Capítulo 1.

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AMANDA•

Alguns anos atrás, ela viu uma notícia sobre um homem que foi atingido por raios sete vezes ao longo de toda sua vida. Ele sobreviveu a todos eles. Mas se matou um tempo depois, quando sua esposa pediu o divórcio.

A moral da história é: Um coração partido tem mais poder do que um desastre natural.

E Amanda sabe disso como ninguém. Faz quase um ano que ela foi demitida do emprego dos seus sonhos em uma agência de marketing muito famosa. Isso partiu o coração dela de uma forma que ela pensou que nunca conseguiria se recuperar. Ela teve que juntar os cacos e procurar outro emprego, mas não foi tão fácil assim. Fazia quase dois meses que ela estava desempregada quando uma das amigas fez uma proposta.

-Eu te pago para você levar ele para jantar. -Sabrina disse. -E ainda pago o jantar. É só uma vez por mês, para ele não perder a vontade de viver.

Ela não se imaginava fazendo algo do tipo, mas acabou aceitando. Naquele fim de semana, Amanda levou o avô de Sabrina para jantar. O Sr. Pollock era muito educado e um cavalheiro, acima de tudo. Durante todo o jantar, Amanda o ouviu falar sobre a falecida esposa. Ela só precisou fazer isso: comer e ouvir um desabafo.

E foi então que ela percebeu que poderia fazer isso. Ela poderia fazer isso todas as noites.

Na manhã de segunda-feira, ela colocou um anúncio no jornal. Na quinta, já tinha todos os fins de semana do mês programados. A princípio, saia só no sábado e domingo, depois, começou a ir nas sextas também. Atualmente, tem semanas que ela não come uma única refeição em casa.

Amanda conquistou muitos clientes fixos, a maioria são senhores de 70 anos, tão gentis e educados que ela sente pena da própria geração. Claro, existem alguns engraçadinhos, mas ela os descarta antes do fim da noite.

Seus clientes são sempre homens solitários que precisam ser ouvidos. Homens que não têm mais disposição (e idade) para sair para um bar e flertar com uma desconhecida.

É por isso que ela se surpreende ao ver o homem que entra pela porta e caminha até a sua mesa.

1,80 de altura, cabelo escondido por um chapéu, uma barba rala com um bigode que ocupa boa parte do rosto. Ele está vestido com jeans e camisa de flanela, não deve ter mais do que 50 anos, o que a deixa mais espantada ainda.

-Boa noite. -Ele puxa a cadeira e se senta, faz sinal para um garçom que se aproxima. -Quero um whisky com gelo.

-E a moça? -O garçom pergunta.

-Qualquer merda com frutinha. -O homem responde.

Amanda o encara, atônita.

-Acho que você errou a mesa. -É a primeira coisa que ela consegue dizer.

-Não, não errei. -Ele responde. -Você é a Amanda, não é? A mulher que gosta de sair com velhos, certo?

Ela revira os olhos para ele, está pegando a bolsa.

-Isso não vai dar certo. Tenha uma boa noite.

Antes que ela possa se levantar, ele se inclina sobre a mesa.

-Não, espera. -Ele dá um sorrisinho. -Me desculpa, modos não são minha especialidade.

Nem educação, ela pensa.

-Você tem cinco minutos. -Ela cruza os braços, se encostando na cadeira.

-Tudo bem, é justo. -Ele imita o movimento dela. -Eu sou o Pedro.

-Amanda. -Ela se apresenta, dando de ombros.

Se ele não quer ter educação, ela também não vai ter.

Cowboy Like Me × Pedro Pascal [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora