Capítulo 05: Augusta.

8 1 0
                                    

Calliope queria estar no seu lar, curtindo a sua família, se alegrando por todo o passo a passo de Olivia referente ao seu casamento e principalmente dançando

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Calliope queria estar no seu lar, curtindo a sua família, se alegrando por todo o passo a passo de Olivia referente ao seu casamento e principalmente dançando. Calliope queria sentir o seu corpo quente por ficar ensaiando, queria sentir toda a adrenalina de se desafiar com passos difíceis. Ela queria tudo, mas no momento ela só conseguia encarar o teto do seu quarto de hospital.

Seus pais queriam que ela tivesse em um quarto particular e até mesmo pensaram em se tornarem investidores do hospital como se aquilo fosse algum tipo de aceleramento de cura para a sua doença, mas um quarto melhor ou dinheiro sendo investido não mudaria o destino dela e uma parte dela precisava não ficar louca por coisas assim.

Calliope estava obcecada em fingir estar bem para os seus pais, nenhum dos dois a viram chorar até agora. Nenhum dos dois ouviram a voz da ruiva pedindo um abraço ou até mesmo citando a sua doença como algo que acabaria com os seus sonhos, mas em momentos em que ela estava sozinha - como agora - ela seria tomada pela dor da sua própria mente, sentiria ser engolida por este fardo.

Ela só tinha 18 anos, estava vivendo o seu sonho da melhor maneira a poucos meses atrás e de repente tudo se tornou um enorme e estranho pesadelo e ela teria que lidar com isso de alguma forma.

Seus olhos percorreram o cômodo, o local parecia desconhecido, quase que perdido, mas era dela. O cômodo era ela, perdido, sem volta, bagunçado e sem chances para uma nova pintura, assim como o coração dela. Callie olhou para o teto novamente e a primeira coisa que veio a sua mente é que ela queria pintá-lo de preto e colocar todas as constelações ali para que brilhasse, pois se ela morresse ela teria o prazer de ver algo brilhar para ela e não morreria observando o cinza do teto, algo ali brilharia para ela enquanto ela estivesse deitada naquela maca fria.

Ela soltou um longo suspiro e com cuidado sentou-se na cama, sentindo o seu corpo fraco e uma leve sensação de falta de ar e ela pensou profundamente se queria mesmo levantar dali e ir para algum outro lugar do hospital - algum lugar que ela sentisse que não era o hospital - e após vagar perdidamente pelos seus pensamentos ela voltou a se deitar.

Ela estava cansada, tanto mentalmente quanto fisicamente. Estava cansada, cansada de si mesma, cansada pelas noites mal dormidas e cansada de tentar viver como se nada tivesse acontecendo, o que ironicamente era estranho já que ela estava em uma cama de hospital.

Ela estava cansada de fingir o costume de ter muitas, diversas pessoas ao seu redor, ela não estava acostumada a ter tantas pessoas na sua vida - além de seus amigos e familiares - e isso de certa forma estava deixava ela preocupada. Será que eu deveria agir como? Será que eles gostam de mim? Será que em alguns momentos eles também vão embora ou até mesmo podem morrer? Será que ela deveria dar esperanças para eles? Mas ela que deveria sentir a esperança de inundar o próprio corpo.

Ela não conseguiria se acostumar com o seu ato falho de falhar. 

— Será que eu deveria viajar para algum lugar quando receber alta? — Ela perguntou para si mesma. — Talvez cortar o cabelo ou até mesmo pintar ele de alguma cor diferente, talvez ficar loira ou pintar de azul. Eu queria tanto ir à praia, comer batatas fritas ou até mesmo seguir a minha dieta.

A mente dela foi invadida por pensamentos do que poderia fazer quando tivesse alta do hospital, uma parte dela acreditava que era um passo de aceitação da sua doença. Se ela fosse morrer, por que não aproveitar cada momento? Passaria todos eles com as pessoas que amava, realizar pequenos sonhos e desejos, participaria do casamento da irmã e faria um discurso emocionante que fizesse Olivia chorar e o coração de Vênus amolecer para aceitar o 176854 pedido de Alex.

Mas e Eric? Ela queria que ele estivesse ao lado dela e fizesse parte das pessoas que ela passaria o seu tempo aproveitando ao máximo. Ela sentia a falta dele, de suas piadas, cortes de cabelo e do seu carro que ele tanto amava e levava Callie para todos os lugares com ele. Será que ele também sentia falta dela?

Seus sentimentos eram uma verdadeira mistura de sensações, pois minutos depois ela se repreendeu pensando que não precisaria traçar os seus últimos dias de vida, pois ela não morreria tão cedo, conseguiria realizar tudo que desejasse, pois viveria muito ainda.

A Última DançaOnde histórias criam vida. Descubra agora