Ele se apaixonou por um homem cujo rosto não podia ver.
Park Jimin foi contratado para trabalhar como babá da filha de Jeon Jungkook. Os rumores sobre aquele alfa que vivia em reclusão não assustavam Jimin. Sua experiência como vencedor de concursos...
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ㅡ Você não é um monstro.
O ômega levantou-se, olhando para a mão estendida no ar. Os dedos de Jungkook tremiam, e o ômega apressou-se para ele, segurando-lhe a mão e apertando-a contra o rosto.
ㅡ Oh, Jimin ㅡ gemeu Jungkook. Park puxou-o para a sombra.
ㅡ No escuro, ㅡ sussurrou ㅡ somos iguais. Não, shh... Não sou o antigo rei da beleza. Você não tem cicatrizes. Somos apenas duas pessoas, Jungkook. Não existe nada além disso.
ㅡ Não podemos ficar aqui, e na luz...
ㅡ Na luz somos duas pessoas, cada qual com suas imperfeições. ㅡ ergueu o olhar, vendo a silhueta das cicatrizes que ele escondera por tanto tempo, mas não com nitidez. ㅡ Me mostre.
O moreno respirou fundo, sabendo que aquele era o momento em que perderia tudo que tinha conseguido e que tanto desejava. Virou-se para o fogo, lentamente, levando-o consigo
A luz espalhou-se sobre o rosto de Jungkook, que se encolheu, num gesto instintivo, embora não deixasse de fitá-lo. Ele esperou. Esperou pela repugnância, pela rejeição no rosto de Jimin.
Mas nada aconteceu.
Park observou-o, lentamente, sentindo a tensão que o dominava, como se esperasse vê-lo sair correndo dali. Mas não iria a lugar algum. Jeon encontrara coragem para mostrar-se, e não iria decepcioná-lo. Aquele momento significava muito para si, revelando-lhe coisas que o alfa não conseguira dizer. E aquela confiança era o maior presente que poderia receber.
Ele ainda era um alfa muito bonito. Só de fitar aqueles lindos olhos azuis, iguais aos da filha, o seu coração disparou.
ㅡ Seus olhos são maravilhosos ㅡ disse. ㅡ E parece que esperei décadas para vê-los.
Por um instante, o loiro apenas saboreou o momento. Então, seu olhar voltou-se para as cicatrizes. Quanta dor ele devia ter sofrido, imaginou, tocando com a ponta dos dedos as marcas que tanto o faziam sofrer. Ele fechou os olhos, respirando pesadamente.
Eram como marcas das garras de um animal selvagem. Duas tinham cortado a testa, próximo aos cabelos, uma descia pela sobrancelha. Havia outra no canto de uma pálpebra, perto do olho. Mais uma descia pelo rosto, até a mandíbula, continuando pelo pescoço, até desaparecer dentro da camisa.
Jeon continuava imóvel, como uma estátua de pedra, os braços ao lado do corpo, os punhos cerrados. O coração de Jimin quase se partiu ao pensar nos anos de solidão, acreditando que a aparência o impedia de ser amado, esquecendo o ato de coragem que provocara as marcas.
ㅡ Você sobreviveu a tudo isto ㅡ sussurrou, surpreso e emocionado.
Jungkook fitou-o nos olhos, vendo que se aproximava ainda mais.
