my only hope

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O vento forte que batia contra o rosto de Jisung o fazia se arrepiar. O som dos carros que passavam pela avenida era relativamente alto, mas, quase inaudível pelo acastanhado, já que tinha em seus ouvidos os seus amados fones. Balançava as pernas no ritmo da música que ouvia, mas, por mais que tentasse, não conseguia fugir dos pensamentos que tanto o conturbava.

Era quase impossível não pensar em inúmeras formas de tirar sua própria vida. E ali, estava ele novamente, no décimo andar, sentado à beira do terraço do prédio onde morava. A ideia tentadora de se jogar e poder finalmente se ver livre de tudo que o conturbava, corria constantemente por sua mente o fazendo se questionar, novamente, do porque ainda não o fez e porque ainda estava vivo.

Se sentia vazio. Perdido. Sozinho. Sentia vontade de usar qualquer tipo de entorpecente para que amenizasse sua dor, nem que isso seja apenas por um momento e mesmo que isso o fizesse acordar em uma cama de hospital como da última vez. Ja não se importava.

Em um ato rápido, pegou seu celular discando alguns números no mesmo. Tirou os fones e esperou até que o número que foi discado o atendesse. Lágrimas já se faziam presentes em seus olhos antes mesmo que a voz ao outra lado se fizesse presente.

- Alô?! Jisung? Aconteceu algo?

Uma voz pouco grave e levemente baixa perguntou ao acastanhado. Era nítido a preocupação em sua voz. Jisung, assim que a ouviu, soltou as lágrimas que tanto tentava segurar.

- Hyung... - Sua voz saiu baixa e em tom choroso. - Me desculpa, eu estou tentando, eu te juro que estou, mas eu não consigo, não consigo parar de pensar...

A linha então ficou em silêncio. Jisung chorava desesperadamente e o mais velho sabia que era apenas isso que o acastanhado queria. O homem ao outro lado da linha, ficou em silêncio respeitando o tempo do garoto. O silêncio permaneceu durante um tempo, só o sons de choro podiam ser ouvidos.

Han respirou fundo enxugando as lágrimas em suas bochechas.

- Me desculpe por ligar, sei que é ocupado...

- Já te disse que pode me ligar sempre que algo acontecer, não se preocupe, ok?! Você está em casa? - Ouviu Han murmurar em resposta. - Certo, estou aqui para te ouvir.

- Tá acontecendo de novo... aqueles pensamentos... quero que tudo acabe, Hyung, eu não tenho mais nada, não tenho ninguém...

- Você não está sozinho Jisung, eu estou aqui!

- Podemos nos encontrar? Por favor, eu preciso me distrair...

- Sung, eu realmente queria ir agora, mas ainda estou trabalhando, prometo que irei até sua casa quando acabar aqui. espere um pouco, ok?! - Jisung não o respondeu. - Sung?

- Tudo bem...

- Me prometa que vai ser forte até eu chegar?!

- ... eu vou te esperar, por favor, Hyung...venha.

Jisung desligou a ligação e fitou a rua. A altura não o assustava, pelo contrário, trazia um certo conforto para o garoto.

Suspirou pesado e desceu da borda onde estava adentrando novamente o prédio seguindo até seu apartamento. Jogou as chaves em cima da pequena mesinha ao lado da porta, tirou seus sapatos e seguiu até a cozinha abrindo uma das gavetas tirando dali duas caixas com alguns comprimidos dentro de cada.

Pegou uma garrafa de dentro da geladeira e pegou, novamente, as cartelas em mãos. As encarou por alguns segundos, se perguntava se realmente deveria voltar a tomar os remédios que Lee tanto lutou para o ajudar com o vício. Suspirou pesado e, novamente, sentia lágrimas se formarem em seus olhos. Retirou dois comprimidos das cartelas os tomando de uma vez.

Voltou até a sala se deitando no pequeno sofá abraçando suas pernas e deixou suas lágrimas escorrerem. Jisung queria desmoronar em um abraço que amenizasse sua dor, nem que fosse por pequenos minutos, mas já não havia ninguém. Precisava de Minho, mas, nem mesmo ele, estava ali.

...

Minho o conheceu em seu pior momento. Lee saia de sua empresa quando viu um garoto de madeixas escuras desmaiado próximo a onde estava. Tentou o acordar, mas percebeu as cicatrizes no braço do garoto e percebeu que a situação era pior do que imaginava. Levou o garoto ao hospital implorando para que o ajudassem, não o conhecia, mas, de alguma forma, se sentia conectado a ele. Queria salvá-lo.

Algunas horas se passaram. O garoto estão acordou, Lee não saiu de seu lado em nenhum momento. Han encarou o homem ao seu lado afastando um pouco seu corpo vendo o moreno se afastar levemente, desviou o olhar encarando toda a sala, confuso. Minho sabia que Han havia tentado se matar, mas não queria assusta-lo, foi cauteloso fazendo com que o garoto de bochechas redondas que tanto se encantou, se sentir confortável em sua presença.

Lee sempre esteve ali, o ajudando. Conforme o tempo foi passando, Jisung se sentia confortável e confiava em Minho, mesmo que essa confiança tenha sido conquistada em passos pequenos.

...

Jisung sentia seus olhos pesarem, sua cabeça doer e sua visão ficar turva. Tentou se levantar, mas sua visão escureceu o fazendo se sentar novamente no sofá colocando uma de suas mãos em seu rosto. Ficou ali por alguns segundos, se levantou devagar dando alguns pequenos passos até a pequena mesinha ali perto para pegar seu celular.

Se sentiu tonto. Seus olhos pesavam cada vez mais, sua visão escureceu novamente, suas pernas fraquejaram fazendo seu corpo ir de encontro com o chão. Encarou o teto por alguns segundos e a única coisa que conseguia pensar era em, Lee Minho. Sua respiração estava lenta, e seus olhos, então, se fecharam.

[...]


"A depressão é uma prisão em que você é tanto o prisioneiro como o carcereiro cruel."

Dorthy Rowe

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