Capitulo 1 : O coração.

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                          POV: JM

Em algum lugar do universo, existe uma pessoa que é 100% compatível comigo. O problema é encontrar alguém em meio a 8 bilhões de pessoas que vivem somente no planeta terra.

Não é como se eu fosse pessimista, é que ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, eu não tinha tanto tempo assim para procurar.

Mas eu o encontrei.

...

Desde os meus 8 anos de idade, eu já sabia o que eu queria ser, um cantor de sucesso.

Mas meu sonho foi interrompido pelo meu coração...
Irônico, né? Mas deixa eu lhe explicar melhor, eu descobri que tenho Insuficiência cardíaca.

É uma síndrome clínica caracterizada pela incapacidade do coração de atuar adequadamente como bomba, quer seja por déficit de contração ou de relaxamento, comprometendo o funcionamento do organismo, e quando não tratada adequadamente, reduzindo a qualidade de vida e a sobrevida.

E como cantar poderia piorar a situação da minha respiração, eu resolvi simplesmente abandonar essa vontade do Jimin de oito anos que habita até hoje em mim, e, aceitar essa condição na qual estou alocado hoje...

O que mais eu posso dizer? O jeito é ir levando e esperar que o meu coração não pare de vez.

...

Passo meus dedos pelo contorno do desenho de Stella, um coração feito a partir de um mar de flores.

Pétalas florescem de cada extremidade em uma explosão de rosa-claro, branco e um azul mesclado, mas, de alguma forma, cada uma tem uma singularidade, uma vibração que indica que florescerá para sempre.

Algumas nem floresceram ainda, mas consigo sentir a promessa de vida pulsando dentro de cada um dos pequenos botões, esperando para se desdobrar sob o peso do meu dedo.

Isso me conforta.
São as minhas favoritas.

Stella é uma das crianças que conheci quando comecei a trabalhar no hospital da cidade de Seul. Logo após descobri que o meu caso estava complicando a cada dia mais, eu decidi estudar medicina e me formar no ramo, eu queria ter certeza de que teria algo que pudesse me salvar. E eu descobri.

A única coisa que realmente poderia me dar uma vida saudável e sem preocupações seria se eu fizesse um transplante de coração. Eu até me inscrevi para a fila de espera, mas no fundo já estava me preparando para o pior...

Eu me pergunto com bastante frequência, como deve ser a sensação de ter o coração tão saudável.
Tão vivo.

Respiro fundo, sentindo o ar entrando e saindo do meu corpo recebendo uma pontada no peito.

Ao percorrer a última pétala da última flor, minha mão desce pelo desenho, meus dedos dedilham o céu estrelado e cada pontinho de luz que Stella fez na tentativa de capturar o infinito.

Com uma tachinha em mãos, penduro o desenho antes de voltar a me sentar na cama, pego a minha prancheta, lápis da mesa ao lado da cabeceira e me ajeito confortável no acolchoado.

Meus olhos percorrem a longa lista de tarefas que fiz para mim mesmo hoje de manhã, começando com:

- 1. "Acordar vivo", o que já risquei com satisfação e terminando com 22.
- 22. "Fazer o exame diário do coração para ver se tive melhoras."

Você deve estar pensando que o número 22 seja um pouco ambicioso para uma tarde de sexta-feira, agitada, mas pelo menos agora posso arriscar o 17. - 17. "ir ao pula-pula com as crianças!!!"

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