Capítulo Vinte e Cinco

84 17 11
                                    

Um grande mapa de Paris tinha sido estendido no quarto de Adrien. Em cima do sofá branco, encontravam-se Felix e Marinette, jogando palpites no ar sobre onde Lila poderia estar. Torre Eiffel, Palácio de Versalhes, a Catedral de Notre Dame... todos pareciam lugares básicos, qualquer pessoa pensaria em procurar lá.

- Podemos tirar todas as pontes da lista. - Mari disse. - Não são lugares em que ela conseguiria se esconder.

Nisso, Plagg, Tikki e Duusuu começaram a sobrevoar o mapa, cada um com um marcador para ir marcando os itens improváveis com um "X".

- Marquem os cemitérios também. - Foi a vez de Felix falar. - Lila não entraria num lugar com gente morta.

A Dupain-Cheng se virou para ele.

- Como você sabe?

- É a céu aberto. E ela me contou.

- O que?!

Adrien também estava um pouco confuso, mas sabia que o primo tinha que ter se encontrado com a portadora do miraculous da borboleta em algum momento. Só assim ele teria conseguido pegar a aliança prateada - lugar onde estava o amok que criara o jovem Agreste.

- Ela disse que tinha medo de gente morta. - O loiro da Inglaterra continuou. - Foi a única verdade que eu ouvi sair da boca dela no domingo.

- E como você sabe que era verdade?

A azulada que era consideravelmente mais baixa do que Felix cruzou os braços para ele, fechando a cara. Adrien sabia como ela se sentia ao ouvir as pessoas dizerem que Lila falava a verdade sobre algo. Ela tinha aturado pelo menos dois anos sendo chamada de louca pelas pessoas que se diziam amigas dela. Nunca Adrien, é claro. Ele sempre acreditou, só não sabia o que fazer para os outros aceitarem aquilo também.

- Eu não sou burro, Marinette. - O primo de Adrien vociferou. - Acha que eu saí com ela porque a achei bonita e só depois notei a aliança? Eu vi o jeito como ela mexia na droga do anel quando se dirigia ao Adrien para que ele não se afastasse e em como ela estava doida pra pôr as mãos nos seus brincos. Ela não me engana, e ela não vai estar em um cemitério. - Ele se virou para os Kwamis. - Podem riscar.

Ela se deu por vencida e desceu do sofá, indo em direção a Adrien. O garoto sentiu o coração acelerar quando ela chegou perto dele.

- Ele sempre foi um sabe-tudo? - Cochichou.

- Um pouquinho. - Adrien riu. - Mas não se preocupe. Se ele diz que sabe, sabe mesmo.

A azulada revirou os olhos e começou a examinar o grande mapa novamente. Adrien achou que ela ficava uma graça concentrada daquele jeito, mas manteve o pensamento para si.

- Não temos muito o que fazer aqui. - Ela falou. - Olha o tamanho da cidade! E se ela akumatizar alguém antes de a encontrarmos?

Plagg flutuou até o rosto da Dupain-Cheng com uma expressão destemida.

- Aí eu dou um cataclismo nela!

- Desde que você não destrua mais nada, tudo bem por mim.

O jovem Agreste riu sozinho da maneira como aquela criaturinha e Marinette poderiam destruir a cidade sem querer se Plagg fosse o Kwami dela, e não o seu. Essa dupla acabaria dominando o mundo, e Adrien agradeceu pelo miraculous de Mari serem brincos da joaninha, e não o anel da destruição.

Ele examinou aquele papel gigante com toda Paris desenhada. Sem pontes ou cemitérios. Jardins também pareciam um pouco fora de questão. Isso deixava museus, castelos e talvez igrejas na lista.

- Tem certeza de que deveríamos riscar Notre Dame? - Adrien ponderou.

Foi a vez de Duusuu falar.

- Podemos circular com outra cor para separar!

A pequena Kwami Pavão passou por Tikki, que estava quieta demais, para pegar um marcador amarelo. O loiro não conhecia a Kwami de Marinette, e ela tinha ficado quieta durante a noite em que o garoto e Ladybug revelaram suas identidades, então talvez aquele fosse seu comportamento normal.

A única coisa que o impedia de pensar assim era que a criatura nem mesmo falava com sua portadora. Adrien não sabia quem estava brava com quem, mas a situação não parecia boa.

- Circule o Palácio de Versalhes de amarelo, Duusuu. - Felix pediu. - Seria inteligente se esconder lá. Levaria muito tempo para buscar pelo palácio inteiro, e Lila ainda poderia mudar de lugar na parte de dentro. É o que eu escolheria se tivesse que me esconder.

O primo de Adrien se assemelhava uma criança brincando de rei daquele jeito tão focado em achar o lugar certo em cima de um sofá. Parecia que só faltava a coroa de papel.

O loiro francês aproveitou a distração dele e puxou Marinette para um canto. A cara dela não estava boa, e não parecia que era só preocupação por causa de Crisallida.

- Você não parece bem.

A pequena garota azulada deu de ombros.

- Só... preocupada. - Ele não respondeu, o que fez com que Mari continuasse a falar. - A Tikki quer levar meu miraculous de volta pra minha mãe. Ela diz que é o certo a se fazer, e que isso tudo é arriscado demais.

- Mas é esse risco que vai fazer com que tudo seja concertado.

- Foi o que eu disse pra ela!

O menino de olhos verdes pensou um pouco. Não parecia que a Kwami vermelha e a Dupain-Cheng tinham uma relação muito boa, ao contrário dele mesmo e Plagg. Embora sua amizade tenha sido meio forçada por Lila, a criatura preta e Adrien se davam bem. Adrien não achava que Mari tivesse tido a mesma sorte com Tikki.

- Ela não pode tirar os brincos contra a sua vontade, certo?

Ela fez que não.

- Então tudo ótimo. Nós vamos deter a Crisallida, fazer os miraculous serem liberados de novo e tudo vai ficar bem!

Um sorriso pequeno se abriu na face de Marinette. Ela fitou Adrien por alguns segundos, mas o contato visual foi quebrado pelo garoto. Ele a amava, disso não tinha dúvidas. Mas tudo era diferente agora. O amor dele pela Dupain-Cheng só tinha aumentado depois de descobrir que ela era Ladybug. Adrien já não tinha certeza do amor dela por ele.

Por essa razão o loiro se afastou um pouco em reflexo, causando um olhar preocupado por parte da azulada.

- Tudo bem, Adrien?

- Tudo! Sim, sim! Tuuudo certo.

Ele fazia alguns gestos estranhos com as mãos enquanto tentava se explicar, e acabou arrancando uma risada de Marinette. Ah, como ele amava a risada dela.

A menina estava prestes a dizer alguma coisa quando Felix interrompeu.

- Vocês vão ficar namorando aí ou vão vir me ajudar?

Aí a risada da garota aumentou de vez. Ela se dirigiu a um outro canto do mapa, sendo seguida por Adrien, que sentia como se estivesse sendo puxado por ela, como um ímã.

- Não se preocupe. - Ele debochou. - Ele só está assim porquê queria que a Kagami estivesse aqui.

- Ei! - O primo inglês protestou.

Mari não conseguia parar de rir.

- Você não discordou!

- Para de rir, Marinette! - Felix tornou a reclamar.

- Não dá!

A visão daquele quarto... Felix ajudando Adrien, a garota dos sonhos do Agreste conversando com ele normalmente, sem rejeitá-lo ou olhá-lo com repulsa... Encheu o coração dele de alegria. Quer Marinette o amasse ou não, ela estava ali, certo? Eles podiam não saber onde Crisallida estava, mas Adrien tinha certeza de que, com um trio daqueles, podiam fazer qualquer coisa.

Eram invencíveis.

A Queda de LadybugOnde histórias criam vida. Descubra agora