2. Foco

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Jimin não achava que era capaz de prestar atenção e absorver metade do que precisava naquele dia. Era a primeira semana de aula pós recesso e ele ainda sentia a letargia da palinha de férias, o organismo reclamando por ter que voltar a rotina cansativa de sempre.

Era o mal de todo estudante: Jimin ia dormir às três da manhã quando não tinha aula, e quando tinha, não conseguia ir dormir mais cedo. E mesmo quando conseguia, parecia que nunca era suficiente. Não chegava ao ponto de dormir nas aulas - mentira, às vezes chegava sim -, mas sentia que sempre estava rodeado por certo nível constante de cansaço, com o qual tinha aprendido a lidar. Talvez fosse culpa das dietas malucas que duravam pouco e mudavam sempre, ferrando seu metabolismo e não gerando resultado nenhum, mas essa era uma possibilidade que ele não gostava de cogitar.

Os quatro primeiros períodos se arrastaram como lesmas, mas Jimin tirou forças de outra dimensão para desenhar títulos bonitinhos no topo do caderno, seguidos por diagramas, eventuais desenhos, e anotações razoáveis, mas que na caligrafia naturalmente redonda e perfeitinha pareciam carregadas de esforço. Não tinha feito nada além de seguir o piloto automático, mas tudo bem. Leria o conteúdo anotado outra hora e isso devia ser suficiente.

Quando ele sentia que seria capaz de apoiar a cabeça nas mãos e cochilar, o intervalo chegou.

Não havia muita utilidade na pausa, porque não tinha trago lanche, e muito menos compraria qualquer coisa na cantina, já que odiava comer em público.

Se comia pouco, ouvia risinhos debochados, porque comer pouco não ia ajudar a baleia a emagrecer. E se comia um prato normal, ouvia que era por isso que era gordo, porque não se cuidava.

Claro, o cenário em que ele vencia não existia. Mas era bom sair da sala, pelo menos. E se fosse rápido o bastante nem pegava fila no banheiro, já que a maioria dos outros alunos estavam ocupados comendo no início do intervalo.

Ele desceu as escadas do segundo andar, já deserto, e foi andando sem pressa pelos corredores do primeiro, esses abarrotados de alunos, com os fones de ouvido no volume máximo na playlist calma que ele ouvia para estudar em casa. Desviou de duas garotas quase na frente do portão vermelho, mas evitou de tropeçar no último segundo, xingando ambas baixinho por não terem o bom senso de saírem da frente da entrada.

O refeitório estava igualmente cheio, mas não era difícil avistar Taehyung mesmo a certa distância, dado o cabelo azul. Foi direto para as bebidas e comprou um café grande e gelado. Nem gostava tanto assim de café, porque em qualquer universo ele preferia energético, mas era um mal necessário.

Ele passou com cuidado no meio das pessoas, evitando de trombar com alguém segurando uma bandeja e gerar uma cena. Ninguém deixava ele passar por livre e espontânea vontade, então ele sempre saía desviando e pedindo licença. Era um inferno. Jimin enfiou a mão livre no bolso, desconfortável, mas aliviou a expressão assim que avistou Taehyung, sentado em uma das mesas perto das janelas. Jimin sentou na frente dele.

Ele comia kimbap caseiro, sua mãe mesmo tinha feito na noite anterior. Por força do hábito, ofereceu, mas Jimin apenas negou com a cabeça, meio feliz dele ter oferecido. A intenção é o que vale.

- Tenho uma coisa 'pra te contar! - Taehyung começou, de boca cheia, e Jimin riu, cruzando os braços e apoiando a bochecha gordinha neles. Ainda queria aquele cochilo.

- Vão reabrir o jornal!

- Que? Sério? - Ele levantou a cabeça, ignorando a leve tontura porque era uma notícia foda demais.

- Sim! Me chamaram na administração e eu já 'tava pensando que era por causa daquele trabalho de física que eu esqueci mês passado, mas a coordenação disse que eles estavam pensando em reabrir o jornal, se eu estivesse disposto a fazer parte da equipe que nem no fundamental.

Big Boy °.• Depois que te DeixeiOnde histórias criam vida. Descubra agora