A Taverna

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A porta de madeira antiga se abre lenta e ruidosamente, trazendo o vento empoeirado da estrada para dentro do recinto. A silhueta de um viajante se destaca, recortada pela luz intensa que invade aquele salão mal iluminado por algumas velas que lutam para se manter acesas contra o vento que as açoita. Rapidamente o vento e o sol saem de cena, assim que o viajante fecha a porta às pressas, se voltando em direção à bancada do taverneiro a passos lentos.

As mesas pelo caminho estão vazias, assim como a maioria das cadeiras em frente à madeira envernizada que o senhor esguio esfrega com tanta dedicação. Não há uma alma viva além dele, do senhor e do seu velho amigo, sentado em uma das cadeiras, debruçado sobre a mesa, virando mais uma garrafa de vinho antes de girar em sua direção com um sorriso largo, derramando parte do líquido sobre a bancada que o velho acabara de limpar.

- Não vê que está incomodando o nobre senhor que te serve, meu amigo? - a voz rouca do viajante destaca seu cansaço.

- Oiii Cali. A quanto tempo. Senti sua falta - ironizou o jovem beberrão.

- Perdão, Calíope. Fico feliz em te ver. Mas você deveria prestar mais atenção às consequências de seus atos.

O garoto se vira de volta à bancada e pede o pano ao senhor, limpando a poça alcoólica que se formou. O viajante se senta ao seu lado enquanto tira o sobretudo sujo e gasto, jogando-o em outra cadeira adjacente. A atmosfera é tranquila e o clima ali dentro é acolhedor, graças à lareira cujas chamas trepidam numa dança de luzes e sombras. O homem deixa os amigos conversando enquanto pega uma vela e passeia pelo lugar, acendendo novamente as velas que não suportaram o vento.

- Como vai a vida, Elior? Você queria por a conversa em dia, não é? Pois bem, eu tenho uma história incrível pra te contar....

Aquele Que Habita no AbismoOnde histórias criam vida. Descubra agora