferente. E bem, de fato, havia algo faltando, as garrafas.

Tic Tac - RanpoeOnde histórias criam vida. Descubra agora