希望と許し

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Caminhando em direção a seu pequeno apartamento em Oshiage, Sumida, Natália pensava repetidamente que aquelas borboletas só podiam ser armação de alguma das maids invejosas que queriam desestabiliza-la para que fosse demitida de seu emprego. Ela sabia bem do que aquelas garotas japonesas eram capazes caso se sentissem minimamente ameaçadas por ela.

A questão é que, até então, ela não via motivos para tal, uma vez que ela ocupava uma vaga que nenhuma delas tinha o menor interesse: a de gaijin (estrangeira). Elas sabiam bem, assim como Natália, que não havia a menor chance de promoção para maids estrangeiras. Era um posto que existia apenas para agradar os turistas de outros países que, por algum motivo, perdiam tempo e dinheiro visitando esses restaurantes machistas temáticos.

Era muito raro algum homem japonês solicitar uma maid estrangeira que não seja pra humilha-la com perguntas indiscretas e compara-las com as maid japonesas "kawaii". Apesar de tudo isso, ela não conseguia pensar em uma hipótese mais aceitável para o surgimento de todas essas pequenas borboletas de origami em sua vida, mesmo quando tomou um banho e se sentou na sua pequena sacada observando detalhadamente uma das pequenas obras de arte destinadas à ela. Com o tempo, começou a desfazer as pequenas e milimétricas dobraduras com certo aperto no coração, enquanto Ryoko protestava ao chão por ainda não ter sido chamada ao colo de sempre. Continuou desfazendo as dobraduras delicadamente encontrando consolo no fato de que ainda haviam muitas outras que o homem no Maid Café tinha deixado. Ao terminar de desfazer a pequena borboleta, seu coração errou algumas batidas ao notar que havia algo escrito no pequeno papel utilizado para fazer o origami:

                             御免

Ela ficou encarando aqueles Kanjis por um longo tempo como se esperasse que eles se revelassem a ela por algum motivo divino. O que, logicamente, não ocorreu e Natália ficou sem saber o que aquilo significava até que teve a ideia de mandar uma mensagem para uma das maids que trabalhavam com ela e que menos a odiava na esperança de obter ajuda. Por sorte, a resposta veio rápido e Natália logo correu até onde estavam as outras borboletas para ver se havia algo diferente nelas. Desembrulhou uma por uma e continuou encontrando sempre os mesmos kanjis em todas elas, até que se lembrou da borboleta que tinha encontrado no cemitério e saiu correndo até onde seu casaco estava, revirando os bolsos até que o pequeno origami caiu no chão à seus pés. Algo lhe dizia que aquela borboleta teria algo diferente no momento que a pegou do chão.

Natália estava certa, na primeira borboleta que encontrou estava escrito algo completamente diferente e que só fazia sentido para ela. Talvez os únicos kanjis que ela fosse capaz de entender com total certeza:

                                 望み

Nozomi, o Kanji da esperança.

O kanji que Paula tatuou no Brasil antes mesmo delas se mudarem de vez para o Japão.

O kanji que simbolizava todas as ambições e expectativas que elas tinham sobre o país.

Uma lágrima involuntária escorreu de seu olho direito e pingou exatamente no pequeno pedaço de papel em sua mão trêmula.

Gomen.

Nozomi.

Perdão e Esperança.

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