𝐔𝐌: o mar

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New York
30 de julho de 1993
10:59 AM

MAIA MOORE ERA uma menina bastante fora do comum em muitas coisas. Para começar, ela detestava doces. O açúcar, segundo ela, nunca lhe deixava feliz e sim enjoada. Ela era a única pessoa que fazia as lições que os professores da escola passavam para as férias, e também, acima de tudo, era bruxa.

E claro, amava o verão. Suas tias, que haviam nascido e crescido na Europa a vida inteira, reclamavam sempre da predileção da garota por aquela estação em específico, mas ela não se importava. No verão, Maia poderia ficar em contato com o mar, a areia e principalmente longe de Ilvermorny, o lugar que ela atualmente mais odiava no mundo.

No começo de tudo, aos onze, ela estava animada para finalmente estudar magia e conhecer os diversos tipos de feitiços que suas tias não mostravam (pelo menos, não Ariadne). No entanto, ao chegar na escola sua ficha finalmente caiu: aquele local seria seu inferno pessoal para o resto de sua vida. Na primeira semana de aula, Maia sofreu um bullying tão intenso dos colegas de classe que chorou para a diretora querendo voltar para casa.

Agora, aos treze, finalmente havia aprendido a se defender, na medida do possível. Bom, ela não era boa de luta, mas sabia se virar. Tia Hyacinth tinha lhe ensinado alguns truques de alquimia, e certa vez ela deixou o cabelo de Emily Woods tão embaraçado que a megera mirim precisou corta-lo no queixo, sendo o alvo de piadas até o final do segundo ano.

Quem não havia gostado nada disso, era tia Ariadne. Ela era uma mulher séria, quase nunca sorria e ultimamente estava passando tempo demais cochichando ao telefone com uma cara preocupada. Apesar de suas tias acharem que ela não percebia as mudanças de humor na casa, Maia era uma menina observadora até demais e sabia quando suas tias estavam tensas: Hyacinth que quase nunca parava em casa, ficava fora dela o máximo de tempo possível, só voltando de madrugada com alguma "amiga" e Ariadne fumava quase todo o maço de cigarros que tinha na mansão.

Naquele exato momento, sua tia estava no parapeito da janela, fumando o quinto cigarro do dia. E ainda eram dez da manhã.

— Oi baixinha! — tia Hya apareceu ao lado dela, de repente. Maia a encarou dos pés a cabeça: ela fedia a rum e parecia ter acabado de chegar em casa — Porque não está na praia surfando?

— Está nublado tia Hya. — a garota disse, em um tom óbvio — As ondas não ficam exatamente aceitáveis com esse clima.

— Exato, ficam mais perigosas. — a mulher piscou, olhando para Ariadne — Eu posso ir com você se quiser.

Maia examinou sua tia novamente, percebendo que ela ficou incomodada com o olhar cético da garota. Suas tias sempre reclamavam que ela tinha um olhar de julgamento até demais, mas Maia não conseguia evitar. Era parte dela.

— Acho melhor não. Tia Nine não vai gostar e ela já está com raiva de mim o suficiente pelo que aconteceu na escola. — Maia voltou seu olhar para a janela, aonde Ariadne colocava outro cigarro na boca. Tinha perdido as contas aquela altura. — Você revelou as fotos que eu pedi?

— Ah sim, querida. Estão em cima da sua cama. — Hyacinth bocejou — Vou para o meu quarto, não me acorde e diga para Ariadne que eu não estou em casa.

Maia não teve tempo de respondê-la, pois sua tia aparatou para o andar de cima. Ela, no entanto, não teria a mesma sorte: os lances enormes de escada a esperavam. Maia os subiu rapidamente, por ser muito veloz, mas sentiu o cansaço bater assim que abriu a porta do quarto. Seu quarto era um reflexo de sua mente bagunçada: tinha paredes pintadas de rosa claro, fotos espalhadas por todas elas e alguns livros trouxas em suas prateleiras. Seu malão estava jogado em algum canto do quarto, implorado para ser limpo.

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