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"Sinto muito pela sua perda. Eu também o perdi, acredite em mim. Talvez você não me conheça, mas saiba que seus olhos são iguais.

-V.C"

Fazia uma semana que Hong Yu-Chan, pai de Hong Cha-Young, faleceu. Para a mulher, aquilo não passou de uma grande queima de arquivo. Seu pai estava lutando contra os corruptos do governo sul-coreano, ele era um advogado justo.

Era.

Então, após um tribunal, o homem saiu, decidido a voltar para casa e comemorar com sua única filha e com a lembrança viva de sua falecida esposa. Ambos se entendiam, ainda que fossem orgulhosos, faziam de tudo para manter a paz na casa.

E então, seu carro foi jogado colina a baixo por um caminhão. Morte imediata.

Cha-Young também era advogada e nessa última semana tentou lutar para os policiais não arquivarem o caso. Mas que prova ela tinha para dizer que não havia sido suicídio, assim como eles alegaram?

Suspirou, limpando a lágrima solitária que caiu de seus olhos e então deixou o buquê de rosas brancas no túmulo de seu pai, junto de uma foto deles quando mais novos. E rapidamente, caminhou para longe, até que uma súbita vontade de olhar para trás a atingiu e então ela se virou. Apenas um homem, todo de preto, caminhando próximo ao túmulo de seu pai com um buquê de rosas brancas nas mãos. Era apenas coincidência, não?

Logo saiu de lá.

Quando entrou no carro e começou a dirigir para sua casa, a música Spring Day - BTS começou a tocar na rádio local, logo fazendo-a desligar o aparelho. Suspirou cansada enquanto tentava tirar o foco dos pensamentos. Chorar não ia levá-la à lugar nenhum, mas a justiça ia. Vingança também, talvez.

"Como você está, Srta. Hong? Já faz uma semana. Qualquer coisa, pode me procurar.

-V.C"

— Como eu vou te procurar se eu nem sei quem é você, idiota? -A mulher resmungou, encarando a carta com belas letras cursivas de tinta preta no papel pardo.-

Havia acabado de chegar no escritório, após passar em casa para se lavar, decidida a ir trabalhar. Ali era o seu ponto de paz, ainda que sempre ficava em êxtase com os casos. Então, mesmo após uma semana da morte dele, ela decidiu não parar, isso a deixava senti-lo perto de si.

— É de novo aquele senhor? -Perguntou Sr.Nam, assistente jurídico da coreana.-

— Sim. -Suspirou.- Ele me mandou uma carta no dia do enterro e agora essa.

— Ele não é um parceiro de seu pai? Tem certeza que não conhece ninguém com a sigla V.C?

— Tenho! -Pegou sua caneta de coelho e ficou balançando no ar.- Ou será que é um pseudônimo? Não sei. Talvez seja alguém que está brincando comigo. -Revirou os olhos.- Vamos deixar isso de lado, mãos ao trabalho!

Mas antes que eles pudessem começar a trabalhar, o computador da empresa apitou, avisando a chegada de um e-mail.

Semanas atrás, eles anunciaram que precisavam de um novo advogado júnior para ajudar a advocacia com os processos, o remetente era Park Joo-Hyung.

Mᴇssᴀɢɢɪ - short-fic.Onde histórias criam vida. Descubra agora