🥈 ᴄᴏɴᴛᴏ ᴠᴇɴᴄᴇᴅᴏʀ ᴅᴏ ꜱᴇɢᴜɴᴅᴏ ʟᴜɢᴀʀ ɴᴏ ᴅᴇꜱᴀꜰɪᴏ 18 ᴅᴏ ᴘᴇʀꜰɪʟ ᴡᴀᴛᴛᴀᴘᴅꜱᴜꜱᴘᴇɴꜱᴇʟᴘ
Raquel jurou nunca mais regressar à sua aldeia natal no interior Transmontano, muito menos durante o Entrudo. Contudo, bastou receber uma chamada telefónica para mudar de i...
Um novo desafio do perfil WattpadSuspenseLP significa novo conto no meu perfil. Desta vez, para vos trazer um mistério durante as festividades carnavalescas, decidi recorrer às minhas raízes e a uma das figuras mais conhecidas do Carnaval português: o careto.
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Característicos de Trás-os-Montes e do Alto Douro (zona Norte de Portugal), com especial destaque para Podence, o careto é uma personagem ligada aos rituais pagãos que o povos de origem celta terão deixado por Portugal.
Tradicionalmente, homens solteiros vestem "a pele" desta personagem diabólica para, correndo pelas aldeias, amedrontar os residentes e encontrar mulheres solteiras para as chocalhar — que é como quem diz agarrá-las e, com uma dança de cintura, fazer com que os chocalhos que trazem batam nelas. Simbolicamente, este ritual é uma analogia à chegada da primavera e da fertilidade. Assim como a figura do careto "insemina" a mulher que ele chocalha, também as sementes que serão plantadas por esta altura deverão germinar na terra.
Hoje, a festa conta com caretos de idade e estado civil variado, não sendo já exclusiva de rapazes solteiros. Há até participação dos mais pequenos, a que chamam de facanitos, e de raparigas envergando fatos de careto dos pais, tios ou irmãos. A participação das raparigas é relativamente tolerada e permitida pela também relativa espontaneidade da organização das saídas dos caretos pelas ruas das aldeias. O alvo principal das investidas chocalheiras dos caretos é também mais amplo, abrangendo tanto as mulheres solteiras como as casadas, residentes, turistas ou visitantes da aldeia.
As festividades terminam na Terça-Feira Gorda, com a queima do Entrudo ou do Mascareto (uma marionete gigante de um careto), simbolizando o fim definitivo do inverno e a vontade das gentes de afastar as más energias e o Diabo das suas culturas e das suas vidas. Em alguns pontos do país, há ainda a saída às ruas do Diabo, da Morte e da Censura na quarta feira de cinzas.
A minha família não é exatamente desta zona do país, mas anda perto o suficiente para eu poder apelar às minhas raízes e escrever com isto um conto de carnaval! Têm na mídia um pequeno vídeo que explica melhor porque é que os caretos (de Podence) acabaram por, há 3 ou 4 anos, virar património cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Ainda que não seja o vídeo que deu nome a este conto, é bastante completo sobre toda a temática e pode ajudar a imaginar melhor as cenas.
Espero que esta explicação seja útil para o que lerão a seguir e que gostem de estar Na pele do Diabo!
Boa leitura!
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