Bonjour

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Taehyung se sentia esgotado.

Era como se cada célula de seu corpo implorasse por míseras horas de descanso, sem ter que se preocupar com todas aquelas obrigações que conturbavam sua vida. 

Seu pai, Kim Hwan, era dono de uma das maiores e mais lucrativas indústrias automobilísticas do mundo, e isso levou Taehyung a carregar consigo a responsabilidade de passar uma vida inteira se preparando para seguir esse ramo, mesmo que nem ao menos gostasse ou entendesse de carros. Há um ano, havia se formado em administração, e atualmente, vivia sob a pressão do pai, que passava horas por dia em seus ouvidos, preparando-o para finalmente assumir a sua empresa. 

Taehyung não sabia exatamente o que queria da vida, mas, definitivamente, não era o que seu pai almejava. 

Tinha apenas vinte e quatro anos e uma mente jovem, doida para explorar as maravilhas do mundo. Contudo, tudo que pôde explorar até hoje foram às cidades chatas as quais seu pai o levava para conhecer os milionários chatos com seus carros chatos, nomeados como “clientes especiais” pelo simples fato de terem dinheiro pra caramba.

Ele estava conformado, não tinha como fugir daquela realidade. Taehyung não era do tipo que se rebelaria contra o pai e protestaria por seu direito de ser feliz, por mais que soubesse que o restante de sua vida seria dentro de um escritório, ganhando um dinheiro que ele nem teria tempo para usufruir.

Porém, naquele dia específico, sabendo que logo logo assumiria a empresa e não teria mais como fazer algo do tipo, ele foi atrás de Seokjin e desabafou, alegando que precisava, urgentemente, descansar. Seu amigo, de forma engenhosa, logo garantiu ter a solução perfeita para seus problemas — pelo menos por aquela noite.

Bom, ele esperava qualquer coisa diante daquela alegação, menos que estaria, nesse exato instante, sentado no sofá de uma boate, tomando uma bebida de sabor duvidoso e tendo seus pés pisoteados por cada pessoa embriagada que passava por ali.

Seokjin estava por aí, provavelmente se aproveitando da sua fluência em francês adquirida por parte da família de seu pai, para seduzir alguém com sussurros arrastados e cantadas baratas.

Minutos de tédio depois, o rapaz se aproximou, comprovando as suspeitas de Taehyung ao exibir os lábios carnudos por natureza, ainda mais inchados devido aos beijos que trocara.

— Você não presta — Taehyung ralhou antes de tomar mais um gole daquele negócio ruim e vermelho que tinha em seu copo.

— O que tem de errado em paquerar um pouquinho? — indagou o amigo, levando a mão ao peito de forma ofendida.

— O errado não é paquerar, e sim, se aproveitar da sua segunda língua para conseguir o que quer!

— E eu tenho culpa de saber francês? Ou de ser lindo? Preciso utilizar as minhas ferramentas! E você deveria fazer o mesmo, Taehyung! Fala sério. — Ele se aproximou do rapaz, parecendo pronto para discursar. — Só daqui eu consigo visualizar um cara lá no bar que não para de te encarar, e uma gata na pista quase te engolindo com os olhos. O que diabos você está fazendo sentado nesse sofá com essa cara de tacho? 

Taehyung ergueu os ombros e suspirou, não fazendo questão de procurar as duas pessoas às quais Seokjin se referia.

— Jin, vou ser bem sincero. Quando disse que estava querendo descansar, eu não estava falando bem de uma… Boate… Na verdade, essa música alta só está piorando minha dor de cabeça.

Seokjin soprou uma risada e se ajeitou no sofá.

— Assim fica difícil. Queria o quê? Que eu te levasse para um retiro espiritual?

La Pluie 🇫🇷 {tae+kook}Onde histórias criam vida. Descubra agora