Capítulo único - Oh, meu coração

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A vasilha com o macarrão bateu contra o chão, espalhando todo o conteúdo, ao mesmo tempo que o engasgo de Pete foi proferido, que apenas tinha encostado na bochecha machucada de Vegas.

— Acha que tem direito de se meter na minha vida só porque a gente transou? — Vegas intimidou, fechando a mão em torno da garganta de Pete — Não se meta na minha vida.

— E você vai me ameaçar só porque eu demonstrei empatia por você? — olhou para Vegas pelo canto do olho, segurando fortemente o pulso dele — E aquilo não significou nada para mim!

— Você realmente não sabe de nada, Pete.

— Um cara como você nunca se arrependeria.

Vegas levantou e arrastou Pete consigo até a cômoda à frente de ambos, empurrando ele contra o móvel.

— Tem certeza? Você mesmo pareceu gostar até demais — Vegas rangeu os dentes e sorriu.

— Quem não gosta de um pau grande? — Pete zombou com dificuldade — Parece ser a única coisa que vale a pena em você.

Rapidamente o seu pescoço foi abandonado para que Vegas pudesse o virar e encará-lo, buscou puxar a mão de Vegas quando este aumentou a força da pressão dos dedos ao redor de seu pescoço, mas sem sucesso.

— Vá em frente me mate logo! — se debateu e gritou.

— Claro, faço como quiser.

Ele levou uma das mãos até o bolso e retirou um canivete grande, abrindo-o para expor a lâmina ao rosto de Pete e em seguida pressioná-la contra a garganta dele.

— Não pense que se fazer de fraco vai… — Vegas se distanciou um pouco ao ver os olhos arredondados de Pete encherem de lágrimas, sua frase morrendo quando ele puxou o canivete para o próprio pescoço.

— Eu não tenho nada a perder — a voz de Pete saiu quebrada, sua face se banhou com lágrimas quentes que começaram a rolar sem que ele percebesse — E eu não aguento mais.

Pete viu Vegas tensionar e um vinco aparecer entre suas sobrancelhas, parecendo hesitar. Impaciente, resolveu forçar mais ainda a lâmina cortante em seu pescoço, mas ao apertar a lâmina com a mão, um corte profundo foi deixado em sua palma e o sangue quente banhou sua mão rapidamente, fazendo ele apertar os olhos e Vegas se desesperar com sua atitude, tentando arrancar o canivete da mão de Pete.

— Vá logo com isso! — Pete chacoalhou Vegas que buscava tomar o canivete dele.

— Pete!

Nessa disputa de quem o pegaria, o objeto acabou sendo lançado contra o chão, Pete aproximou o rosto e gritou com o outro — Do que tem tanto medo?!

— Espera, por favor — toda a raiva e angústia que estava despejando em Pete se dissiparam ligeiramente — Vamos recomeçar, okay? Só você e eu, nós dois apenas.

— Fique comigo.

O medo, desespero e arrependimento instantâneo ardiam em seus olhos, fazendo Pete ceder, mas sem antes ameaçá-lo.

— É melhor não quebrar a porra dessa promessa, Vegas, se não eu juro que quem vai morrer é você.

Agarrou Vegas pela camisa e disse próximo a ele, encarando seu rosto enquanto sentia lágrimas banharem o dele.

Pete chorava, aquilo não era verdade, ele não conseguiria matar Vegas, não naquela altura do campeonato. Era um blefe, assim como o próprio Vegas fez.

Soltou o colarinho da camisa e abaixou a cabeça, a procura de ar pelo choro constante. Vegas desceu o tocou pelos braços de Pete, sentindo a algema presa em um dos pulsos dele.

𝖱𝖴𝖡𝖠𝖲𝖳𝖮𝖲𝖨𝖲Onde histórias criam vida. Descubra agora