único

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Remus abriu os olhos e os fechou imediatamente. Apertou as pálpebras fechadas até ver pontos coloridos, como se, se fechasse os olhos e desejasse com força suficiente, aquelas coisas desapareceriam.

Mas, como Remus havia notado há um bom tempo, a vida não era uma fábrica de realização de desejos. Quando abriu os olhos novamente, aquelas coisas horrendas ainda estavam em sua mesa de cabeceira. Envelopes terrivelmente rosas e vermelhos, ao lado de caixas de bombons, barras e sapos de chocolate embalados com papéis de presente vermelho estampados com tantos corações que faziam Remus querer vomitar.

E ele sabia que o dia seria um pesadelo do começo ao fim. E ele ainda nem tinha levantado da cama.

Ele não sabia como os presentes iam parar em sua mesinha de cabeceira, e, sinceramente, tinha um pouco de medo de descobrir como a pessoa tinha chegado ao seu dormitório e como tinha descoberto qual era a sua cama. No começo ele pensava bastante nisso, mas depois que suas suposições ficaram loucas ou estranhas - ou esperançosas - demais, ele chegou à conclusão de que era melhor não pensar no assunto e ficar sem saber.

Remus decidiu que era hora de levantar quando ouviu a movimentação de seus colegas de quarto. Ele geralmente era o primeiro a começar a se arrumar, mas desejou poder ficar na cama o dia todo.

Mas a vida não era uma fábrica de realização de desejos.

- Nossa! Esse ano sua admiradora secreta se superou, hein, Moony? - James exclamou vendo a pilha de coisas quando Remus abriu as cortinas.

Lupin apenas deu de ombros, recolhendo suas coisas e seguindo para o banheiro.

Quando saíram do dormitório, os quatro foram recebidos por uma explosão de corações, flores e outras coisas que lembravam o dia dos namorados. O estômago de Remus embrulhou.

Não que ele não gostasse do dia dos namorados - ele não gostava -, ele achava que era uma desculpa tosca para todos no castelo se sentirem obrigados a arrumar alguém para andar de mãos dadas e beijar num armário de vassouras, dar flores e chocolates e bilhetinhos durante as aulas. Tudo isso tirava a concentração de Remus - que já não era muito boa, principalmente quando os outros marotos estavam na equação - e o deixava irritado. Não que ele não gostasse do dia dos namorados - ele não gostava -, ele não só não via bons motivos para comemorá-lo.

Ele tentou afastar o pensamento da cabeça quando percebeu que estava franzindo a testa em irritação, tentou relaxar e tomar seu café da manhã mesmo que a mesa estivesse cheia de confetes em forma de coração e casais grudados.

- Me diga, Prongs, qual será seu grande gesto para Lily este ano? O que você vai fazer que ela vai cair de amores por você hoje? - Sirius perguntou com um fundo de divertimento.

- Nada - James respondeu como se não tivesse dando muita atenção e se servindo de panquecas, mesmo que os outros três soubessem que ele estava louco para que pedissem uma explicação mais elaborada.

Os três meninos ficaram em silêncio, Peter com uma expressão confusa e o garfo parado na metade do caminho até a boca.

- Como? - Foi Sirius quem quebrou o silêncio.

- Exatamente, Pads. Eu não farei nada. Não vou mandar cartas nem bombons nem flores... Nada. Ela vai sentir falta e então quando, amanhã, eu chamar ela pra sair, ela vai aceitar.

so much for valentine's day - wolfstar Onde histórias criam vida. Descubra agora