Por incrível que pareça minhas duas avós se chamam Maria, uma Maria das Graças com o apelido de "Gracinha" e a outra "Mariinha". Dessa vez vou falar sobre a casa que eu conheço desde pequena e que junto histórias de diferentes épocas. A da Mariinha.
Ela é mãe do meu pai, que junto com os irmãos ajudaram a construir ou melhor algumas partes da casa. Atualmente, moram juntos minha avó, minha tia Tininha e meus outros dois tios Lilinho e Pedrinho.
Vou começar pela entrada. No terreno mais baixo da casa existe uma varanda com grade e portão de ferro, uma sinuca comprada por um de meus tios, que rende muitos encontros familiares. Neste mesmo lugar, existe um pequeno cômodo ligado a casa, antes, um bar. Um bar que meu avô tocou por anos, infelizmente, o lema dele praticamente era" se eu vendo uma, eu bebo uma". Sofreu por muito tempo de cirrose, uma doença horrível.
Me lembro que todos os dias de manhã, meu avô acordava as cinco e ligava a rádio na AM, cantava todas as músicas antigas que tocavam e acordava a todos da casa. Lembro que muitas das vezes minha avó abaixava e dizia "as meninas estão dormindo Pedro". Me lembro que este bar era pequeno com um balcão para doces e pão, uma estufa para pastel de vento e um frízer. Uma prateleira com inúmeras garrafas das mais diversas bebidas alcoólicas. Na parede direita havia um painel de preço, com aquelas letrinhas de formar palavras, a maioria faltava e nunca tinha realmente algo escrito.
Nos fundos deste cômodo, existe a cozinha do bar. Um balcão com um cilindro de massa preso a mesa, ao lado uma pia depois um fogão. Ali era onde saiam pudins de pão, sonho, pasteis e comidas gordurentas que meu avô fazia. Meu preferido sempre vai ser o sonho, apesar de que nunca comi pastel melhor que o dele e aprendi a fazer o pudim de pão não foi à toa.
Subindo uma escada estreita a sala surge, não tenho nada demais de quando eu era pequena, mas meus tios deram seus toques a ela. Eles são músicos, logo, seus instrumentos estão em toda a parede. Desde o ukulele, violão, viola, guitarra e pandeiro, são como quadros 3D. Três sofás de 3 lugares para caber toda a família em dia de festa. Uma estante com uma tv de LED ao lado de vários vinis de Chitãozinho e Chororô, Fuscão Preto e outras relíquias antigas.
A cozinha também se modernizou, um bebedouro automático em uma mesa sai água natural ou gelada. A pia com um armário de madeira e um fogão industrial ao lado. Uma porta no meio da cozinha vai para o quarto de minha tia, que é quem cozinha e ajuda a arrumar a casa. O quarto é pequeno, com uma cama e talvez uma cômoda. Ao lado da porta ficava um armário que foi retirado, mas que reparei depois de muito tempo e que estranhei demais. Agora existe outro um pouco mais novo ao lado da porta da sala. A geladeira nova fica em uma outra parte da cozinha depois de uma mureta junto a máquina de lavar. Neste pequeno espaço uma porta de madeira leva até o quarto de minha vó, antigo quarto de meus tios. O quarto assim como o outro é pequeno, cabendo uma cama de casal, uma cômoda e um guarda-roupa. O banheiro é pequeno, escuro e úmido.
Voltando a sala, subindo outra escada estão os quartos, da minha vó e o de visita. O de visita, antes, tinha um guarda-roupa, uma cama de casal e uma de solteiro. Agora, é o quarto dos meus tios, um beliche e um armário. No outro quarto, antigo de minha vó agora é o quarto de visita com uma cama de solteiro e um computador de mesa dos meus tios.
Do lado de fora da casa, em cima da varanda, fizeram uma área com dois cômodos. Um aberto para pendurar roupa e outro com os fornos do meu avô. Saindo por uma porta na sala, segue um corredor cheio das mais diversas plantas até chegar no tanque de roupa. Um pouco a frente entrando em um espaço com varanda de telha de amianto fica o fogão a lenha onde minha tia acende sempre que vai fazer feijão. Lá é o berço para muitos animais peçonhentos, roedores e gambas, pois a pilhas e pilhas de lenhas. Neste local, ficavam as cocotas que minha vó resgatou no mato, mas que já se foram. Subindo a escada do lado de fora tem o pomar na mesma elevação do telhado da casa, com pitanga, babosa, limão, uva, chuchu e outras muitas plantas que minha avó ama.
Lembro que quando pequena apanhava limões no pé, espremia na água, colocava açúcar e dava pra todos beber. Me sentia tão feliz que conseguia fazer sozinha que virou quase um ritual, sempre que estava brincando por lá fazia minha limonada para todas as crianças.
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Desafio de Escrita
Short StoryContos com temas diferentes para poder treinar e poder escrever um pouco