O dia em que Grover e Percy decidem ajudar Bessie.

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-GROVER-

 

Ser o senhor da vida selvagem às vezes era engraçado. Não é como se eu realmente me sentisse poderoso ou invencível. Na maioria das vezes, eu não me sentia mais do que um simples sátiro comum.
Eu buscava por aliados a maior parte do tempo e também ajudava no acampamento quando podia. No geral, minha vida seguia o mesmo ritmo de sempre.

Em alguns poucos momentos, o dever acabava me chamando. Receber o que Pan me deu, fez com que eu me tornasse ligado à maioria dos seres vivos. Eu os sentia quando queria. Suas alegrias, selvageria e até suas dores. Essa não era uma parte fácil, já que o desmatamento continuava a aumentar e, infelizmente eu não podia ajudar a todos.

Em certo dia, uma coisa diferente me aconteceu. Eu não me forcei a sentir nada, mas um desses seres me pediu por ajuda e eu, como um bom senhor da vida selvagem, decidi que o socorreria.
Obviamente, nem tudo acabou sendo tão simples como eu imaginava.

O Ofiotauro era um híbrido de serpente e touro capaz de destruir os deuses. Há alguns anos, pouco tempo depois de Thalia ter voltado a vida, Percy o apelidou de Bessie e nós, juntos, salvamos a vida do animal.
Infelizmente, suas condições não estavam o agradando. Então, ele me pediu por ajuda em uma madrugada.
Não me peça para explicar como isso funciona. Eu simplesmente senti que ele precisava ser ajudado.

Saí escondido, tentando fazer o mínimo de barulho. Se uma harpia acabasse me pegando, dificilmente esperaria minha explicação antes de me atacar.
Talvez não fosse uma boa ideia, mas tinha certeza que Percy iria querer ajudar o animal. Foi ele quem mais se apegou a Bessie e pediu por sua vida e, já que o mesmo estava no acampamento naquele final de semana, não vi por que não o fazer.

Bati na porte do chalé três algumas vezes antes do garoto atender. Ele estava com a cara amassada e o cabelo bagunçado. Era incrível como os humanos conseguiam crescer. Percy parecia sempre mais alto e mais forte quando davas as caras no acampamento.

Ele bocejou.
— O que foi, cara? Eu estou meio ocupado.

ele entrou para dentro do quarto e eu fiz o mesmo, fechando a porta logo em seguida.
— Bessie está com problemas.

Seu semblante mudou. Ele se virou para mim com o rosto sério.
— Não me diga que querem pegar ele de novo. O quase fim do mundo foi há muito pouco tempo.

— Não esse tipo de problema. — eu expliquei e ele relaxou mais. — Ele só parece incomodado com algo. Quero ir ver o que é.

— Quer ir até o Olimpo? — Percy perguntou surpreso.

— Bem, eu soube que você descobriu a senha. — falei.

— Annabeth me disse qual era. — ele explicou.

— Péssima ideia.

Ele estreitou os olhos para mim.
— Muito engraçado. Por que não chamou ela?

— Não quero falar para ela. Annabeth não vai concordar em irmos até lá. — disse.

Percy pareceu nervoso.
— Não gosto de esconder nada dela.

Pensei se não havia sido uma má ideia chamá-lo.
— Não vai durar nem uma noite. Vamos lá e perguntamos o que há de errado. Duvido que não seja algo simples. Talvez o cardápio do Olimpo não o agrade. — falei e o garoto pareceu ainda hesitante com a ideia. — Olha, não precisa vir comigo. Me entrega a senha e eu vou.

— Mas é claro que eu vou! — ele falou indignado. Percy odiava ser deixado de fora das coisas. Foi até seu guarda roupa, pegou um jeans e uma blusa do acampamento. — Mas se eu brigar com minha namorada por causa disso, você vai ter que se sentir responsável.

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