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Gritos estridentes no chuveiro, choros incansáveis no travesseiro, pensamentos fatais, lavagens estomacais. Os remédios não adiantavam, eles não conseguiam curar o incurável. Jisung já não se reconhecia quando se olhava no espelho. O coração batia cada vez mais acelerado, o estômago não ficava um segundo sossegado, a boca secava, a voz falhava e a dor, nunca terminava. Sentia que sua alma estava sendo levada de seu próprio corpo. Essa era a vida do pequeno, Han Jisung.

Mas algo mudou na vida do garoto de bochechas redondas tão adoráveis. Em um momento árduo, seu caminho se cruzou com a pessoa que o fez sentir sensações inesperadas, as quais nunca imaginou poder sentir novamente.

...

Depois de comerem, Minho insistiu em lavar toda a louça, Han apenas assentiu sem querer questionar muito e disse que o esperaria na sala. Jisung pegou uma das almofadas que estavam sobre o sofá e a colocou no chão próximo a mesinha de centro que havia ali. Se sentou sobre ela pegando um caderno e um lápis que estavam ali ao lado. Suspirou passando a mão em seus fios os colocando para trás, estava pensativo, encarou o pequeno caderno por alguns segundos e começou a escrever.

Lee, que já havia terminado de lavar as louças, voltou para o cômodo em que Han estava e se aproximou do menor que ainda escrevia em seu caderno. Se sentou no sofá atrás do garoto apoiando seus cotovelos sobre seus joelhos e encarando o caderno por alguns segundos antes de desviar o olhar. Respeitava a privacidade do garoto, talvez oque Han tanto escrevia, seja algo que não queira compartilhar, portanto, não queria ser invasivo.

- Você está sempre escrevendo, me pergunto sobre oque se trata. - Minho se encostou sobre o sofá e encarou o teto passando a mão algumas vezes pelos seus fios.

Sem dizer nada, Han levantou o caderno na direção de Lee o vendo encarar o pequeno caderno por páginas segundos e, em seguida, negar com a cabeça. Mesmo não querendo, estava sim curioso sobre oque o garoto tanto escrevia em seu caderno. Não era a primeira vez que via o garoto escrevendo, porém, não queria invadir sua privacidade.

- Não quero que me mostre, estava apenas curioso sobre oque se tratava, é algo particular seu, certo?! Não quero invadir sua privacidade, imagino que se escreveu não seja algo que queira partilhar.

Han sorriu com a fala do mais velho, adorava a forma como Lee era atencioso consigo. Se sentou ao lado de Minho ainda esticando o caderno em sua direção.

- Eu iria lhe mostrar de qualquer forma, confio em você, quero que leia. - Minho recusou novamente - Está tudo bem, Hyung, pegue.

Lee se deu por vencido e assentiu pegando o caderno das mãos do garoto e o abrindo, fitou o caderno prestando atenção em cada palavra que havia ali. Han estava inquieto ao seu lado, balançava as pernas em sinal de nervosismo. Não demorou para que Lee terminasse de ler, devolveu o caderno ao garoto e o encarou. Se encararam por alguns segundos em silêncio até Han proferir.

- Coloco minhas frustrações nesse caderno, sou bom em escrever, não acha?! - Han encarou o moreno com um sorriso fino nos lábios, que Lee sabia ser forçado. - Escrevo palavras pessimistas, porque tristeza é o sentimento que eu mais conheço. - Deu uma pausa em sua fala se aproximando e se encostando sobre o ombro do maior. - Sendo assim, não posso escrever palavras boas se nunca tive contato único com tal emoção, não acha?!

Jisung soltou uma risada soprada, enquanto Lee, permaneceu quieto apenas ouvindo oque o menor tinha a dizer.

- Sabe, gosto de escrever oque sinto, escrever farsas não é pra minha pessoa afinal, é essa a finalidade da escrita, certo?! É desenhar a alma em um papel e assim se tornar totalmente vulnerável. É por isso que escrevo sobre angústia, acho que convivo tanto com ela, que hoje ela é um grande pedaço de mim.

Jisung se ajeitou sobre o sofá encarando Lee com um pequeno sorriso nos lábios, algo que era quase impossível de ser visto, mas na presença do mais velho, Han conseguia sorrir, mesmo não entendendo o porquê.

- Obrigado por ter vindo, Hyung, eu me sinto melhor e me desculpe por ter te preocupado.

Minho sorriu soprado assentindo. Os olhares se encontraram novamente, mantiveram o contato visual, agora, Lee também tinha um sorriso nos lábios. Os olhares eram intensos e, de certa forma, diziam algo. Diziam coisas as quais os mesmos não tinha coragem de proferir, mesmo que quisessem.

Jisung sentiu suas bochechas ficarem rubras pela forma como o moreno desviava seu olhar para seus lábios algumas vezes. Desviou o olhar um pouco envergonhado e voltou a posição em que estava, apoiando sua cabeça sobre o ombro do maior fechando os olhos. Lino mantinha o sorriso nos lábios, apoiou sua cabeça sobre a de Han e fechou os olhos, ambos aproveitando a presença um do outro.

Ficaram naquele posição por alguns minutos, até Minho se pronunciar.

- Acho melhor eu ir agora, já está tarde.

Lino ia se levantar do sofá quando foi puxado para se sentar novamente.

- Dorme aqui, eu não gosto de ficar sozinho. - Pediu Han sem o encarar.

- Tem certeza que quer que eu fique?

- Sua presença me acalma, acho que vou conseguir dormir se você estiver aqui, por favor, fique.

Lee assentiu se encostando novamente sobre o sofá.

Ambos sentiam algo quando estavam juntos, era nítido o sentimento que tinham um pelo outro, qualquer pessoa que os visse notaria o quão forte é isso, porém, nenhum deles enxerga tal coisa, ou apenas fingiam não enxergar.

Jisung sempre foi grato por Lee estar com ele em todos os momentos, as vezes, se sentia culpado por estar tomando tempo de boa parte da vida do mais velho, porém, se sentia feliz por ter ele por perto. Em pouco tempo, um sentimento inexplicável invadiu seu peito, não sabia explicar ao certo oque era, nem como tudo aconteceu, mas não quera parar de sentir, mesmo que estivesse confuso com tudo aquilo.

Minho não era diferente, não sabia quando isso começou a acontecer, porém, sabia exatamente que o que sentia por Han, era algo forte, algo que não saberia descrever de tão intenso que é. Queria poder dizer ao pequeno garoto, tudo oque realmente sentia, queria poder, finalmente, dizer o quanto é apaixonado por ele.

Porém, ambos sentiam medo. Jisung, em seu passado, sofreu em um relacionamento abusivo, e, por isso, tem medo de se relacionar com outras pessoas. Han nunca mais conseguiu confiar em alguém novamente, nunca mais tentou se relacionar com outras pessoas, sempre afastava quem quer que fosse que tentasse ter um laço romântico com ele. Tinha medo de tudo acontecer novamente. Lee soube do ocorrido ao menor e ocultava esse sentimento que sentia por medo do garoto o afastar de sua vida, e isso, era oque ele menos desejava.

Seu maior medo, era perder Han Jisung.

My Hope | minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora